Capítulo 60

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13 de abril de 2026 (13:40 - Los Angeles, EUA)

Louis

Lily ainda se recusa a usar o implante e eu já não sei mais o que fazer. Por mais que eu tenha as aulas, não sou fluente, consigo entender o que ela quer, mas não consigo respondê-la. Quando a campainha toca no meio de um jogo de mímica impossível, percebo que é o momento certo para eu me livrar.

— Emma? — Não a vejo há tanto tempo. É a última pessoa que eu esperava encontrar.

— Louis, eu preciso conversar com você.

— Comigo? — Também não esperava isso. Muito menos uma abordagem tão amigável.

— É. Ei, Lily. — Ela acena para minha filha, que acena de volta.

— Ela está sem o implante.

— Oh. Desculpa. Tem alguém pra ficar com ela enquanto a gente conversa?

— Vou deixá-la com a Vic. — Vou até a cozinha, onde minha empresária está lutando para resolver conflito de agenda e datas de entrevistas.

Coloco Lily sentada perto dela, apenas faço sinal pedindo que ela vigie a menina e deixo um papel e uma caneta na mão dela. Deve ser o suficiente para ela ficar distraída.

— Antes de tudo, eu não vim aqui pra brigar. — Emma fala assim que eu volto para a sala. — Eu só quero conversar mesmo.

— É sobre a Alice.

— É. E sobre a Lily. Louis, todo mundo sabe que tendo o James, você tem muito mais chance de conseguir a guarda da Lily. Nós sabemos os métodos dele e são muito bons. — Começo a sorrir, mas ela me corta. — Não, não sorri assim, eu não estou falando isso pra te parabenizar. — Fico sério com a bronca e me sinto uma criança.

— Vai direto ao ponto.

— Deixa eu levar a Lily pra ficar com a Alice nesses últimos dias. Não dá pra saber o que vai acontecer depois e a última coisa que você quer é uma criança revoltada.

— Não. Ela está se adaptando bem aqui, Emma. Se ela voltar pra mãe e depois ter que ficar comigo, vai ser um inferno.

— Inferno vai ser se ela não tiver mais uma mãe pra ela ligar e cuidar dela, Louis. — Me assusto com essa frase.

— Do que você está falando?

— Eu prometi que não falaria disso, mas eu não posso ficar quieta. Alice está definhando. Ela não come direito, não conversa com a gente. Praticamente só sai da cama pra falar com a advogada. Se continuar assim, vai ficar doente. — Eu sabia que não ia ser fácil, mas não imaginei que ela ficaria assim.

— Não é problema meu, Emma.

— É sim. Se alguma coisa acontecer com ela, a culpa vai ser completamente sua. — Sei que sim. Já me sinto culpado antes mesmo de tudo piorar. — Louis, ela passou por muita coisa com você, tem medo de que você esteja fazendo mal pra Lily também.

— Eu nunca machucaria minha filha.

— Então mostra isso pra ela. Mostra que você também quer o melhor pra Lily. Deixa eu levar a menina pra passar esses dias com ela.

— Você não está inventando isso tudo, né? — Não consigo não pensar nessa possibilidade.

— Você acha que Alice deixaria eu inventar isso tudo? Ela nem sabe que eu estou aqui, Louis. — Isso faz sentido.

— Se eu conseguir a guarda da Lily? Como fica? Alice vai ter que voltar pra Alemanha e vai ser ainda pior. — Não sei se ela consegue perceber, mas estou preocupado de verdade. E ao mesmo tempo fico com uma certa esperança dela voltar a viver aqui.

— Vai ser menos pior se ela tiver uma garantia de que você não está fazendo mal pra filha dela. Se ela souber que você se preocupa de verdade com essa menina. Talvez ela fique mais aliviada, menos preocupada. — Respiro fundo e concordo. Emma não inventaria algo assim, muito menos conseguiria manter a seriedade tão bem.

— Vou arrumar as coisas dela.

— Vou avisar o James. Obrigada, Louis.

— É pela Lily. — E pela Alice, mas meu orgulho não me permite admitir.

— Eu sei.

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