Pra minha surpresa, era a Vanessa.
Vanessa : Qual foi? Me deixou sozinha, cara! - Suspirei fundo.
Clara : Eu vim mermo. Eu tava cansada. Tu tava no bagulho bom. Eu tive que vir embora e ainda vi o pau no cu do Talibã matando duas pessoas. - Falei baixo a última parte com tom de ódio.
Ela me olhou, colocando a mão na boca, surpresa também.
Vanessa : Sério, amiga? Desculpa! De verdade. - Neguei.
Clara : A culpa não é tua! - Peguei na mão dela. - Me conta, o que rolou? - Ela riu.
A gente sentou no sofá e ela me contou tudo.
Passei umas horinhas conversando com ela. E depois ela pediu pra mim ir deixar ela até o pé do morro. Avisei pra minha mãe e fui saindo.
Vanessa : Tão abrindo mais lojinhas, bagulho bonito. - Apontou e eu assenti.
De longe, vi vários homens armados. Deixei ela no pé do morro e me despedi.
Fui voltando, e quando ia chegando na porta de casa, ouvi barulho de moto parando atrás de mim.
Talibã : Espera aí, gatinha! A gente tem bagulho pra conversar. - Respirei fundo olhando pra trás.
Clara : Eu não te conheço e a gente não tem nada pra conversar. - Ri fraca.
Talibã : Tu pode até não conhecer, mas tu viu parada demais. - Cruzou os braços.
Clara : Ta falando de quê?
Talibã : Vai ter que subir comigo. - Mexeu na cintura e eu vi a arma. - Sem escândalo! Dona Lilian vai gostar não. - Olhei pra ele que ria.
Meu coração gelou.
Clara : Me espera na esquina. Preciso falar com minha mãe. - Ele me olhou rindo.
Talibã : Sem gracinha! - Arrastou a moto.
Falei com a minha mãe e disse que ia dormir na casa da Vanessa. Ela me deu um beijo e eu me despedi da minha irmã.
Fui até a esquina e ele me esperava lá fumando um cigarro.
Clara : Não gosto de fumantes. - Ele riu.
Talibã : Problema teu. - Fumou mais e eu tossi na cara dele. - Calma aí, não é assim que funciona não, mocreia.
Clara : Qual o assunto? - Ignorei ele.
Talibã : Aqui não é o local. Sobe aí. - Bateu no banco de trás da moto.