Interrogatório, Policial Mau e Policial Mau

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Na mídia uma música que define BEM o Asmus. Eai gentee

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Shivani não queria acreditar. Mas lá estavam eles. Os fugitivos mais procurados do continente todos juntos na droga do mesmo navio. Ela quis rir, era quase um maldito prêmio sortido, pegue um e leve três. Quatro se contar o Capitão.

Não importava, ela lembrou a si mesma. Ela não desistiria, ela lutaria perversamente e se vingaria, pela glória cruel de não recuar.

- E por que exatamente você está fugindo dele? - A voz de Asmus era como o ronronar de um gato. E seus passos também, Shivani só o ouviu quando ele estava muito perto, ele se esgueirou para dentro da cela. - Axel Adonis. - Ele saboreou o nome. - Maldito filho de uma puta. - O monstro insultou com um sorriso. - Ele está no meu pé há quatro anos.

- Eu o aguentei a vida inteira. - Shivani se posicionou.

- Ele me capturou mais vezes. - Asmus cruzou os braços.

- Ele tentou me matar mais vezes. - Shivani o ameaçou com a faca.

- Ele me torturou mais vezes. Você perdeu. - Asmus se aproximou da faca por vontade própria.

Agnes observava aquela competição estranha antes de pirraguear.

- Aham. - Os dois olharam para ela, que se encolheu. - Então... vocês devem saber porque... eu... fugi. Posso ir embora?

Os dois se aproximam dela como lobos famintos.

- Não. não. não. não. não. - Asmus cantarola se aproximando dela quase ombro a ombro. Shivani do outro lado, a faca em suas mãos.

- Você não me deu nenhuma resposta relevante. - Ela disse. para Agnes. - Entenda, você é meu trunfo agora, princesa. Você sabe muita coisa, sendo noiva de quem eu preciso matar.

- Você quer matar o Governador? - Ela perguntou horrorizada.

- Essa é nova para mim, também. - Asmus semicerrou os olhos.

- Anteontem não queria, mas hoje eu quero. - Shivani explicou.

- Faz sentido. Mudo de ideia o tempo todo, também. - Asmus disse em um raro momento de concordância com Shivani.

Agnes percebeu que aqueles dois apenas conseguiam se divertir no mesmo ambiente se compartilhassem o mesmo estado de egoísmo-feliz.

Asmus agarrou o rosto dela e o virou para ele. Agnes quase perdeu a alma de susto. Ele a analisou, da mesma forma que Shivani a analisou há pouco. Ela prendeu a respiração, com aqueles olhos fixos profundamente nos dela. Shivani os observava interessada.

Então ele soltou bruscamente e deu uma risada.

- Parece uma boneca... - Disse com um sorriso esquisito. Agnes sentiu que aquilo não era um elogio. Nenhuma boneca sobrevivia muito de onde ela veio.

- Por que aquele mafioso banhado de infâmia está te caçando? - Shivani continuou o interrogatório. - Por que caçaria a noiva de alguém tão importante?

Agnes não conseguiu responder antes de Asmus continuar.

- Ele pode ser um homem do governo. - Ele fez um sinal de aspas. - Mas a maior parte do lucro vem de negócios escusos. Deve estar tentando derrubar o Ditador ou algo assim.

Shivani sabia muito bem disso. Eles mascaravam como bons empregadores, tinham em posse várias indústrias têxteis, oficinas de navios aéreos e de refinamento de ferro e sucata. Mas por trás disso estava extorsão, agiotagem, exploração do trabalhador à um nível de quase escravidão, jogos de azar, vendas ilegais de narcóticos, e até trafico humano.

- Talvez Agnes faça parte dos negócios deles, estou errada Agnes? - Ela aproximou a faca do rosto da menina como se estivesse se vendo no reflexo da lâmina. - Muitos dos que são próximos ao Ditador o fazem. Adoram ganhar dinheiro fácil.

- Eu não faço. - A menina tremeu.

- Você já mentiu para mim antes. - Ela estalou a língua.

