Ameaças Vazias

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- Cala a boca e vai colocar uma roupa. - Shivani ordenou.

Asmus fez uma careta e se sentou na borda do convés, seu olhar assassino ainda cravado na pirata.

- Por quê? A visão te distrai? - Ele sorriu perigosamente e Shivana se perguntou se deveria lançá-lo ao mar de novo.

- Quebro todos os ossos do seu corpo se você vier pra perto de mim. - Shivana respondeu. Aulak passou e deu um sorrisinho.

- Ela realmente vai fazer isso. Não duvide dela em nenhum momento. - O garoto assentiu firmemente como se já tivesse visto acontecer. Asmus rosnou para ele, Aulak se afastou rapidamente.

O cão de briga riu do garoto e se espreguiçou como um gato.

- Não vou precisar ir para perto dela. - Ele brincou com os próprios brincos. - Ela vai vir até mim.

Shivani levantou uma sobrancelha.

- Descarado e pretencioso.

- Errado. Sou autoconfiante.

- Orgulhoso e convencido.

- Eu vou matar você.

- E depois como vai sair daqui? - Shivani sorriu feroz. - Vai nadando com o meu Capitão no seu calcanhar?

- Talvez. - Ele parece realmente ponderar.

Shivani busca um balde e um esfregão. Asmus os agarra com uma expressão chocada.

- Limpe o convés. Sua estadia não é grátis. - Ela declara.

- Eu nem queria estar aqui. - Ele refutou.

- E eu não queria ter que cuidar de você. - Ela se aproxima o bastante para olhar no fundo dos olhos claros dele. Asmus se perde no olhar cinzento de Shivani por um momento, ela tem olhos incomuns.

Ele olha para o esfregão meio perdido. Shivani não fica para saber se ele descobre como funciona, ela se aproxima do leme e vê o Capitão.

- Velho degenerado, você me odeia?

O Capitão ri, deixando um lugar para Shivani se sentar.

- Eu confio em você. - Ele diz com o olhar no convés. - Mas eu sabia que você não aceitaria se eu não colocasse em cheque algo que te importa.

- E ai você resolveu me ameaçar antes de me perguntar, muito bom. - Desdenhou ela.

- Eu preciso da sua cooperação. - Ele diz com calma. - Você não é fácil de lidar, Shiva. Eu não poderia adivinhar se diria sim ou não, já que aqueles desgraçados destruiram sua capacidade de confiar.

- Eu confio em você. - Ela mentiu. Shivani planejava a morte do Capitão há mais de três anos, desde que encontrou seu pergaminho. Ela precisava que ele confiasse nela, porque isso deixaria tudo mais fácil.

- De qualquer forma, você é a única pessoa que poderia cuidar disso para mim. - Ele confidencia. - Estou trabalhando em algo grande, Shiva. E me custa admitir que não posso fazer isso sozinho.

- Seria mais fácil se você realmente confiasse em mim e me dissesse o que é. - Ela se curvou com o rosto no Sol, sentindo o cheiro de maresia que não podia sentir na cidade. - E ele me parece um idiota para ser sincera.

- Se você descobrir o bastante sobre ele, pode me ajudar. - O Deus dos Nove Mares se aproximou dela, seus olhos pretos indecifráveis. - Ele não é um idiota, você vai ver logo.

Shivani fechou os olhos. Materializando o pergaminho. Apenas mais um pouco, ela pensou.

- Não deixe que ele morra. Não deixe que ele se mate. Não deixe que ninguém o mate. - O Capitão ordenou e Shivani abriu os olhos com irritação.

- E se eu perder a paciência e matá-lo? Você vai me matar?

- Eu vou te devolver de bandeja para a propriedade de seu pai. - Ele respondeu, Shivani estremeceu. - Não vou nem sequer pedir uma recompensa.

Ela se levantou num salto.

- Certo, seu miserável, eu já entendi. - A pirata colocou as mãos nos bolsos, imaginando esconder o tremor. O Capitão podia ser bom com ela, mas ele não lhe devia nada. Eles tinham um acordo. Não eram amigos, e ele não teria pena de mandá-la direto para as garras dos seus demônios.

Shivani jamais voltaria para o seu pai. Se pudesse, jamais voltaria para terra firme. E é por isso que ela precisava coletar todos os artefatos que seu mapa pedia. Ela poderia matar o Capitão e se tornar mais do que a Sereia do Navio Arcanjo, se tornaria a Suprema dos Nove Mares. Não era mais uma garotinha assustada, era um corsário, uma pirata e tinha sua fama.

Tudo isto a irritou. Shivani entrou em sua cabine e abriu seus mapas com ferocidade, ela se debruçou sobre a mesa e pegou seu pergaminho, ligou uma lamparina. Arrastou a cama, abriu um compartimento secreto, pegou um baú pequeno e jogou todas as coisas umas em cima das outras.

Ela precisava saber que estavam lá, precisava sentir em seus dedos o gosto de sua liberdade, precisava ver o cheiro do seu sucesso. Ela queria se lembrar que estava um passo a frente de todos eles. Que não seria um velho prepotente que a venderia para seu passado.

Então ela montou um a um os pedaços que tinha coletado. Era possível ver um sexto da espada quase completa em cima dos mapas. Cada saque, cada cidade pela qual passavam, ela procurava por esses pedaços. Tudo para montar a espada de seu mapa. Este mostrava onde poderiam estar os possíveis fragmentos e exatamente onde encontrá-los, em que caverna profunda mergulharia, ou que charada descobriria. Mas ainda faltava demais, partes demais.

Quando ela encontrou o pergaminho, depois de tê-lo roubado de uma xamã em uma luta de Megarobôs numa cidade portuária, demorou quase um ano inteiro para achar o cabo. Ela levou uma mordida de um crocodilo para conseguir. Apenas a jóia que adornava o cabo quase lhe custara um braço. O primeiro pedaço da lâmina lhe levara um segredo doloroso. E o terceiro lhe arrancara uma costela. Mas ela não se arrependeria, em suas mãos estava um artefato mágico real, não apenas sucata energizada. Magia de verdade. E isso a tornaria poderosa.

Ela seria livre e rica.

O cabo e a pequena parte da lâmina que ela remontara eram perfeitos. Uma arma mortal, luxuosa, afiada, brilhante e desafiadora. Era magia mesmo que incompleta. A lâmina prateada refletia seus olhos cinzas.

E mais do que apenas a espada. Essa era apenas seu primeiro passo para o verdadeiro prêmio. Alguém bateu na porta, sangue verteu de seu polegar ao colocar as lâminas de volta e ela abriu.

- Chupando dedo nessa idade? - Asmus entrou sem ser convidado. Sua voz não era divertida como mais cedo.

- Saia do meu quarto. - Ela ordenou.

Ele olhou em volta desinteressado. Seu olhar parou especificamente embaixo da cama. Ele deu um sorriso psicótico.

E num segundo, colocou uma espada contra o pescoço de Shivani.

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Quantos segredos kkkkkkk

Ah esse garoto é uma figura, e ele ta beeeem envolvido nisso.

Ah esse garoto é uma figura, e ele ta beeeem envolvido nisso

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Espero que estejam gostando♡

Preto Cinza e Tempestade - FortunataOnde histórias criam vida. Descubra agora