Capítulo 74

16 4 12
                                    

07 de maio de 2026 (15:00 - Los Angeles, EUA)

Hope

Acalmar Lily foi a tarefa mais difícil que eu já tive. Ela gritou e chorou por mais de uma hora depois que Alice foi embora. Kiera precisou esconder a chave de casa porque a menina tentou fugir, querendo ir atrás da mãe. Depois de muito choro, gritaria e um sanduíche, ela finalmente começou a se acalmar. Fui até o quarto para arrumar as coisas dela e quando apareci na sala outra vez, ela estava dormindo no colo da minha namorada.

— Precisamos ir antes que ele venha buscá-la por conta própria. Vai ser mais um escândalo. — Não quero nem imaginar o caos que vai ser se ele aparecer aqui. Meus vizinhos vão ligar pra polícia.

— Vai ser um escândalo de qualquer forma. — Dylan fala e eu sou obrigada a concordar.

— Vamos.

O silêncio durou todo o caminho até a casa de Louis. Mesmo tirando o implante de Lily, o medo dela acordar perdurava, causando pânico. Ela só percebeu que Alice estava falando sério quando viu a mãe passando pela porta com as malas e isso foi um choque muito grande. Louis vai ter um belo trabalho com ela. Quando chegamos na casa dele, a quantidade de gente é absurda. Ele, Ethan, Vic, James, Lucy e pelo menos mais quatro ou cinco pessoas da produtora. O que ele tem na cabeça?

— Louis, pra que isso tudo? — Pergunto assim que passo pela porta da sala.

— Eu trabalho também, esqueceu?

— Mas sabia que Lily viria hoje. — Ele poderia muito bem ter adiado ou cancelado essa zona toda. Por que eles não estão no estúdio, como sempre?

— Hope, eu não preciso de lição de moral. Onde ela está?

— Com a K, no carro. — Decidimos que seria melhor eu tentar falar com ele antes deles se encontrarem, mas sei que não vai funcionar, já que ele segue na direção da porta. — Louis, ela tá dormindo, não acorda a menina.

— O que acha que eu sou, um monstro?

— Mais ou menos isso mesmo. — Falo baixo enquanto ele abre a porta e tenta tirá-la do colo da minha namorada.

— Não!

— O que eu faço com esse animal? — Direciono a pergunta para Victória, que até agora estava apenas observando a cena toda.

— Ajuda. — Ela fala depois de um suspiro.

— Tia Hope! Cadê minha mamãe? — Lily corre até mim, fugindo do pai. Ela agarra minhas pernas e tenta se afastar dele.

— Ei baixinha, vem com o papai. — Ela continua se afastando e ele me encara com raiva.

— Não olha pra mim, eu não tenho culpa de nada.

— Filha, você tá com fome? Vamos lá na cozinha, eu vou fazer alguma coisa pra você. — Preciso admitir que ele está tentando, mas do jeito errado.

— Tia Kiera me deu um sanduíche. Pai, fala pro moço que você deixa eu morar com a mamãe. — Ele se assusta com as palavras da filha e me encara mais uma vez. — Por favor.

— Lily, lembra o que a gente conversou? — Me abaixo, ficando da altura dela, da mesma forma que Alice sempre fez. — Não é culpa da mamãe, sua, nem do papai. Foi o moço que escolheu, não o papai.

— Eu sei. — Ela me abraça, pedindo colo. — Eu tô com saudade da mamãe, tia.

— Eu também tô, meu amor.

— Como ela está? — Vic pergunta, se aproximando novamente e minha namorada responde baixo, para que a menina não escute.

— Chorou por mais de uma hora depois que a Alice saiu. Vic, ela frequentava um terapeuta na Alemanha, por conta da transição, mas ela vai precisar de outro aqui. E não só pela transição.

— Vou cuidar disso, não se preocupa. — Não tem como não me preocupar.

— Lily, a gente vai embora agora, tá? — Kiera e Dylan tem hora, precisam trabalhar. — Vai com o papai.

— Não, eu vou com você, tia. Se a minha mãe voltar eu tenho que estar lá. — Meu coração se quebra com as palavras dela e o ódio pelo Louis aumenta cada vez mais.

— Estrelinha, sua mamãe não vai voltar agora.

— Não, tia, eu quero ficar com você.

— Será que eu posso pedir pra você ficar por uns dias? — Louis pede, sem graça. Ele fala de uma forma tão calma e doce que quase se parece com o Louis que eu conheci em 2019. Quase. — Só até ela se acostumar.

— Louis... — Eu quero, mas tenho minha vida, minha namorada, minha casa. Prometi a Alice que ia ajudá-lo, mas passar dias fora de casa não estava nos meus planos.

— Fica. — K fala e eu não consigo ter certeza de que ela está bem com isso. — Pela Lily.

— Mas e você?

— Eu sou grandinha. Ela precisa de você.

— Tem certeza? — Ela apenas suspira antes de responder. Ela não tem certeza, não gosta nem um pouco disso.

— Eu faço uma visita. Amanhã trago roupa pra você.

— Obrigada. Te amo. — Ela me dá um selinho e se junta a Dylan.

— Te amo. Se cuida.

— Você também. — Eles acenam e eu fico ali, parada no meio dos leões, com uma garotinha de cinco anos chorando no colo. 

One More SummerOnde histórias criam vida. Descubra agora