Invocação Golem 2 - O despertar dos Dungeons

Capítulo 26 - Dungeon aberto!

Sou tão ingênuo. Como pensei que ganharíamos com esta mísera força de 10.000 golens?

Nossos barcos balançavam incessantemente. Ondas ameaçavam nos engolir a qualquer momento e monstros enormes saltavam da água. Alguns fugiam e outros nos atacavam.

Samanta dava ordens sem descanso para os golens.

– Direita, atrás, na frente! Rápido! Rápido! Rápido!

Cheguei ao ponto em que não conseguia controlá-los sozinho. Eram movimentos demais acontecendo ao mesmo tempo. Os ataques vinham de todas as direções, principalmente debaixo d'água.

Além disso, precisava vigiar que ninguém caísse na água, que os relâmpagos não nos atingissem e que ninguém tentasse me matar no meio de tudo isto. Não podia esquecer que era um homem odiado por muitos aqui. A possibilidade de uma tentativa de assassinato era grande e eu sempre sentia um desconforto, como se alguém estivesse me vigiando.

Dividi os golens em grupos menores para que meus companheiros os controlassem. 10.000 eram demais e os ataques estavam cada vez mais constantes. Definitivamente o dungeon dos Costa foi aberto.

O Dungeon Caramuru, como era conhecido, se localizava debaixo da ilha Costa. Ninguém nunca chegou ao último andar. O máximo que alcançaram foi o 46º andar, onde encontraram criaturas de nível A.

Como o Reino de Isis não tinha um humano nível S há séculos, enfrentar esses andares era impossível. Além disso, a família real não queria correr o risco de enviar níveis A para lá sabendo que poderiam nunca mais voltar.

5 Das minhas harpias sobrevoavam o céu me informando sobre como estavam as coisas à frente. Elas avistaram uma doma azulada semitransparente cobrindo um castelo no meio do oceano. Era o Castelo Costa. O restante da cidade afundou.

Os guerreiros Costa se desesperaram ao ver o estado da sua cidade. Eles queriam avançar, mas eu hesitei. Todos os meus golens mantiveram suas posições e os guerreiros foram obrigados a parar também.

O corpo da serpente gigante estava saindo de trás dessa ilha. Justamente da localização do dungeon. Ela tinha no mínimo 1km de espessura!

Nem consigo imaginar o comprimento. 100, 200km? Essa coisa é maior do que o dragão! Como pode ser tão grande?!

Um dos guerreiros, o que sempre ficava perto de Jean, veio até mim receoso.

– Lorde Oscar, por favor, ajude o nosso povo. Prometo que o recompensaremos a altura.

– O que?! Não é questão de recompensa Raoni. Não está vendo a serpente gigante? É morte na certa se formos para lá. Temos que fugir.

– Não, não, Lorde Oscar. A barreira Costa é uma das 5 mais poderosas do reino. Ela resistirá! Por favor!

Os outros guerreiros tinham rostos de súplica também. A atitude deles mudou completamente agora que precisavam da minha ajuda. Infelizmente não sabia se poderia mesmo fazer alguma coisa. Sem contar a enorme serpente avermelhada que provavelmente poderia esmagar o castelo de um golpe.

Haviam dezenas de tornados e redemoinhos d'água ao nosso redor. Alguns eram tão fortes que nem os meus maiores golens conseguiam resistir à correnteza.

– E como acham que poderemos entrar lá? Duvido que abram a barreira.

Raoni saltou até Jean, que ainda estava deitado no seu crocodilo. No momento, seus guerreiros ficaram lá também para protegê-lo mais de perto. O guerreiro pegou um disco azulado cheio de runas dentre as roupas de Jean. Curiosamente, era parecido com o núcleo do Dungeon do Castelo Negro que eu adquiri assim que cheguei aqui.

[Alerta! Núcleo do Dungeon Mboi Tu'i encontrado.]

É-é-é um núcleo de dungeon!

Quando adquiri o núcleo do dungeon do castelo negro, o sistema me disse que se chamava Dungeon Imortal.

Agora, este era Mboi Tu'i? O que isso significa?

[Mboi Tu'i é o deus e senhor das criaturas aquáticas.]

Espera! Aquele monstro é um deus! O que estamos fazendo aqui?! Temos que ir embora de imediato!

Comecei a dar ordens aos meus golens de recuar. Com ou sem os Costa, eu iria embora daqui.

De repente um homem apareceu bem entre mim e Raoni. Era um senhor de longos cabelos e barba branca usando uma túnica azulada. Era a figura perfeita de um mago de uma história de fantasia.

Ele tinha suas mãos atrás das costas quando fixou seus olhos no disco na mão de Raoni.

– Oh, o núcleo do dungeon! Justo o que preciso.

Diferente de todos que já conheci até agora, o senhor não emitia nenhum mana. Se não o estivesse vendo, nunca saberia que estava lá.

O velhinho estendendo sua mão segurou o disco que emitiu uma leve luz azulada.

Raoni se alarmou no começo, mas assim que reconheceu quem era abriu um sorriso de orelha a orelha.

– Supremo Afonso! Graças aos mares, estamos salvos!

Alice viu o velhinho e o reconheceu.

– Oh, vovô Afonso?

– Oras, mas que surpresa te ver aqui Alice. Vejo que fez muitos amigos. Infelizmente não temos muito tempo para conversar, senão te levava naquele seu restaurante favorito na cidade. Se bem que ele não existe mais.

Antes de que ela pudesse responder, ele se dirigiu para o guerreiro Costa.

–Raoni, vocês trouxeram o item?

– Sim Supremo. Lá está ele. A missão ocorreu como planejamos.

Raoni apontou para a caixa vermelha. Quando percebi, o velhinho já estava do lado dela com a chave de Jean na mão. Ele a abriu rapidamente e a lança saltou para fora tentando fugir. Ele a segurou com uma mão feita de pura magia e a trouxe de volta.

– Hahaha, tentando fugir? Você e eu temos muito trabalho a fazer.

Diferente de quando Jean a segurou, runas brilharam na arma inteira. Aquela lança, que parecia tão simples, aumentou mais um metro de tamanho e se transformou em uma esplendorosa arma digna de deuses.

Rapidamente comandei o sistema para que analisasse o senhor.

[Afonso Costa nível S1.]

Um nível S?! Pensei que não haviam humanos níveis S!

Nenhum dos livros que li mencionava eles. Diziam que não se via um a centena de anos. Como era possível?

Não demorei muito para entender que esse era o tipo de informação que não seria facilmente revelada em um livro da mesma forma que as habilidades dos Limia eram mencionadas de maneira superficial.

Afonso flutuou no céu, a água ao seu redor o acompanhava formando uma plataforma para que ele parasse sobre ela. Todo o ambiente ao nosso redor mudou. A água parecia viva formando esferas e dançando na forma de serpentes ao redor dele.

O mago, a arma e o disco criaram uma sincronização tão poderosa que ondas de energia reverberavam através de nós. As águas se acalmaram e tudo parecia parado por alguns instantes, até que notei que entre os raios um par de olhos vermelhos nos observavam.

Aquele olhar me fez sentir quão pequena era minha existência. Enquanto mais passava o tempo, menor eu me sentia.

Deveria ter fugido antes. Agora é tarde demais.