Capítulo 56

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30 de março de 2026 (18:40 - Los Angeles, EUA)

Alice

Desde o incidente da reação alérgica, Louis não deu sinal de vida. James apareceu no hospital, falou alguma coisa com ele e Lily voltou comigo. Sei que ela sente falta dele, de estar na Alemanha, da escola, mas não quer falar. Ela tem isso de mim, não fala pra não sofrer ainda mais. Mesmo assim, não consigo não ficar feliz por finalmente ter uns dias de paz.

— Eu atendo. — Falo quando a campainha toca. — Deve ser a... Emma. — Definitivamente, não é a Emma. — Oi James, e Louis. — Falo e me afasto dos dois.

— Papai! — Lily vem até nós, mas eu a seguro antes que ela chegue perto deles.

— Oi baixinha.

— Ela tá sem o implante. — Falo e dou um sorriso forçado. Para a minha surpresa, Louis sinaliza, corretamente, o que disse. Lily sorri e eu a pego no colo.

— É melhor assim. — James diz e entra na casa. Nesse momento, Hope e Kiera já estão presentes no cômodo também. — Alice, a audiência da guarda foi marcada para o dia cinco de maio. — Mas já? Só temos um mês. — E até lá o juiz determinou que a Lily deve ficar com o Louis. — Ele fala e abaixa a cabeça. Sei que não gosta nem um pouco dessa história toda, só está fazendo seu trabalho.

— Não! Por quê? Ele não está nos documentos dela, nada tem valor ainda. — Me surpreendo quando Louis permanece quieto.

— Alice, você precisa entregar a menina.

— E se ela não entregar? — Hope se aproxima e eu me afasto, com Lily no colo.

— As coisas se complicam pra ela. Louis pode provar que a Alice não o deixa ver a filha, lembra o que a advogada disse. — Kiera vem até mim e eu me lembro sim que eu não posso complicar as coisas, mas isso é demais.

— Alice, me entrega a minha filha. — Louis tenta chegar até mim, mas minhas amigas se colocam no seu caminho e ele desiste.

— Não! Eu não vou ficar longe dela. Não vou deixá-la sozinha com você.

— Alice, ela não vai estar sozinha. Vic se organizou e vai ficar na casa do Louis até o dia marcado. — As palavras de James deviam me tranquilizar, mas não adiantam muita coisa.

—Tem alguma forma de reverter isso?

— Só com o Louis cedendo e aceitando que a Lily fique aqui. — Isso não vai acontecer, eu sei que não.

— E eu não vou fazer isso.

— Louis, por favor. — Praticamente imploro. É inútil.

— Não, Alice. Me dá a menina! — Ele consegue passar por Hope e fica na minha frente, enquanto eu me afasto. Lily está com a cabeça deitada em meu ombro e mesmo percebendo a movimentação, não questiona.

— Não!

— Alice, eu sinto muito, mas se você não entregá-la, eu... eu sou obrigado a chamar a polícia. — Ele não quer isso, eu também não.

— Alice, é melhor ceder, pra não complicar tudo. — Kiera tenta me acalmar. Eu sei que ela está certa.

— Eu vou poder vê-la?

— Eu sinto muito, mas só se o Louis concordar com a visita. — Sinto o peso das palavras de James e do sorriso de Louis logo depois. Eu não vou ver minha filha tão cedo.

— Vou pegar as coisas dela. — Hope suspira e vai até o quarto, sabendo que é o que precisamos fazer. Kiera me entrega o implante de Lily, eu coloco nela e me sento no sofá, para explicar a situação.

— Estrelinha, você ficou um tempão com a mamãe, agora vai ficar um tempinho com o papai, tá?

— Você vai também? — Louis nos observa sério e James se afasta um pouco.

— Eu não posso, meu amor.

— A tia Hope vai?

— Não. — Kiera responde pela namorada e minha filha me encara assustada.

— Filha, seu pai só quer te conhecer um pouquinho melhor, é rapidinho. — Minto. Já menti tantas vezes que ela deve estar se acostumando. Não existe forma mais fácil de convencê-la a ir sem fazer um escândalo.

— Mas ele já me conhece.

— Lily, vai ser rápido, filha. Você sempre quis conhecer seu pai, agora que ele está aqui, você precisa aproveitar.

— Mas eu quero morar com você. — James olha para Louis, que continua sério, apenas nos observando.

— Eu sei, eu também quero você morando comigo. Vou te explicar. — Não tem como continuar escondendo isso dela. Queria evitar que ela sofresse antes da hora, assim como eu estou sofrendo, mas é melhor prepará-la.

— O que foi?

— Seu papai te ama muito, igual a mamãe, por isso, ele também quer você morando com ele.

— Mas eu sempre morei com você. — Pra ela é óbvio. As coisas não podem mudar assim.

— Filha, calma. Esses dias você vai ver que também é legal morar com o papai. — Consigo perceber a surpresa no olhar de Louis e James ainda mais desconfortável. Ele sabe que não estou segura para a audiência. Todos sabem.

— Eu vou ficar longe de você pra sempre?

— Não, meu amor, nunca. — Mesmo que ela fique com o Louis, eu vou dar um jeito de estar sempre presente. De uma forma ou de outra. — Vai ter um dia, que um moço muito sério vai conversar com a gente e ele que vai decidir onde você vai morar.

— Mas eu quero decidir, eu quero ficar com você. — Louis se mexe, impaciente. Só espero que ele não faça com ela o mesmo que fez comigo quando se irritou.

— Lily, não é assim. Não pode ser você. Não se preocupa que esse moço é muito inteligente e vai escolher o melhor lugar pra você.

— Então ele vai escolher você, né? — Quero chorar. Ela não deveria estar passando por isso, não era pra ela estar sofrendo tanto. Eu nunca deveria ter guardado esse segredo.

— Não dá pra saber ainda, filha. A casa do seu papai também é muito boa e ele te ama muito também.

— Eu quero você, só você. — Ela me abraça apertado e eu sinto que não vou conseguir ficar de pé outra vez.

— Alice, nós temos que ir. — Louis é direto e sério. Lily o encara assustada.

— Estrelinha, vai com o papai, logo a gente se encontra outra vez.

— Mas mãe... — Ela faz bico para chorar e vejo seus olhinhos enchendo de lágrimas. Olho para Louis e me pergunto como ele pode fazer isso com a própria filha.

— Não, não precisa chorar, o papai é uma pessoa legal. Lembra quando eu disse que nós vamos estar juntas pra sempre?

— Aqui né? — Ela coloca a mão no coração e eu dou um sorriso. Falei isso na noite que ela teve o pesadelo, que ela repetiu várias e várias vezes que queria ficar pra sempre grudadinha em mim. Ela sabia.

— Isso mesmo. Lily, eu vou estar sempre do seu lado, sempre pensando em você. — Louis segura a mão dela e os dois andam até a porta. — Tchau, minha estrelinha.

— Tchau, minha mamãe. — Ela respira fundo, junto comigo. Uma tentando ser forte pela outra.

— Até depois.

— Até depois.

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