Clara 🌷
Fui subindo o morro de madrugada, cria! Ainda fui ameaçada por um traficante de merda.
Fui subindo a contenção, vendo o Grego e o resto dos moleques na entrada.
Sempre armados, e eu continuo sentindo o mesmo medo de sempre.
Cumprimentei eles, que liberaram minha entrada.
Fui caminhando e de longe escutei os tiros.
Respirei fundo e senti meu coração acelerado. Entrei em um beco mais escuro e afastado, me agachando no chão.Fiquei atenta e vi vários moleques daqui, correndo armados subindo pro alto do morro.
***
Depois de algumas horas, vejo os policiais recuando. Vou me levantando lentamente e saindo aos poucos.
Olho para os lados e não vejo ninguém. Nem perco tempo, e saio correndo.
Vou subindo correndo e bato forte na porta do Talibã.
Ele abre e eu entro correndo, quase passando por cima dele.
Talibã : Porra, ficou malucona? - Riu da minha situação.
Clara : Vai se foder! Manda eu subir uma hora dessas. Pau no cu! Cheguei perto e bati no peito dele.
Talibã : Ficou com medo, foi? Aqui é favela, porra! Esperava o que? - Negou, falando firme.
Clara : Poderia não ter me chamado uma hora dessas! - Fui indo pra porta e ele puxou meu braço.
Talibã : Não vai sair uma hora dessas não, tá ficando maluca? - Me puxou pra perto dele e ficou olhando meus olhos.
Ele ficou me olhando e eu retribui. Por um instante, ele tirou os olhos de mim e me soltou.
Talibã : Aqui a gente só tem dois quartos, minha irmã ta no dela com o namorado. - Revirou os olhos. - Tu escolhe, o sofá ou o chão. - Eu ri. - Tô zoando, sobe aqui.. - Neguei.
Clara : Não tem problema, eu fico no sofá. - Ele pegou no meu braço me puxando pro quarto dele.
Talibã : Relaxa, não vou fazer nada contigo, pô! Tô fora dessas paradas aí. - Ri.
Ele me puxou e eu só fui.
Talibã : Fica aí, vou tomar um banho. Troca essa roupa, tem camisa minha aí, mané. - Neguei. - Então fica aí, mocreia.
Ele saiu pra tomar banho e eu fiquei mexendo nas coisas deles.
Só camisinha e drogas, credo.