Quebra Cabeças

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Olá galera, que saudade de escrever.
Eu sei que estou negligenciando essa história um pouco. Mas ultimamente minha vida tem sido tão LOUCA???
Estudando pra vestibular, tirando carteira de motorista, comecei arte digital e estou trabalhando num projeto de uma Webtoon... MUITA COISA!!!

Mas ainda amo essa história então aqui vai mais um capítulo<3

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A tarde do Juramento fez a cidade florescer. O Sanrrokah voltou de sua viagem, e com ele trouxe a luz de Atlantis de volta.

Bois brancos e castrados perambulavam pelas ruas com os comerciantes. Todos desfilavam em tufos de seda e suas melhores roupas. As paredes azuis dos muros da cidade estavam banhadas em tapeçarias e decoradas com caldeirões de ouro. Os tocadores de flauta e malabaristas se envolviam em cores durante a passeata dos Juramentados.

Era uma pena que Asmus e Aramis apenas pudessem caminhar sem usufruir da festa, esses eram os melhores dias quando moravam nas ruas. Todos se tornavam benevolentes e eles se empanturravam das barraquinhas todas as noites de comemoração e pensando em como roubar uma oferenda dos Juramentados.

Agora, eles recebiam as oferendas. Mulheres nas ruas lhes entregavam colares e tiaras, jade marfim, ônix. Podiam parar para furar as orelhas e o que mais quisessem para receber as jóias de opala, ametista e âmbar. Das crianças ganhavam pequenos cavaleiros esculpidos em madeira e bronze.

A festa durava três dias e a maior parte dos espectadores não era da cidade. Era difícil que Atlantis recebesse tantos estrangeiros devido a sua estranha relação com a verdade, mas mesmo assim, naquela época do ano marinheiros, mercantes vindos em caravanas, homens do deserto negro, soldados curiosos e artesãos asiáticos, todos abandonavam a autonomia de suas línguas por três noites de encantos na Cidade das Mil Verdades.

Asmus não faria o juramento, mas não deixou de participar. Era loucura. Atlantis não era a mesma. Tudo tinha sido esquecido, mas Asmus ainda sentia como se tivesse sangue sob as unhas. Enquanto a cidade vivia, a noite anterior tinha sido embebida em vinho e esmaecida como escrita de tinteiro.

Na caminhada recebeu taças de licor, quentes e doces, cebolas marinadas em água salgada e azeitonas vermelhas. Ele procurou Aramis com o olhar e o encontrou observando um mágico criar imagens de fogo nos céus. Aramis estava quieto, ele dizia que fora o susto de quase ter perdido o irmão. Mas Asmus sabia que era mais do que isso. Normalmente, ele estaria radiante com os presentes, sorrindo pela adoração do povo.

Aramis foi embora quieto, deixando o artista sozinho. Asmus lhe lançou uma moeda, nascera com o dom da cortesia que sempre faltou ao irmão. Mas Aramis tinha mais coragem e assim os dois equilibravam-se. Asmus achava que depois de mendigar, roubar e vender tudo e mais do que tinha, o irmão não enxergava ninguém digno de cortesia.

A procissão passou pela praia, os barcos estavam ancorados. Centenas. Enormes e lustrosos, imponentes contra o interminável esmagar das ondas contra seus cascos. As cores vibrantes faziam parecer que os navios tremulavam com alguma magia. Eram totalmente diferentes dos navios estrangeiros, tinham a forma de milhafres, gaviões, tordos.

E tinham uma tecnologia única no mundo. Atlantis era a única nação que sabia fazer navios voarem.

Asmus esperava que conseguissem chegar a tempo de ver a partida dos pássaros. Ali as cerimônias começavam. O povo que seguia a passeata esperava, assistindo. Asmus ficou com eles, serviram maçãs cremosas com castanhas e camarão, cenoura amanteigada com ostras, cisne com mel e cogumelos com algas.

Acólitas ajoelhadas na areia recebiam os estrangeiros, aqueles que completavam idade ou aqueles que ingressaram no templo, como o irmão. Os Juramentados tiveram as pálpebras e os lábios salpicados de areia e depois foram banhados por água salgada. O povo gritou quando a espuma lambeu seus rostos, lançando flores beira-mar trançadas aos pés deles.

Preto Cinza e Tempestade - FortunataOnde histórias criam vida. Descubra agora