Capítulo 3

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Clara 🌷

Nasci e me criei aqui no morro. Não dentro dele, mas no pé. Fica um pouco distante do "movimento" dos lek.

Minha mãe trabalha lá pra dentro. Ela faxina a casa de um cara gigante lá.

Eu subia as vezes para algumas festas. Mas nunca me envolvi com nenhum, tá maluco?

Eu terminei meus estudos, mas só o ensino médio. O tempo não deixou eu fazer uma faculdade e me formar. Tenho uma irmã de 10 anos e moro com a minha mãe. Só nós 3, sempre! Eu trabalhava em uma lanchonete, na praia. O dinheiro que eu ganho, serve pra pagar as contas, e o da minha mãe, pra comprar bagulho pra comer. O maluco lá até que paga bem.

Meu pai? Nunca vi. Minha mãe conta que ele não queria ter responsabilidade com nada. Aí ralou peito. Eu ligo? Não! Minha coroa vale por 10 homens.

A Lívia é adotada. Mãe dela era maluca aí do morro e não quis a cria. Minha mãe, tadinha.. pegou! E nunca reclamou. Cria ela com amor e carinho. Parada que nunca falta!

Lívia : Tu não tem que trabalhar não, Clarinha? - Apareceu na porta e eu me virei pra ela.

Clara : Tenho sim, princesa! Mas não é agora. - Ela assentiu.

Eu ficava sentada na porta, olhando o movimento.

Olho pro céu e escuto uma moto barulhenta parando na porta da minha casa.

Lílian : Obrigado, Talibã! - Desceu da moto e o maluco riu.

Olhei pra ele, que logo bateu o olho pra mim.

Me levantei e fui até minha mãe, ajudando ela nas sacolas.

Xxx : Boa tarde, gatinha! - Riu de canto e eu assenti. - Gato mordeu a língua? - Eu ri fraco.

Clara : Boa tarde, garoto. - Ignorei ele trazendo as sacolas.

Não dei muita bola, pois já sabia quem de quem se tratava.

O famoso "Talibã". O que pega e não se apega; dorme uma noite e vaza.

Já ouvi várias paradas dele. Esse maluco aí é brabo. Ta maluco de se envolver?

Entrei pra casa e escuto passos da minha mãe atrás de mim.

Lílian : Nem pense, Clara. - Olhei pra ela.

Clara : Ué, eu tô fazendo algo? - Cruzei os braços rindo.

Lílian : Não se envolva com Talibã. Ele ta com a Elen e tu sabe muito bem quem é. Não se envolva! - Repetiu lentamente a última parte e eu assenti.

A Elen? Conheço como a palma da minha mão. Sabe aqueles clichês típicos dos Estados Unidos? Então... era eu e ela.
Ela como sempre, adorando chamar a atenção, se achando a rainha de tudo e eu... não aguento nada calada.

Já saímos na porrada muitas vezes. Isso no tempo da escola, hoje em dia, vejo ela e finjo que não conheço.

Ela se envolveu com o tráfico e tá nisso.

Talibã. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora