Capítulo 35 - Sequestro

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Geralmente, as pessoas daqui demoram anos a décadas para passar um nível. Sem contar que não depende só do tempo como também da sorte e capacidade de compreender o mana.

Eu tenho a vantagem de poder passar de nível sem precisar aprender nada já que o sistema me dá a informação necessária cada vez que avanço como se fosse um programa de computador sendo baixado no meu cérebro.

Espero que seja da mesma forma para Alice e Samanta que estão na minha Party agora.

Satisfeito, me cobri com a Capa Golem e fui dormir. Entretanto, mal consegui fechar os olhos. Me revirava de um lado a outro da cama pensando que tinha alguma coisa me incomodando.

Ugh, o que pode ser isso? Melhor sair para tomar um ar fresco.

Abri os olhos e um vulto estava sobre mim. Não tive tempo de reagir. Um pano preto foi posto sobre minha cabeça e perdi a consciência.

Acordei não sei quanto tempo depois sentindo alguma coisa estranha nas minhas pernas. Abri os olhos com dificuldade e vi através das aberturas do pano preto que eram as minhas pernas sendo arrastadas pela terra. Alguém estava me levando!!!

– Hehehehehe! Capturei ele com tanta facilidade! Finalmente vou finalizar esta missão e receber a minha recompensa!

Uh?! É a voz do Falconi! Ele me sequestrou? Ele é um assassino?

Queria uma explicação. Queria enfrentá-lo e perguntar suas razões, mas lembrei que meus golens não estavam por perto. Ele também era nível C e sem contar que a Capa nem minha Armadura Golem reagiram.

Tentei me comunicar com os golens e invocações, mas ultrapassamos a distância máxima. Além disso, minhas mãos e pés foram amarradas com aquele metal anti-magia.

Já sei! Ele não sabe que acordei ainda. Aliás, tenho alguns golens guardados no Inventário... Quando ficar distraído, vou fugir.

Meu momento chegou minutos depois, quando fui jogado entre pedras e terra.

– Ufa, mas esse gordão é pesado até mesmo para mim. Que tal, cumpri o prometido, não é? Onde está o meu pagamento?

Tchin.

O barulho de uma sacola com moedas ressoou. Esse tipo de eco somente aparecia em um lugar que eu estava muito acostumado, uma caverna!

A pessoa com quem Falconi está deve ser a que o contratou para me sequestrar.

– Ei, posso ficar para ver a tortura?

Tortura? Serei torturado?!!! Ai não, outro maluco querendo vingança.

De repente, estática percorreu o lugar inteiro.

Chi chi chi chi!!!

– Ei! O que você está fazendo? Está achando que consegue me matar só por ser de uma família nobre? Vai sonhando!

Bam, bhom, bhom, chi!!!

Uma poderosa batalha se passava ao meu redor e eu nem podia ver o que estava acontecendo. Só os ventos e pedregulhos que me atingiam e me jogavam de um lado a outro deixavam pistas sobre a luta que não podia presenciar, até que um líquido quente e de cheiro metálico caiu no meu corpo.

As coisas se acalmaram e passos se aproximaram da minha localização.

Isso não pode ser nada bom. Tenho que agir!

Uma mão alcançou o meu colarinho. Me preparei para abrir o Inventário e liberar meus golens. Entretanto, meu corpo foi projetado para longe e o som de espadas colidindo ressoou na caverna.

Por coincidência, o pano que cobria minha cabeça ficou preso na rocha em que bati e saiu da minha cabeça quando desci ao chão.

A garota encapuzada!!! Ela me sequestrou?!

– Kyayaya!!!

A garota tinha uma fina espada na mão esquerda enquanto se defendia de 5 demônios barulhentos. Eles desapareciam continuamente em nuvens de fumaça com os seus teletransportes tentando acertar a menina com suas garras nos seus pontos fracos, mas a garota se defendia de todos os golpes com perfeição.

Como se tivesse olhos nas costas, sua espada desviava absolutamente todo ataque que se aproximasse. Nenhum demônio conseguiu tocá-la.

Houve uma pequena pausa na batalha e, de repente, voltei a sentir aquela estática de antes. O manto que cobria a garota se movia mesmo sem vento e da sua mão direita saíram pequenos raios.

Os demônios inferiores trocaram olhares e se afastaram assustados.

Que estranho. Esses monstrinhos malucos não fugiram nem quando o meu grupo usou todos os seus poderes juntos.

Por sorte, aprendi a língua dos demônios. Assim, pude entender o que os preocupava.

– Kyu, a humana tem aquilo.

– Kyo, temos que matá-la. É uma ameaça.

– Kye, vocês estão malucos? Não podemos matá-la se ela tem aquilo. A mestra também não vai gostar se fizermos isso. Ela disse para levá-los vivos e já perdemos um.

– Kyu, kyu!!! Tive uma ideia! Tem uma coisa que eles nunca escaparão.

– Kyo! Você quer dizer... Não, não! Você enlouqueceu? Eles vão morrer!

– Kyu, claro que não, talvez perder um pedaço ou dois, mas podemos mantê-los vivos. Vamos!

Os olhos vermelhos ocultos nas sombras desapareceram lentamente um a um e fiquei novamente sozinho com a minha sequestradora. O corpo de Falconi jazia imóvel entre nós. Uma poça de sangue se formou debaixo dele.

Só espero que esse não seja o meu fim.

Invocação Golem 2 - O despertar dos DungeonsOnde histórias criam vida. Descubra agora