Capítulo 26

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Clara : Onde a senhora tava? - Me virei pra ela, que me olhou rindo.

Lilian : Eu que faço as perguntas aqui. - Saiu indo pro quarto dela. - Não mexeu nas minhas coisas não, né? - Ouvi ela gritar.

Ignorei a pergunta e fui pro meu quarto, querendo enfiar esse papel no cu de quem escreveu.

Minha mãe tem um segredo com umas paradas que ela guarda no quarto dela.

Nunca deixou ninguém mexer. E eu também nunca fiz questão.

Tento ligar mais uma vez pro Talibã, mas nada.

Me deitei e meu coração apertou.

Minha irmã vai pra escola todos os dias cedo, minha mãe sai pra trabalhar.

Se algo acontecer, a culpa vai ser minha.

Sinto uma lágrima escorrer e enxugo ela.

Sinto meu celular vibrando e vejo "Cobra 💕".

Atendo rapidamente e escuto a voz do Talibã. Sinto um alívio e quando ia falar, a ligação cai.

Fico ligando pro Cobra de novo, mas ele não atendia também.

Mas que caralho! Pra falar com puta, toda hora eles atendem.

Olhei no relógio e marcavam 4:50 da manhã.

Abri a porta do quarto devagar e fui no quarto da minha mãe. Vi ela dormindo e peguei a chave que tava na cômoda dela.

Abri a porta e sai correndo subindo o morro.

De onde eu morava até o alto do morro, era 20 minutos.

Fui subindo tudo e não vi mais ninguém no baile. Fui pra casa do Talibã e começo a bater na porta.

Eu sabia onde ficava, algumas vezes já vim pra pegar algumas paradas que ele pedia.

Depois de muito bater, vejo a Elen abrindo a porta de toalha.

Puta que pariu!

Elen : Essas horas batendo na porta do macho dos outros, qual é? - Cruzou os braços.

Clara : Cadê o Talibã? Quero falar com ele. - Elen ia falar, quando vejo ele vindo atrás dela, de toalha também.

Fico olhando pro corpo dele, mas depois tiro a atenção voltando pra ele.

Clara : É.. é.. a gente pode conversar sozinhos? Uma parada séria. - Elen riu.

Elen : Não, ele não pode! - Fechei os olhos e quando vi já tava segurando os cabelos dela.

Clara : É a minha família que ta em jogo, sossega esse fogo no cu que depois ele vem. - Olhei firme nos olhos dela. - Filha da puta, marmita. - Talibã separou a gente e mandou a Elen ir pra casa dela.

Talibã : Entra. - Entrei e mandei dedo pra Elen.

Fui seguindo ele e vi que ele tava me levando pro quarto.

Não me sentei na cama, eca! Preferi ficar em pé.

Ele foi pro banheiro e colocou uma bermuda.

Talibã : Qual foi? Tão importante que tu vem atrapalhar meus esquemas? Caralho, tu é chata! - Entreguei o bilhete pra ele.

Clara : Sabe ler, pelo menos? - Ele olhou pra mim e me ignorou.

Talibã : Quando tu recebeu isso? - Falou com o bilhete na mão.

Clara : Hoje, quando voltei do baile. Entregaram na porta de casa.  Tu tem noção disso, mané? Minha família. - Cheguei perto dele.

Talibã : Bem-vinda! Não sei se tu sabe, mas essa vida é assim. Ou tu pensou que era conto de fadas? - Debochou. - Relaxa, vou dar um jeito.

Clara : É bom que dê e rápido!

Talibã : Calma aí, não é assim não! Essas paradas aqui demora, ta maluca?

Clara : Ah, eu vou esperar minha irmã e minha mãe morrer pa tu fazer alguma coisa. Se liga! Tu não é o bandido pica? Dá teu jeito. Eu só tô aqui, por tua culpa, filha da puta! - Sai do quarto e vi a Fernanda sentada.

Ela ficou me olhando e eu ri fraca pra ela.

Sei lá, estranha!



Talibã. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora