Capítulo 4

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Alisson Avery

-Tem uma lasanha no congelador.- meu pai fala colocando as chaves no bolso.

-Eu sei me cuidar.- sorrio cruzando os braços.

-Se precisar de algo nos ligue.- Jane coloca o casaco.

-Não tem problema.- coloco o cabelo atrás da orelha.

Eles iam para um jantar na parte chique da cidade e tinham que sair agora, por que aparentemente tinham coquetéis antes de você realmente ter que comer.

Que idiotice.

Eles saem e eu olho a hora, dez minutos para as cinco. Eu vou até o quarto e arrumo os livros na escrivaninha, logo depois pego um livro da minha estante e para ler enquanto isso.

Passo as páginas várias vezes, a luz do meu celular acende e vejo que são cinco e dez, franzo as sobrancelhas e pego o celular tentando não começar a ficar com raiva.

Fecho o livro e coloco em cima da cama enquanto percebo que se isso não é uma pegadinha de mais gosto...ele não liga muito para eu disponibilizar meu tempo.

A campainha toca e são cinco e vinte, vou até a porta e abro com raiva, ele olha para mim e percebo que está minimamente arrependido. Não é o bastante.

-Não vai acontecer de novo.- ele promete.

-No final, vai sobrar pra você mesmo, eu já tenho minhas boas notas.- falo séria.

-Eu sei, e obrigado por me ensinar, já falei que foi citar você no meu discurso?- ele dá aquele sorriso e eu bufo.

-Se você se atrasar de novo, eu nem abro a porta.- aviso.

-Sim, senhora.- ele entra quando eu abro espaço.

-Afinal, o que você estava fazendo?- pergunto fingindo não saber.

Vi o pescoço e a nuca dele, acho que sei exatamente o por que estão arranhados e com alguns chupões, então é como um bônus para ele.

-Estava ajudando meu irmão.- ele explica.

-Claro.- começo a ir até o meu quarto e ele me segue.- Não vai dar para estudar muito nesses trinta minutos, então você vai fazer uma redação em casa sobre o que aprendeu.

-Redação?- ele geme frustrado.

-Sim.- fecho a porta do quarto.

-Quarto legal.- ele deita na minha cama.- Gosta quase nada da cor azul, hein.

-Não se mete, atleta.- chuto a perna dele.- Anda, abre o caderno e o livro, vamos discutir sobre a guerra de secessão.

-Sério?- ele senta.- Precisamos discutir muito sobre isso. É só... Bala. Bala. Morte. Alguém vence...

-Eu vou fingir que não disse isso.- sento na outra ponta da cama.- Abra o caderno.

Ele revira os olhos e encosta o corpo na parede enquanto abre os livros e eu começo a falar sobre o que aconteceu na guerra.

Ele parece saber muito, não sei por que tenta demonstrar que não sabe das coisas, para mim ele parece ter capacidade, só não usa direito.

☁️

Nicholas Matthews

Já estava falando da guerra de secessão há trinta minutos, finalmente ela tinha percebido que eram seis horas.

-Dá próxima vez chegue cedo.- ela fecha o caderno.- E faça a redação, para sexta.

-Tenho mesmo que fazer uma redação?- pergunto enquanto ela anda pelo quarto deixando os livros em cima da mesa.

-Sim.- Alisson passa por um quadro.

Fico observando ela com uma outra mulher, as duas são iguais, só que essa parece ser mais velha, acho que deva ser a mãe dela.

Me levanto e pego o quadro vendo melhor, Alisson percebe e tira das minhas mãos, suas bochechas estão coradas e ela parece brava.

-Quem é essa?- pergunto.

-Não é da sua conta.- ela recoloca o quadro no lugar.- Já deu sua hora.

-Você está sozinha aqui?- pergunto pegando minha jaqueta e mochila.

-Isso também não é da sua conta.- ela me puxa pelo corredor.

-Sabe, esse bairro é perigoso, teve um homicídio anos atrás...

-Ok, legal.- ela abre a porta.- Tchau, até amanhã.

-Nossa, Avery, assim parece que quer se livrar de mim.- a observo.

-Nossa, por que pensaria nisso?- ela fala sorrindo.

-Até amanhã, venho vinte minutos antes da aula começar.- informo passando pela porta.

-Ah, e Nick...- ela se apoia na porta.- Da próxima vez que se atrasar e em seguida mentir para mim....- fico parado.- Você vai se foder.

Assinto e ela fecha a porta, ok, com Alisson não se brinca, já entendi isso, começo a ir até o meu Jipe e coloco as coisas pela janela do passageiro.

Dou a partida e começo a dirigir, era verdade, eu tinha me atrasado por que estava transando, mas eu dormir...perdi a hora...

Não ia negar sexo, né? Mas agora também não podia ficar apostando que ela não era de cumprir a palavra, então não ia mais me atrasar.

Logo estou na parte mais alta da cidade, a com casas mais modernas e enormes, meus pais são advogados, as vezes de celebridades, então...

Estaciono ao lado do Porsche da minha mãe, da SUV do meu pai e da BMW do meu irmão. Aqui em casa, assim que tiramos a carteira, eles dão carro para nós.

Mas não se engane, meu pai é muito rígido, você tem aquele carro até o final do colégio, então se quebrar ou bater...você dá um jeito.

Entro em casa usando a impressão digital e vejo que meu irmão está contando do dia super legal para meu pai, que está resolvendo algo no computador.

Quando era criança aprendi que quando ele pega o celular ou computador...ele não está mais ouvindo você e deve ir embora.

-Ei, carinha!- o chamo.- Vou tomar banho e podemos jogar um pouco de basquete, o que acha?

-Incrível!- ele fica mais animado.

-Onde você estava, querido?- minha mãe vem descendo as escadas em L.

-Na casa de um amigo, tinha um trabalho para fazer.- explico passando por ela.

-Ah, ok.- ela não pergunta mais nada.- O seu jantar está no microondas.

-Ok.- entro no corredor longo.

Passo por algumas portas e finalmente entro no meu quarto, jogo as coisas na cama e me jogo ao lado delas cansado.

Não me deixo abater e em algum minutos estou no box, passo a mão pelos meus cabelos e tento colocar na minha cabeça que tenho que fazer uma redação.

Ela não só me odeia...como quer me matar. De tédio.

Acordo Com O InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora