Capítulo 22

21.7K 1.8K 286
                                    

Alisson Avery

Estavam todos me olhando. Sem brincadeira. Parecia que eu era o mais novo centro de atenções de Havard, como se eu fosse aqueles palhaços de circo idiotas.

Respiro fundo descendo as escadas rapidamente e parece que todos não param de me olhar. Isso não pode estar acontecendo pela terceira vez. É a terceira vez que vazam fotos minhas.

Alguém segura meu braço e eu arregalo os olhos enquanto Nick me puxa para um canto mais afastado. Ele me encosta na parede e praticamente me cobre com o corpo.

-Eu quero ajudar você.- ele começa.

-Nick...

-Eu preciso de....- ele olha no relógio.- Cinco minutos para explicar tudo sem que você de um pio.- ele fala rapidamente e me encara.

-Ok.- suspiro.

-John drogou você, e Serena ajudou a fazer que tudo acontecesse como devia. Isso é o que eu acho.- ele toca o peito.- A droga que ele usou fica três dias no organismo. Então eu preciso que você vá no hospital comigo para tirar uma amostra do seu sangue...

Abro a boca e ele levanta a mão.

-Esse exame de sangue, junto com a foto que John postou, junto com as testemunhas que consegui dão um caso quase vencido, Alisson.- explica calmo.- Mas eu preciso que doe o sangue e que dê um depoimento.

-Não tenho dinheiro para um advogado, Nick.- falo séria.- Não quero mais gente sabendo disso...

-Meu avô vai fazer de graça.- ele informa.- Sei que não teve tempo para pensar direito, mas você precisa aceitar isso.

-Por que?- pergunto e ele sabe o que quero saber.

-Eu não confie em você no momento mais traumatizante da sua vida.- ele abaixa a cabeça.- Você precisava de alguém, precisava de proteção...e eu fugi igual um imbecil.

Fico calada e o observo balançar a cabeça com as bochechas coradas, Nick tenta sorrir e desvia o olhar evitando chorar. Mordo o lábio inferior ignorando a vontade de chorar também.

-Eu me sinto como um desses idiotas que está rindo de você agora.- ele trava o maxilar.- Eu odeio eles. Eu me odeio.

-Você não é igual a eles.- falo baixo.

-Sou, sou sim.- Nick respira fundo.- Eu mandei você se foder enquanto estava drogada, Alisson. Você estava indefesa e nas mãos de um cara...- ele treme.- Eu me odeio.

-Nick.- seguro o queixo dele.- Você foi o único que me defendeu quando aquele diretor de merda tentou me expulsar.

-Não...

-Você jogou fora sua jaqueta por que me lembrava dos caras.- sorrio com lágrimas nos olhos.

-Eu fui um imbecil.- ele balança a cabeça.

-Você acertou tanto, Nick.- acaricio a bochecha dele sentindo a barba por fazer.- Tantas vezes que você me fez sentir segura e compreendida.

-Mas...

-Foi um erro? Foi.- assinto.- Mas acho que não vai se repetir de novo, vai?

-Nunca.- ele me encara.- Nunca mesmo.

-Ótimo.- sorrio.- Preciso que me leve para um canto.

-Qualquer coisa.- ele parece pronto para correr até o Texas.

-Preciso que me leve para o hospital.- falo calma e ele sorri radiante.

-Vamos.- ele abre espaço.- Você não vai se arrepender, Alisson.

☁️

Nicholas Matthews

Como era prova forense, assim que Alisson tirasse o sangue o policial do nosso lado devia levar a amostra para o laboratório da polícia. Então acabaríamos em um segundo.

Alisson faz careta enquanto a agulha entra e eu tento fazer um pequeno avanço, seguro sua mão e Alisson aperta minha mão com força.

-Medo?- pergunto.

-Odeio agulhas.- ela murmura.

-Vai acabando em um segundo.- a enfermeira termina de encher o tubo.- Prontinho.

Ela coloca o tubo de sangue em uma sacola transparente e o policial anota o número do caso. Dá um pequeno aceno de cabeça para mim e vai embora.

Ajudo Alisson a descer da maca e pego suas coisas, ela fica com o braço esticado enquanto caminhamos pelo corredor do hospital.

Vejo o relógio e percebo que temos tempo.

-Agora você precisa ir no escritório do meu avô.- explico.- A polícia vai te chamar para dar depoimento e ele quer conversar com você.

-Você vai fica comigo?- ela pergunta e a observo.

-Vou.- assinto.- E, Alisson.- a paro na saída.- Eu sinto muito, mais uma vez.

-Você está se redimindo.- ela olha para o braço.- E...eu paro mal de você de várias formas.

-Ah, foi?- sorrio.

-Foi.- em assente.- Callie me ensinou algumas coisas em espanhol.

-Funcionou?- levanto as sobrancelhas.

-A raiva passou por uns...dois segundos.- ela brinca.

Dou um passo na direção dela e Alisson fica parada, não quero avançar rápido demais. Por isso dou tempo de ela me afastar ou ir embora. Mas ela fica.

-Quero beijar você.- sussurro.

-Pode me beijar, Nick.- ela sussurra também.

Levo minha mão até os cabelos de Alisson e os acaricio levemente, abaixo minha cabeça enquanto meus lábios tocam os dela delicadamente.

Inicialmente era para ser apenas um beijo inocente, mas quando Alisson deita a cabeça para o lado e move os lábios contra o meu avanço também.

Ela abre passagem e eu avanço com minha língua, que toca a dela e faz com que eu sinta arrepios pela minha coluna. As mãos de Alisson seguram minha blusa e ela afasta a cabeça poucos centímetros.

-Obrigada por existir, Nick.- ela sussurra.- Se não fosse você eu já teria desistido...

-Não fale isso.- acaricio sua bochecha.

-Mas é verdade.- ela beija a palma da minha mão.

-Também não estaria aqui sem você, Alisson.- sorrio fraco.- Acho que você é a pessoa que eu devia ter conhecido nessa vida.

-Nessa vida?- ela levanta as sobrancelhas.

-Em todas as outras também.- beijo a ponta do nariz dela.- Não acreditava nessa baboseira de alma gêmea, mas agora acredito.

-Eu sou sua alma gêmea?- ela fala em tom engraçado.

-Sim.- observo seus olhos.- E espero que você me considere a sua.

-Deixa eu ver...- ela comprime os lábios.- É, você é minha alma gêmea.

Seguro o rosto dela com as duas mãos e dou mais uns vinte selinhos nela enquanto estamos parados a fazendo rir. Depois começo a puxá-la até o carro, precisamos ver meu avô de qualquer forma, para que ela saiba o que pode ganhar com isso.

-Finalmente vou conhecer seu avô.- ela fala enquanto abro a porta e sorrio achando graça.

Acordo Com O InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora