Capítulo 18

38.7K 3.5K 1.3K
                                    

Nicholas Matthews

Eu não conseguia parar de pensar no beijo, era tão idiota, por que toda vez que eu olhava para Alisson eu só conseguia pensar na bosta do beijo.

Ok, não foi uma bosta, foi ótimo, nunca beijei ninguém daquele jeito, nem me senti daquele jeito antes, Alisson beijava muito bem.

E agora eu estava deitado na cama dela, fazendo um resumo de literatura enquanto ela mordia a caneta pesquisando algo para a aula de história no computador.

Eu queria ser aquela caneta.

-Meninos, querem pizza?- o pai dela chega na porta.

-Você vai ficar?- ela olha pra mim.

-Vou.- assinto.

-Quarto queijos.- ela já sabia até minha pizza favorita.

Então volta a fazer a pesquisa e eu continuo olhando para a boca dela, meu corpo começa a esquentar por que imagino a boca dela fazendo isso com...

-Nick.- ela bate o pé na minha perna.- Termina o resumo.

-O que?- pergunto.

-O resumo.- ela fecha o computador e levanta.- Eu vou no banheiro.

Ela entra no banheiro e termino o resumo bem merda que eu fiz, passo a mão pelos cabelos e sento na cama, vejo o caderno dela com a letra bonita e o resumo perfeito.

Não conseguia parar de pensar nessa merda! Toda vez que eu lembrava de Alisson só vinha ela gemendo contra a minha boca.

A porta abre e ela vai até a estante que ocupa uma parede inteira, então estica o braço tentando pegar um livro lá no alto.

-Me ajuda aqui.- ela pede.

Levanto e fico atrás dela emqian pego o livro sem dificuldade, a bunda dela encosta em mim e meu pau retribui ficando duro.

-Ally.- me afasto e sento na cama antes que ela perceba.

-O que?- ela vira e cubro com o travesseiro.

-Você ia me contar algo antes de Lauren abrir a porta do armário.- assim que falo ela congela e sobe os olhos até me encarar.

-Eu não...

-Ia sim, nem vem.- falo igual uma criança, preciso de uma distração.

-Era bobagem.- ela balança a cabeça e senta na cama.

-Ótimo, eu adoro bobagens.- sorrio.

-Nick.- ela me encara séria.

-Você ia contar, e eu não vou esquecer, então coloca pra fora.- mexo a cabeça.

-Ok.- ela olha para a porta.

Ally então fecha a porta, o que me deixa bem preocupado, por que ela nunca fecharia a porta com o pai dela em casa, por isso sento mais ereto.

Então ela senta na ponta da cama e começa a mexer nos dedos como um gesto cheio de ansiedade, percebo que quero segurar suas mãos.

-Promete que não vai contar pra ninguém.- ela pede.

-Prometo.- falo sem hesitar.

-E que vai vai me tratar diferente?- ela levanta as sobrancelhas.

-Prometo, Ally, o que é tão grave assim?- me estico e ela deixa eu segurar a mão dela.

-Quando a gente se conheceu eu menti pra você.- ela morde o lábio.- A garota que foi estuprada não era minha amiga.

Minha boca fica seca. Não fala isso...

-Era eu, Nick.- a voz dela falha.

-Você...

-Sim.- ela assente.- Eu fui pra uma festa, tinha dezesseis, e minha mãe ficava dizendo para eu tomar cuidado.- ela ri amarga.- Nunca imaginei que fosse acontecer de verdade.

Lágrimas molham as bochechas dela, não sei se a toco oi se continuo aqui, tocar a mão dela não pareceu mais um gesto tão íntimo, queria abraçá-la.

-Uma menina me apresentou ao capitão do time da minha escola, ele foi pegar uma bebida, eu tomei.- ela balança a cabeça como se tivesse reprovando sua ação.- Eu só tomei aquela bebida, Nick, só aquela....

Ela passa a mão pelo rosto limpando suas lágrimas, acaricio as costas da sua mão com o dedão e ela tenta sorrir, mas só consegue chorar mais.

-Ele me levou para cima, chamou o time.- ela treme.- Eu estava tão drogada que não sabia quantos tinha, mas eram tantos, eu via o rosto deles.- ela abaixa a cabeça.- eles...- ela fica branca.

-Alisson...- vou dizer que não precisa continuar.

-Eles fizeram tudo que queriam.- ela fala séria.- E no final...eles me deixaram lá, nua e indefesa.- sua mão está tremendo.- Umas meninas me acharam e me ajudaram a vestir a roupa.

-Elas não chamaram a polícia?- pergunto incrédulo.

-Não, a casa era de uma delas e os pais iam chegar, ela não queria confusão.- a voz dela treme.- Eu cheguei em casa, minha mãe viu aquele sangue todo....a gente foi direto para o hospital.

Respiro aliviado. Mas não acabou.

-Fizeram o exame de corpo de delito.- ela morde o lábio.- Coletaram doze amostras diferentes. Tiraram foto dos hematomas. Tive até que ficar internada por causa de uma complicação na parede do útero.

-Puta merda, Alisson.- minha voz fica fina.

-O capitão era filho do delegado.- ela fala e eu mordo minha bochecha.- Minha mãe disse para eu prestar queixa, mas...- ela perde a voz.- Eu não consegui, Nick, não consegui....

-Ei, não chora, linda.- eu a trago para mim e ela vem.

Alisson me abraça com força e eu afundo meu rosto em seus cabelos, ela era tão pequena em meus braços, tão indefesa que me deixava bobo.

Como alguém foi capaz de fazer isso com ela? Como alguém conseguiu tocar nela?

-Nick.- ela se afasta com os olhos cheios de lágrimas.- Eu não tenho nenhuma doença, a gente se beijou, mas eu não...

-Eu nem estava pensando nisso, Ally.- acaricio a bochecha dela.

-Desculpa chorar desse jeito.- ela tenta sorrir enquanto limpa.

-Pode chorar sempre comigo.- seguro o queixo dela.- Vou estar sempre aqui, ouviu?

-Obrigada.- ela me observa.

-Venha cá.- eu a puxo de novo.

Ela ri baixinho e afunda o rosto em meu peito, apoio o queixo no topo de sua cabeça e fecho meus olhos enquanto a aperto em meus braços.

Sinto ela encolhida em meus braços e acho que quero ela pra sempre neles, proteger ela assim para sempre, não deixar ninhue mais machucar ela daquele jeito.

-Quer comer pizza?- pergunto.

-Quero.- ela sorri se afastando e limpando as lágrimas.

-Ok.- me levanto junto com ela.

Saímos do quarto e o pai dela está pagando a pizza, sento em uma das cadeiras e Alisson ajuda Jane a pegar os pratos e os copos.

-Então, seu treinador deixa você comer isso?- o pai dela pergunta.

-Não tenho jogo essa semana, ele só faz vista grossa quando tem jogo.- explico.

-Para com isso, pai.- Alisson senta ao meu lado.- Se apostar ele conta pro seu treinador só pra ver você se lascar.

-Claro que não, eu sou um homem responsável.- o pai dela fala e sorrio.- Tá rindo porque, garoto?

-Nada, nada não.- balanço a cabeça.

Nossa, ainda bem que Alisson tinha o pai dela, ou qualquer pessoa para passar com ela por isso, por que não imaginava alguém sorrir depois do que ela passou.

Mas só pensava que eu estava aqui agora, e faria qualquer coisa para continuar deixando ela com um sorriso e rindo daquele jeito.

Acordo Com O InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora