Rumo ao Golfo Kraken

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O Navio partiu antes que todos acordassem, com apenas uma minúscula tripulação.

Khrysaor, Asmus, Agnes, Shivani e Ayumi.

Ela os chamou logo antes de partirem. Ayumi estava no porão, na velha cela de Agnes, enquanto Khrysaor e a menina ajudavam Asmus com as velas e a direção. Era um dia sombrio e silencioso, exceto pela capitã.

- Estibordo! - Shivani gritava. - Não! Não. - Ela berrava de frustração. Eles precisavam se afastar das ilhas rápido. Mas seus marujos não eram dos melhores.

Agora que Shivani voltou ao seu bom estado mental, ela percebeu que roubar o maior navio do mundo do maior pirata do mundo do maior porto de navios fuzileiros do mundo era uma má ideia.

Mas agora era tarde. Era hora de pegar sua pequena tripulação de monstros e se enfiar na missão mais perigosa até agora. Sozinha. Se envolver com os poderosos e finalmente encontrar magia sem um cão farejador a repreendendo.

Ela viu o deus da Fortuna, não podia estar errada.

É claro que ela não deixou tá fácil para o Capitão persegui-los. Ela esmigalhou todos os timãos e cortou todas as âncoras, derrubou no mar algumas semanas de suprimentos e colocou o vigia para um sono de morte. Fez um estrago considerável com a energia que sobrara depois da última noite com Asmus.

A última noite... Não havia nada a dizer.

Ela manteve os olhos no horizonte enquanto tramava. O próximo refúgio de piratas sujos ficava há muitas léguas, no Golfo Kraken, passando por uma longa rota de domínio de Axel Adonis. Era perigoso, mas tinham mantimento. Podiam chegar lá em uma semana, recrutar uma tripulação descartável e seguir pelo Mar de Bronze até ver uma nova pista no mapa.

Se enfrentassem uma tempestade com tão poucos marujos, seriam tragados para o mar mais rápido do que o último gole de um bêbado.

Shivani não se arrependeu. Foi uma decisão impulsiva, mas era isso ou matar o Capitão. Era um momento crítico, ela precisava do Navio mais potente do mundo e sabia que ele não o deixaria por nada. Engana-lo e deixá-lo num lugar seguro com seu amante era o melhor a fazer. Isso se ela tinha alguma consideração por ele e por seus marujos.

Shivani passou o dia dentro de sua cabine. Havia muitas memórias ali dentro...

Ela precisava organizar tudo se quisesse ser Capitã. Seria uma nova tripulação em uma semana, a primeira que ela comandaria completamente sozinha, homens que nunca a viram e provavelmente não acreditariam que uma mulher podia ser capitã. Além de marujos imortais com sede de sangue. Por um segundo, pareceu impossível.

No segundo seguinte, ela começou a traçar seu plano. Shivani abriu seu pequeno mapa engarrafado, buscando espaço na sua pequena mesa e derrubando papiros e cera no chão. Havia códigos dentro do mapa. E códigos dentro de códigos. Era como uma língua estranha feita de traços escondidos dentro de desenhos elaborados do continente. Havia frases mas eram vagas.

Por horas a fio, Shivani buscou em suas anotações as letras já conhecidas, os inscritos e ideogramas que ela já havia descoberto. Era difícil pensar quando a noite anterior ainda girava em sua mente, um calor que a desconcentrava.

Shivani passou os dedos pelo mapa, anotando e analisando em outros mapas e nas anotações em suas paredes. Ela girava dentro do quarto, riscando algo a suas costas, levantando para rasgar algo no teto, era caótico mas criativo, só ela podia entender, juntar os pontos com fios vermelhos que conectava suas ideias. Ela se sentava para ver o terrível quebra cabeças, mas de olhos fechados, ainda sentia o toque das mãos dele por cima das dela.

- Esse ideograma significa "templo". Ou "guardião". - A voz rouca disse. Shivani abriu os olhos. - Algumas traduções sugerem "sabedoria", é por isso que você está tendo dificuldades.

Preto Cinza e Tempestade - FortunataOnde histórias criam vida. Descubra agora