Capítulo 83

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18 de maio de 2026 (17:50 - Los Angeles, EUA)

Louis

Odeio ter que passar o dia inteiro na gravadora desse jeito. Óbvio que gosto de fazer música, mas quando eu só tenho reuniões é insuportável. Eu só quero ir pra casa, tomar um banho e descansar, mas assim que saio do prédio, vejo minha irmã. Isso não é muito bom.

— Oi, o que houve? — Pergunto assim que me aproximo. Estou doido pra entrar no meu carro e ir pra casa.

— Bom te ver também, irmãozinho.

— Você já pode parar de me chamar assim. — Há anos eu peço isso e ela nunca cede.

— Nunca.

— O que você está fazendo aqui?

— Não posso querer te ver? — Se quisesse me ver, ia pra minha casa, não fazer vigia na porta do meu trabalho.

— É seu dia de folga que eu sei. Você some no seu dia de folga.

— Por que você não está trabalhando de casa?

— Porque na minha casa eu tenho um estúdio, não uma sala de reuniões.

— Fui lá hoje. Passei o dia com Lily. — Agora eu começo a entender o que ela quer, mas vou me fazer de desentendido.

— E como ela está?

— Bem. Mas ela sente sua falta. — É, não é a primeira vez que eu ouço isso e acho que não vai ser a última.

— Eu fico em casa quase todo dia.

— Pois é, mas ela me contou que você vive trabalhando, mesmo quando está em casa. E que história é essa da menina não estar matriculada na escola, Louis?

— Hope mandou você. — Ela não precisa falar nada pra eu saber que é a verdade.

— E o que isso importa? Louis, se descobrem isso você vai ter problemas, pergunta pro James.

— Lucy, eu sei o que estou fazendo. O ano escolar acaba no final do mês, de que ia adiantar matricular a menina agora? — Não faz sentido nenhum.

— Ela precisava estar estudando. Mesmo que por um mês só.

— Lucy, não coloca mais coisa na minha cabeça. Eu já tive um dia cheio.

— Pois se prepara, porque eu prometi pra sua filha que você ia brincar com ela quando chegasse em casa hoje. — Ela está maluca?

— Por que você fez isso?

— Porque ela sente sua falta, Louis. Você tirou a menina da mãe dizendo que queria um tempo com ela, mas mal fica com ela. — Isso não é verdade. Elas estão exagerando.

— Eu estou cansado.

— Eu também, mas nem por isso eu ignoro minhas responsabilidades. Você procurou isso, Louis. Você foi atrás disso, e fez da vida de todo mundo um inferno até conseguir o que queria. Agora faz por merecer e mostra que você é um pai presente e que se importa com a sua filha. Prova que não fez tudo isso só pra atingir a Alice. — A última frase me assusta e me deixa mais irritado do que eu já estava.

— Isso não tem nada a ver com a Alice! — Quase grito, chamando a atenção de algumas pessoas ao nosso redor.

— Tem tudo a ver com a Alice, você sabe que tem. Todo mundo sempre soube que você só fez o que fez pra machucá-la. Meus parabéns, você conseguiu, atingiu seu objetivo, mas não foi só ela que saiu machucada. Sua filha de cinco anos está na sua casa, esperando o pai chegar pra brincar com ela porque a mãe costumava parar o mundo pra dar atenção pra ela, porque a mãe fazia de tudo e mais um pouco por ela. E ela não está vendo o pai fazendo o mesmo. — A raiva dá lugar a angústia e eu começo a me culpar por tudo isso.

— Também não é assim.

— É assim sim. Você precisa crescer, Louis. Todo mundo sabe que não é fácil e que ninguém aprende a ser pai de um dia pro outro, mas você teve tempo o suficiente. Se você não melhorar, eu mesma dou um jeito da Lily voltar pra Alice. — Ela não pode estar falando sério.

— Você não faria isso comigo.

— Quer apostar pra ver? — Ela fala tão séria que eu me assusto. Foram poucas as vezes que ouvi minha irmã falando nesse tom, e nenhuma delas terminou bem pra outra pessoa.

— Eu vou mudar, eu prometo.

— Ninguém mais acredita nas suas promessas, Louis. Eu só acredito vendo a mudança.

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