Histórias Compartilhadas

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Shivani esperara Asmus voltar por quase uma hora. Ela viu Agnes desaparecer com Ayumi, pálida como um fantasma e esperou na mesa comendo e bebendo até se sentir entediada demais.

Quando ela os encontrou sentiu aquele puxão familiar no estômago. Como se ela tivesse acabado de encontrar o caminho certo e o deus da fortuna estivesse a chamando. Ela pisou na mesa, atraindo a atenção de todos.

- Meu doce, doce monstro. Não convidou ninguém para brincar?

Ela se sentou próxima a Asmus. Ele parecia um fantasma, sua mão ainda agarrada a carta que ela segurou.

- O que os meninos estão escondendo de mim? - Ela perguntou com malícia. Não gostou da forma que eles se calaram.

- Lobo é um cartomante. Não é interessante? - Asmus lhe deu um sorriso leve e divertido, convidando-a para atormentar o garoto.

Shivani sorriu de volta.

- Adoro cartomantes. Tão tolos e cheios de si. Posso escolher as três perguntas? A bola de cristal? - Ela bagunçou os cabelos de Lobo de novo.

Lobo se desvencilhou, os olhos ainda em Asmus, a testa franzida.

- Pode perguntar. - Ele disse tímido, pegando as cartas da mesa rapidamente. Shivani observou com escárnio enquanto ele as embaralhava com habilidade.

Ela não viu o olhar desolado de Asmus enquanto as três cartas de perdiam no baralho.

Lobo enfileirou novas, parecendo nervoso.

Shivani semicerrou os olhos. Ela não conseguia entender o que estava acontecendo ali. As cartas na mesa. Asmus pálido. Lobo desconfiado. Ela só via o monstro assim quando ele era obrigado a dizer coisas do passado.

Então ela decidiu cavar mais fundo o que que que eles estivessem desenterrando.

- Eu quero saber o que houve com o irmão de Asmus. - Ela disse séria. Sentiu os dedos dele no antebraço dela como uma súplica mas sequer desviou o olhar. Era isso que ele queria, ele havia dito no navio. - Eu quero saber qual a relação entre ele e o Capitão. E quero saber o que ele é.

Isso era tudo. Era o bastante para que Shivani não precisasse matá-lo tão cedo.  Descobrir que tipo de imortal Asmus era e os planos do Capitão.

- Não vai funcionar. - Asmus disse lendo os pensamentos dela. O toque dele ficou mais intenso, Shivani temeu que ele puxasse a manga da blusa. - Desista, por favor.

Lobo esperou. Os olhos de Shivani encontraram com os de Asmus e eles pareciam miseráveis. Como se aquilo fosse demais. Ela lambeu os lábios, Asmus era o mais próximo dela de toda a tripulação, era em quem ela mais podia confiar e ao mesmo tempo em quem ela não confiava. Só precisava disso e ele não precisaria ser descartado.

- Tire as cartas, Lobo. Não se importe com essa demonstração de Asmus, ele é mesmo muito sensível. - Ela o beijou. Se para colocar um fim ou um limite, ou dissuadir, ela não sabia, apenas sorriu levemente, escondendo seu real pensamento.

Asmus não se importou.

- Lobo. - Ele disse apenas, em aviso.

Shivani revirou os olhos. Eram perguntas simples, Santo Kraken.

- Lobo. - Ela disse, ecoando.

Preto Cinza e Tempestade - FortunataOnde histórias criam vida. Descubra agora