- Ele está atrás de mim porque sou propriedade dele. - Agnes sussurrou chorosa. - Eu juro.

- E como, monstros do mar me guardem, uma propriedade de Axel Adonis se tornou noiva do homem mais rico de Mangata? - Shivani estava realmente interessada agora.

Mas Agnes estava quase em prantos. Seus lindos olhos verdes estavam cheios e lágrimas e seu rosto de porcelana estava ficando avermelhado. A sereia quis revirar os olhos, mas se conteve.

- Ele... - Agnes estava começando a soluçar. Shivani não sabia se ela estava se sentindo mal por contar isso, ou se estava assustada demais com a faca da pirata e os dentes do monstro. - Ele disse ao Governador que eu era sua filha... conseguiu um casamento arranjado.

Shivani deixou a faca cair.

- Ele testou várias meninas para saber os gostos do Governador. - Agnes continuou apesar do som. - Ele precisava de um acordo que lhe protegesse, porque estava sendo acusado de escravizar os sem-teto na descontaminação de motores. Então me vendeu, me apresentou como se eu fosse filha dele.

Shivani se levantou e recuou. Ela tremia, tinha os olhos fixos na garota, meio vazios, com uma imagem antiga. Ela olhou para as próprias mãos, como se não pudesse reconhecê-las.

Agnes e Asmus a observaram quando ela correu para fora da cela.

O monstro a seguiu, não antes sem trancar Agnes lá embaixo com um sorriso e uma piscadela. O interrogatório não terminara, mas a pirata sim. Havia algo de errado com Shivani. Mais do que parecia.

- Por que você sempre precisa sair nesses horários e ficar olhando para o pôr do Sol como se estivesse num limbo? - Asmus se aproximou dela.

- Você pode, calar a boca infernal, por apenas um instante? - Ela se sentou na beirada da proa. Olhando na direção da Ilha que se afastava como um pequeno ponto do tamanho de um botão de rosa, ela ainda soltava fumaça como um vulcão.

- Sinto informar que esse serviço não está disponível. - Asmus já estava longe o bastante quando ela tentou golpeá-lo. 

- Por que o que ela disse afetou você? - Ele deu um passo mais perto. - Mas será que... - Tapou a boca com as mãos fazendo uma expressão de choque exagerada.

- Pensei que esse serviço não estava disponível.

- Axel Adonis é seu pai?

Shivani tirou uma das facas e a arremessou contra ele.

Errou por pouco. A faca se cravou no mastro.

- Não fale isso. Não na mesma frase. Eu odeio essa palavra.

- Ele é seu pai. - Asmus soltou uma risada surpresa. - Santo Morgawr, aquela serpente marinha pode me enforcar agora, Axel Adonis é seu pai!

Num segundo Asmus estava no chão com Shivani em cima dele. A faca dela parecia tão rente ao pescoço do cão de briga que o mínimo movimento rasgaria sua garganta em duas partes. Shivani enrolou os dedos no cabelo dele como se segurasse uma das cordas do navio, ela puxou levemente para trás para expor mais ainda o local do corte. Os olhos dela estavam queimando de ódio, fixos nos olhos delineados dele.

O monstro sorriu lentamente como um louco.

- Filhinha do Papai. - Ele murmurou eufórico e arrogante, como se desejasse que ela cortasse. O piscar de olhos dele era lento e brilhante, como o de um drogado em abstinência. - Poderia ser uma mafiosa rica mas escolheu ser uma pirata. Por quê? Consciência moral deturpada? - Ele arfou sentindo a pressão da faca. - Você deixou a vítima de verdade chorando numa cela. Apenas para ir sentir pena de si mesma.

- Cala a boca! - Shivani apertou a faca, o sangue desceu numa gota brilhante e vermelha escura.

Asmus alargou o sorriso de escárnio.

- E tudo porque sentiu que seu papai estava te substituindo. Você é tão mesquinha, mortal e patética, lindo pesadelo.

A faca deslizou.

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Isso não foi uma fala isso foi um murro

:D

Preto Cinza e Tempestade - FortunataOnde histórias criam vida. Descubra agora