—Você tá zoando com a minha cara - eu falo, encarando Azriel. Ele pisca, chocado pelo tom da minha voz.
—Não, não estou, Sol - ele suspira, passando a mão pelos cabelos. E eu fico ali, travada no chão como se milhões de tubos de colas tivessem caído em cima de mim. Odeio a sensação.
Não pode ser verdade. Deve ser dia da mentira aqui em Prythian, é a única explicação que minha mente consegue pensar. Mas Azriel parece pensar diferente. O semblante está fechado, completamente diferente do macho que me beijou na cama. E isso é bom. Porque se ele estivesse lindamente sorrindo teria um enorme problema.
—Então é isso? - pergunto, me virando pra ele. Seus olhos -que obviamente continuam lindos e brilhantes- me focam. —Minha mãe vai encontrar com Keir à sós? Tipo, completamente sozinha só porque aquele tapado mandou?
Há o fantasma de um sorriso em seus lábios quando ele toca meu rosto.
—Acho que Rhysand não vai permitir que isso aconteça. Não de novo. Keir já está passando do limite quanto a essas exigências sem sentido.
Eu assinto, sentindo o calor da sua palma esquentando meu corpo. Não me afasto do toque. Seria completamente estúpido fazer isso agora, levando em consideração que eu acabei de lamber a boca dele como uma esfomeada.
—Acha que vamos precisamos voltar pra Velaris? - me vejo perguntando, um pouco nervosa. Azriel me olha com algo refletindo nos olhos. Parece... vergonha. —O que foi? - eu o empurro de leve, arqueando uma sobrancelha. —Por que essa cara do nada?
—Porque você não vai pra Velaris - Az suspira. —Mas eu vou. A carta de Rhysand me pediu isso.
Relembro as palavras, uma por uma. Me sinto tonta por não achar nada que diga que ele deva ir.
—Acho que está enganado - eu aponto para a pia, onde a carta já sumiu há tempos. —Não lembro de nada disso escrito naquele papel.
—Não de forma explícita - Azriel se apoia na parede, cruzando os braços. É um sufoco ficar dividida entre a sensação do seu corpo no meu e o medo por minha mãe.
Ok. Minha mãe é mais importante.
—Então só porque você entendeu um código naquela carta significa que eu devo ficar aqui enquanto você vai? - cruzo os braços, parada na frente dele. Não me importo dele me ver ficando com raiva. —E que diabos de código era esse?
—Sobre outros conseguirem ler os pensamentos - ele abana a mão ao redor da própria cabeça, sua sombras se soltando e voltando para o seu corpo como ímãs atraídos por ferro. —Acho que ele desconfiou que você conseguiria ler meus pensamentos por causa do laço.
Eu bufo, ficando ainda mais irritada. Rhysand é um pé no saco quando quer.
—Eu não consigo ouvir nada de você a não ser que atire na minha direção - eu resmungo. —E eu certamente vou ir se você também vai.
—Sol - Azriel se endireita, as asas se esticando atrás das costas.
—Nem vem com essa de me chamar pelo nome, Az - eu saio do banheiro, porque obviamente não há a chance de encontrar Lindara arranhando a porta com seu sorrisinho idiota. O quarto está escuro, da mesma forma como deixamos quando... bem, quando estávamos nos pegando como dois animais.
—É perigoso - ele reclama atrás de mim, me seguindo. Eu reviro os olhos.
—Eu fui enfeitiçada pra parecer minha mãe na primeira vez, Azriel - viro pra ele. —Posso fazer o mesmo de novo. Se ele quer ver minha mãe, é porque quer algo, e se depender de mim não vai ter nada.
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Corte de Sombras e Mundos
RomanceOBRA INSPIRADA EM ACOTAR DE SARAH J. MASS Numa festa de casamento, a última coisa que você espera é dar de cara com um personagem que não existe na vida real. Quando isso acontece com Sol, no casamento de sua prima, é só o começo de coisas estranha...