Capítulo 30

13 4 1
                                    

20 de março de 2026 (16:40 - Cochem, Alemanha)

Louis

Resolvi fazer uma surpresa para Lily hoje. Não a vi ontem e já senti falta daquela risada. Como isso é possível? Cheguei na porta da escola no horário que eu imaginei que ela sairia, mas mesmo depois de todas as crianças serem levadas, não a vi. Será que ela não veio hoje? De qualquer forma, tomei a liberdade de entrar e ir até a sala que eu sabia que ela estudava.

— Papai! — Ela logo correu e me abraçou. Vi que ela estava sozinha, mas tinha uma bolsa em cima da mesa e um caderno aberto. — Você veio. Você não foi me ver ontem, fiquei com saudade.

— Desculpa, baixinha. Também fiquei com saudade. — Ganhei outro abraço, esse, ainda mais apertado.

— Achei que você tinha ido embora.

— Eu não iria embora sem me despedir.

— Olha, eu fiz pra você. — Ela correu até a mochila e tirou uma folha de dentro. Ganhar desenhos tinha virado rotina e confesso que agora era meu presente preferido.

— Pra mim?

— É. Essa aqui sou eu, essa é a mamãe na nossa casa. Esse aqui é você na sua casa.

— E o que é isso aqui? — Apontei para um canto na minha casa cheio de desenhos indecifráveis.

— O meu quarto lindo que eu vou ter na sua casa.

— E como é esse quarto lindo? — Aproveito a deixa para já saber como eu devo pedir para arrumarem.

— É uma cama que tem um escorregador, igual da minha amiga. — Já vi uma dessas em algum lugar. — E tem um monte de brinquedos, fantasias, livros de colorir.

— E que cor seria seu quarto?

— Não sei... pode ser uma parede de cada cor?

— Pode sim, o quarto é seu, pode ser do jeitinho que você quiser.

— Então eu quero uma rosa, rosa clarinho sabe? Outra eu quero lilás. Eu quero uma amarela. E a última... pode ser uma toda branca pra eu poder desenhar nela? — Não sei de onde ela tirou essas ideias, mas faço questão de atender cada um dos pedidos dela.

— Amei essa ideia, baixinha. Eu vou poder desenhar nela também?

— Vai.

— Lily, sua mãe já... ah, oi. — A mesma professora que eu conheci no outro dia aparece, mas nada me ajuda a lembrar o nome dela.

— Oi. Desculpa ter entrado assim, eu queria ver a Lily.

— Sem problemas, já nos conhecemos. Fique à vontade. Alice logo chega para buscá-la. — Fiquei curioso com isso, mas decidi que era melhor perguntar para Lily, assim que a professora se sentou na mesa e se distraiu.

— Você sempre fica aqui até mais tarde?

— Não. É só o tempo da mamãe vim do prédio dos alunos grandes.

— Ah sim. E demora muito?

— Não. A professora fica comigo até ela chegar. — Menos mal. Ela não fica mesmo sozinha.

— Você tem dever de casa de inglês hoje? — Pergunto em um impulso, eu devo estar doido.

— Tem. — Me ferrei. Ainda bem que a professora está aqui e pode me ajudar se eu precisar de socorro.

— Quer adiantar? Aí a gente ganha mais tempo pra brincar na sua casa.

— Tá bom. — Ela concordou tão rápido que quando notei, ela já tinha o material na mesa e a professora tentava conter um sorriso, sem olhar para nós dois.

One More SummerOnde histórias criam vida. Descubra agora