Já era tarde da noite e eu fui pro alto do morro. Encontrei o Talibã, Índio e o Black na resenha.
Eles tavam cheirando pô e bebendo.
Índio : Vou blindar o teu nariz, irmão! - Black riu.
Black : Famoso aspirador de pó, mané. - Talibã ria com o verdinho dele na mão.
Ele fumava na calmaria olhando pro céu.
Índio : Fala tu, Cobra! Fiquei sabendo que tu saiu do movimento. Qual foi? - Eu ri.
Cobra : Pra tudo tem um fim, cria! - Ele assentiu.
Black : Hoje eu vou dormir feito um anjo. - Talibã riu.
Talibã : Dormir? Tu é bandido porra! Dormir o caralho. Vai virar a noite aqui. - Black mandou dedo. - Acionei a filha da puta da Clara pra ir pegar umas paradas em casa, a desgraçada ainda reclama pelo horário. - Índio começou a rir.
Eles sempre ficavam armados. E não só eles, tinha os crias que viravam a noite olhando se cana não entrava.
Comprei um verde na mão do Índio e me encosto no muro pequeno.
Me viro e por um segundo, vejo os maluco entrando fininho.
Cobra : Fodeu, irmão! Cana, Talibã. - Olhei pro Talibã e soltei o cigarro no chão e o Índio derrubou o tabuleiro de pó, já pegando a arma dele.
Nem demorou muito, os tiros já ecoava pela favela vazia.
Talibã : Vai porra, corre! Cobertura, Black! - O Black atirava, corria e parava.
Ele era o mais esperto e macaco velho nessas paradas.
Talibã acionou o radinho e subiu na laje. Ele jogou uma pistola pra mim e eu fiquei perto dele.
Black tava no chão e o Índio na outra esquina.
Pistola pesada, mané.
Logo vi eles entrando e atirando.
Talibã atirava e se escondia. As armas deles podiam atravessar a parede fraca de tijolos, tomar no cu!
Talibã : Vai filha da puta! Tá com câimbra na mão? - Bateu na minha cabeça.
Dei cobertura pra ele, que consegui acertar um.
Olhei pro Índio e vi ele machucado.
Cobra : Recua, arrombado! Vai com o Black. - Sai da laje e fui atirando neles.
Aí, parece bagulho de filme. Mas aqui não é adaptação, é a vida real. Realidade de muito neguin por aí.
Derrubei dois e o Talibã foi saindo no sapatinho.
A gente correu mais pra cima deixando os corpos deles.
Talibã : Tu ta bem, mané? - Assenti. - Pequeno sobreviveu não. - Respirei fundo.
Cobra : Puta que pariu! - Passei a mão no rosto.
Talibã : Se preocupa não! Eles já devem ter levado o corpo dele. Fora que tu acertou dois e deu pra gente tirar o foco. - Assenti.
Geral foi pra boca e ficamos a noite toda lá, vendo se eles não iam entrar de novo.
Índio foi pro postinho daqui, acho que tá tudo firmeza com ele.