Capítulo 18

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    Não consigo conter as emoções dentro de mim, e por um leve segundo, consigo sentir as emoções de Az vindo em meu nariz como um perfume. Deve ser a aventura ao desconhecido me deixando vidrada demais.

     As mãos de Az me seguram e me sinto segura. Não por ser ele, mas isso também tem grande envolvimento, mas é o local em si onde voamos. Há árvores de diversos tamanhos, vejo animais lá embaixo, e no horizonte mais ao sul, vejo até árvores balançando de forma ameaçadora.

—Bisões de caça - Az responde pra mim, sem sequer olhar pra trás.

—Suas sombras que te avisaram? - sorrio maliciosa, com as mãos em seus ombros. As sombras delineadas e finas não tocam meus dedos, mas os rodeiam, e vez ou outra sinto um cutucão meio úmido e quente, e sei que são elas me dando pontadinhas. Como um animal desconfiado vendo se é confiável se aproximar.

—Algo do tipo - ele me lança um dos seus sorrisos de canto, mas vejo um franzir eternizado em suas feições agora.

    Quero perguntar o que te perturba, se está preocupado com as coisas, mas só consigo pensar em um nome. Elain. É bem provável que ele esteja preocupado com ela, não? Ou a forma como ela irá reagir ao meu ver... Sinceramente não sei.

    Por isso, seguro seu pescoço com mais força e lhe dou um beijo no rosto, conforme o sol vai subindo no horizonte vagarosamente.

—Beijo pela carona? - ele debocha e lhe dou um dar de ombros, fingindo pensar.

—Talvez. Mas é que você parece tenso, só queria ver se relaxava um pouco.

    Ele suspira, e seu hálito de menta toca meu rosto.

—Estou um pouco tenso sim, mas não tem nada a ver com você. Muito pelo contrário, você facilita as coisas.

—É sobre o lance de você não ter contado a ninguém aonde ia? -murmuro baixinho.

—Sim. Achei que tinha sido claro ao falar que iria apenas rodear por aí, me divertir um pouco. Mas o problema é que a comunicação, como você sabe, é difícil. Eles provavelmente pensaram o pior. Foi por isso que Nestha decidiu ir até lá e ver o que estava acontecendo.

—Então suponho que eles também não saibam que existo - franzo a testa, olhando para o horizonte rosado. Ele assente, respirando pesado.

—A não ser que Cassian tenha aberto a boca, o que não duvido. Esse é maior problema. Porque não terá sido eu a contar. Rhysand detesta isso.

    Eu aperto seus ombros, e falo a maior verdade:

—Se quiser conto com você, até porque a parceria não envolve apenas um só.

    O olhar de Azriel cai sobre o meu e ele abre um sorriso mínimo, mas assente, parecendo mais tranquilo. O caso é que, consigo ver uma capa caindo sobre ele, como um manto, e aposto que as sombras e tudo o mais tenha ajudado a criar esse Azriel mais distante.

    Não sei como me sentir sobre essa mudança repentina. Deve ser de fato estranho voltar para seu mundo carregando uma humana nos braços, apresentando ela como sua parceira. Eu sequer consigo explicar em palavras, quem dirá na mente.

    Por isso, o restante da viagem voada, eu faço perguntas sobre os locais que ele gostava de voar quando mais jovem, quando as preocupações com guerra e violência não tomavam todo seu tempo.

    E através da névoa da manhã, eu a vejo.

    A montanha imensa no horizonte. Ramiel. Eu a reconheceria mesmo em sonhos. E ela é o dobro do tamanho daquela em Zermatt, na Suíça. É como ver uma cópia, mas a original me tira o ar assim que a vejo.

Corte de Sombras e MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora