Capítulo 51

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  Meus dedos estão roçando a capa do livro que Azriel me deu, minha mente  completamente longe. Por que é tão difícil? Por que precisa ser difícil?

  Só precisaria abrir a primeira página, virar as folhas e ler. Somente isso. Nada monumental ou sobrenatural. Mas sequer consigo abrir a capa e ler a introdução, o nome do autor que provavelmente já morreu há décadas e deixou seu conhecimento pras próximas gerações.

  Não sei de onde essa aflição vem. Talvez seja porque cresci e o mundo da fantasia ficou na adolescência, nas madrugadas acordada, encarando as páginas, me imaginando naqueles cenários pitorescos. A maior ironia é que caí dentro de um livro e faço parte dele. Mas mesmo assim, não consigo tocar nenhuma história.

  Afasto o livro dos meus dedos, me sentindo pesado. Falta cinco minutos, pelos meus cálculos, pra Azriel bater à minha porta e voarmos até a Casa, treinar o dia inteiro e cair acabada na cama.

  Eu deveria ficar mal humorada com isso. Mas não fico. Sinto o estômago gelando a cada segundo que passa, ansioso. Ansioso demais pro meu gosto. Só devo estar me deixando levar pelos comentários de Nestha, que parecem me assombrar como monstrinhos no escuro.

  A batida na porta vem mais cedo do que eu esperava, levanto da cama e abro a porta, prendendo a respiração. Porque tenho feito isso toda vez que olho para Azriel, mesmo que seja impensado. É como olhar uma obra de arte, talvez a Monalisa. Você sequer respira perto dela, com medo de estragar uma obra prima valiosa.

  Estou prendendo a respiração quando a porta se abre por total, e a mulher do outro lado me choca. É Feyre.

—Desculpa vir sem avisar - suas bochechas estão coradas, mas não está frio, e certamente ela não teria vergonha de vir aqui. —Você poderia me acompanhar até o escritório?

  Franzo a testa, confusa. Escritório?

—Mas e meu treino com o Azriel? - pergunto, a seguindo para fora. Feyre suspira, balançando a cabeça.

—Adiado por alguns dias, acho.

—Aconteceu alguma coisa? - seguro seu braço, a parando no meio do corredor. —Estão todos bem?

  Seu olhar antes um pouco perdido parece ganhar um brilho de solidariedade.

—Sim, estão todos bem, Sol. Não se preocupe.

  Conforme a sigo pelo corredor, noto que ela não respondeu a primeira pergunta. Isso começa a me assustar.

 De pé ao lado da janela, noto o sol fraco da manhã entrando e iluminando  cada canto escuro do aposento

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 De pé ao lado da janela, noto o sol fraco da manhã entrando e iluminando  cada canto escuro do aposento. Como um aviso tranquilo que a vida lá fora está ocorrendo da forma que deveria, enquanto aqui dentro as coisas estão indo por água abaixo.

  Rhys, jogado na cadeira atrás da própria mesa, está apoiando a cabeça nas mãos, o olhar perdido. Cassian, ao seu lado, acaricia suas costas, o semblante fechado. Nestha tem sua própria carranca pensativa, assim como Amren que sussurra para ela. Mor, por outro lado, está andando de um lado para o outro, fechando os punhos. 

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