Capítulo 42

16 4 59
                                    

23 de março de 2026 (22:40 - Los Angeles, EUA)

Louis

Assim que chegamos em casa, percebo que minhas broncas nem começaram ainda. Victória, Emma e Hope me esperam. Uma com a cara mais fechada que a outra. Lily está chorando no meu colo e isso faz com que elas me olhem ainda pior e algo me diz que não vai ser tão fácil contornar a situação aqui.

— Tia Hope. — Ela pula para o colo da minha assessora. — Agora você vai me levar pra minha mamãe?

— Ei estrelinha, lembra da tia Emma? — Ela esfrega os olhos.

— Lembro.

— Ela vai te levar pra tomar um banho, comer alguma coisa e ficar quentinha, pode ser?

— Mas eu quero a minha mãe. — Recebo um olhar ameaçador de Emma e Victoria.

— Eu sei, meu amor, você vai ver a sua mamãe. — Ela vai? — Agora vai com a Emma, daqui a pouco eu vou te ver.

— Tá. — Emma vai para o segundo andar com Lily e assim que sai do nosso campo de visão, Hope praticamente pula em cima de mim.

— Seu idiota, irresponsável, maluco. — Ela me bate enquanto me xinga baixo, provavelmente com medo da Lily escutar.

— Ai, ai, alguém me ajuda. — Tento segurar suas mãos, mas ela é rápida e continua me batendo.

— Seu desgraçado, eu vou te bater até você ficar roxo igual você deixou a Alice. Eu vou te bater até você desmaiar seu imbecil.

— Alguém tira ela de cima de mim!

— Eu vou te matar, Louis. Você não abre a boca perto de mim, você nunca mais chega perto de mim. Eu só tô aqui agora por causa da Lily, entendeu? — Finalmente James a tira de perto de mim e eu sinto meu braço dolorido. Como pode ser tão magrinha e ter tanta força?

— Hope, se acalma. — Vic pede, mas é em vão.

— Eu não vou me acalmar. Ele atravessou o oceano pra infernizar a Alice. Chegou achando que mandava em alguma coisa e só fez besteira desde o primeiro dia.

— Gritar com ele não vai adiantar nada.

— Por quê vocês só brigam comigo? — Finalmente tento me defender. — Quando ela fugiu com minha filha na barriga ninguém falou nada. Ela merece isso, você pode achar que não, mas merece sim. Eu sofri por anos e ela lá, aproveitando a vida. — Descarrego tudo que tenho guardado há dias e recebo um tapa na bochecha esquerda.

— Isso, é pelo que você acabou de falar.

— Hope... — Vic tenta, mas recebo outro. Dessa vez sinto o lado direito do meu rosto ardendo.

— Esse é pelo que você fez com ela na Alemanha. Você tem noção do que fez com ela? Você parou pra pensar em algum momento? Não! Você é um idiota, egoísta, egocêntrico. Você só pensa em você. — Ela começa a me bater outra vez, mas finalmente consigo pará-la.

— Não! Ela só pensa nela!

— Cala a boca. Louis, eu vou falar uma vez. Só uma. Alice vai vir pra Los Angeles, vai pegar a Lily, e as duas vão voltar juntas pra Alemanha. E você vai deixá-las em paz. — Ela só pode estar sonhando. Isso nunca vai acontecer.

— Não. Eu sou o pai dela, tenho direitos.

— Céus, eu vou fazer de tudo pra Alice prestar queixa contra você.

— Hope, espera. — Sei que Vic não aprova decisão alguma minha, mas ela ainda tem a obrigação de me defender e impedir coisas como essa de acontecerem.

— Ela tá mentindo. Alice não tem prova alguma.

— Primeiro que você tirou a Lily do país sem documentos que autorizam a saída dela de lá. Isso é sequestro. — Mas eu sou o pai dela, isso tem que contar. — Segundo que a Alice tem mais provas do que você imagina.

— Do que você tá falando? — Fico tão confuso quanto Victória.

— Ah ele não te contou? — Ela sorri debochada. — Louis bateu na Alice.

— Você fez o quê? Perdeu a noção? — James, que até agora estava calado, me repreende.

— Eu não bati nela.

— Ah claro, as marcas roxas no formato dos seus dedos nos braços dela são miragem. — Eu nunca soube disso, não dá nem pra saber se é mesmo verdade.

— Não foi minha culpa, ela que... — Hope me interrompe.

— Ela nada! Não ouse culpar a Alice pelos seus erros, pelo que você fez.

— Tanto faz, se fosse pra me denunciar, ela já tinha feito.

— Isso não depende só dela. Não mais. — Não me abalo com as ameaças, Alice nunca vai levar isso adiante. — Eu não vou...

— Hope, ajuda aqui! — O grito de Emma chama nossa atenção.

— Lily. — Hope fala e corre para o segundo andar, sendo seguida por mim e Vic. — O que aconteceu?

— Ela começou a vomitar sem parar.

— O que você fez com ela? — Hope volta a tentar me encurralar.

— N-nada.

— Hospital agora então. — É minha empresária quem sugere e eu entro em pânico. E se...

— Não! — Todos me encaram e eu tento contornar a situação. — Ela vai ficar bem, deve ser só o estresse, né?

— Louis, ela pode estar mal de verdade. É melhor a gente ir pro hospital. — Emma sugere.

— Não!

— O que você fez? — Vic me conhece bem demais. — Fala logo ou então eu levo a menina e descubro.

— Eu... espera. Eu preciso...

— Precisa de nada. Fala logo. — Hope se aproxima de mim mais uma vez. — É sua filha ali vomitando água porque não tem mais nada no estômago, Louis. — Olho para a garotinha apoiada no vaso sanitário e quero sumir. O que foi que eu fiz? — Fala logo!

— Quais as reações adversas pra superdosagem de anti alérgico?

— Você é pior do que eu imaginava, seu idiota, agora chega, eu não vou ficar quieta! — Mais uma vez ela vem para cima de mim, me batendo.

— Hope, Hope. Calma.

— Eu não pensei nisso na hora, achei que fosse melhor se ela dormisse na viagem...

— Você nunca pensa em nada. Como eu vou contar isso pra Alice? Me responde? — Ela quase grita e eu reparo que Lily está sem o implante. Deve ter tirado pra tomar banho e ainda não colocou outra vez.

— Não conta.

— Não existe essa possibilidade, Vic. Você me desculpa, mas eu não consigo ser imparcial.

— Eu entendo, mas continuar batendo nele não vai adiantar nada. — Hope me encara e Vic suspira. Ela está tentando encontrar uma solução. — Vamos fazer o seguinte, você e a Emma ficam cuidando da Lily, conta pra Alice que ela chegou, o que achar que deve, mas tranquiliza ela, fala que a Lily já está bem.

— E eu? — Também quero ficar com a Lily, quero cuidar dela.

— Você fica o mais longe possível dessa menina. Amanhã cedo eu e o James estaremos aqui pra conversar. Temos muitos problemas pra resolver, Louis. E a situação não está nada boa pra você. — Quero contestar, mas resolvo obedecer pelo menos dessa vez.

— Ok.

— Se ela piorar, não conseguir comer, continuar vomitando, der febre ou algo a mais, é hospital. — Ameaço falar alguma coisa mas ela logo me corta. — Você vai lidar com as consequências dos seus atos.

— Ok.

One More SummerOnde histórias criam vida. Descubra agora