Capítulo 52 - Espólios de Guerra

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O corpo do duende, que sempre flutuava, finalmente caiu quando perdeu sua cabeça. Enquanto isso, os escombros ainda não paravam de cair. Me apressei dando comandos aos Salixs.

– Rápido, ativem sua habilidade de Plantação.

Os olhos vermelhos das minhas invocações brilharam. Suas raízes se espalharam pelo chão e teto. Suas formas agora pareciam mais com a de salgueiros-chorões. Aos poucos, o ambiente se estabilizou e as vibrações pararam.

Agora que passei para o nível C, não gasto tanto mana para mantê-los invocados como antes.

Quase não utilizava esta habilidade, mas era a mais poderosa que possuem. Os Salixs podiam se transformar em árvores e contaminar o ambiente ao redor deles transformando-o em seu domínio. Dessa forma, toda árvore passava a ser controlada por eles.

É uma pena que quase não uso essa habilidade. Sempre estamos mudando de lugar. Talvez um dia possa deixá-los livres ao redor do Castelo Negro. Meus inimigos pensariam duas vezes antes de pisar numa floresta mal assombrada.

Escutei alguns barulhos e me virei assustado. Era o pequeno esqueleto que saiu da minha sombra. Ele inspecionava alguns tesouros jogados pelo chão. Seu interesse foi tomado principalmente pelas diversas joias espalhadas.

– Ei, você saiu só para pegar os meus espólios de guerra? Uma ajudinha no meio da luta teria sido bem vinda.

Ele me olhou por uns instantes como dizendo "e que diferença eu faria?". Depois, continuou revirando os escombros em busca de coisas que pudesse levar.

Algumas das minhas Formigas Golem foram amassadas pelos escombros me deixando com 135. As apressei para juntar os tesouros. O Pangolim se tornou o líder dessa missão organizando seus movimentos. Ele apontava suas pequenas garras aqui e ali identificando os tesouros ocultos debaixo dos escombros.

Ele evoluiu tanto, já está até dando ordens... Vou deixar que fique com alguns desses tesouros. Quem sabe? Talvez ele ganhe uma habilidade útil.

Bebi mais duas poções de cura. Agora, sobravam somente duas. Não eram suficientes para me curar. Porém, preferi guardá-las caso precisasse delas em uma emergência. Além disso, tinha coisas mais importantes para cuidar.

Hehehe, finalmente! Com estes dois espíritos serei imbatível. Que pena que seus corpos estejam muito destruídos, senão os transformaria em golens.

Corri até o corpo de Crofa. Sua alma flutuava calmamente sobre seu corpo. Era poderosa e selvagem.

Preparei o terreno colocando uma pequena montanha de cristais de mana do meu lado caso precisasse de mais energia. Em seguida, comandei as Correntes Espirituais que o rodeassem lentamente. Se tocassem a alma, ela despertaria e lutaria contra o meu controle.

Assim que as correntes deram algumas voltas, as puxei apertando o corpo do javali e finquei às 4 garras no seu corpo.

– Graaa!!!

Como o esperado, o monstro lutou contra às amarras se debatendo. A terra ao nosso redor vibrava fortemente e temi outro desabamento.

Apontei uma mão para a pilha de cristais e absorvi o mana neles ao mesmo tempo em que apontava a outra mão na direção do javali.

Runas começaram a aparecer sobre sua alma selando seus movimentos. Sua resistência ficou cada vez mais fraca até que ganhei a nova invocação.

[Javali Crofa nível C1 adquirido.]

– Uhu! Mais um para a coleção.

Depois fui de encontro com o duende. O observei por um tempo pensando em como ele me deu trabalho.

Este foi sem dúvida um dos piores inimigos que enfrentei.

Fiz o mesmo ritual de preparação com uma pilha de cristais antes de começar, mas me detive. O cajado de Jaci estava aos meus pés. Se não o tivesse visto em ação, pensaria que era um simples galho de árvore. Graças a minha visão melhorada, percebi o espírito oculto nela. Era uma arma mágica muito especial.

Me agachei para pegá-lo. Entretanto, uma energia verde saiu dele me empurrando para trás.

Oh, é mais poderosa do que imaginei. Que sorte grande!

Olhei para minha mão e tive uma brilhante ideia. Controlei minha magia cobrindo somente ela com a Aura do Soberano. Assim, não gastaria tanto mana e ainda teria os benefícios da técnica.

Com minha mão coberta pela aura preta com listras vermelhas, segurei o cajado. Uma aura verde saiu dela pensando em lutar contra mim. Mas, ao sentir minha aura, recuou imediatamente e deixou que a levantasse.

[Cajado Jaterê nível 7 adquirido. Habilidades: 2x regeneração de mana, +700 de mana, 2x força de magias de ar, -50% custo de conjuração e magias de ar.]

– É muito mais pesada do que parece. Deve passar de 100kg.

Quase não usava magias de ar, mas a arma era perfeita para mim. Mais mana era sempre bem vindo. Além disso, senti a estranha presença brincalhona do espírito da arma. Era inquieta e gostava de movimento.

Minha mão se movia contra minha vontade. Parecia um maestro de orquestra subindo e descendo. Precisei me esforçar um pouco para manter a arma sob controle.

Peguei o saco marrom na cintura de Jaci com facilidade. Era uma bolsa espacial parecida com o Inventário, mas o espaço era muito menor do que o meu. Não passava de 10m³.

Hum, darei este para Pietro assim que o ver de novo. Ele pode guardar os seus ingredientes aqui. Além disso, Samanta já tem o dela e Alice possui o seu misterioso poder que consegue guardar objetos.

Mesmo assim, itens espaciais com dimensões paralelas eram raros no Reino de Isis. Definitivamente, um destes seria considerado um tesouro de máxima prioridade para uma família nobre.

A alma branca do duende flutuava calmamente. Me preparei mentalmente e a cerquei como fiz com Crofa.

O duende resistiu com mais intensidade quando as correntes o tocaram. Seu ódio contra mim parecia fortalecê-lo. Meus pés foram arrastados para fora do chão com o tremendo poder de vento do espírito. A Capa Golem teve que ajudar me amarrando as raízes dos Salixs ao nosso redor.

Em um momento, ele quase se soltou das amarras e tentou me atacar com suas garras. Chegou a ficar a 10cm do meu rosto, mas as Correntes espirituais o seguraram no lugar.

–Ah! Você não me deixa em paz nem na minha morte seu humano nojento. Vou me vingar, você verá!

Não me preocupei e ativei a Aura do Soberano sobre as correntes fortalecendo seu poder.

– Depois que você se tornar a minha invocação não haverá vingança nenhuma. Só desista.

Ele balançou as mãos tentando me alcançar. Pulei para trás desviando com facilidade. Por fim, as correntes aprisionaram suas mãos e ele recorreu a mordidas.

Seus dentes afiados ficaram a 2cm de mim, mas assim que as garras das correntes o perfurara o enfraqueceram até que o espírito do duende foi paralisado. As runas se espalharam pelo seu corpo e tudo acabou.

[Duende Jaci nível C1 adquirido.]

Ele desapareceu em um dos meus portais violetas e não pude evitar ter um sorriso no rosto.

– Hehe, te farei trabalhar muito no futuro.

Minha felicidade aumentou ainda mais depois que vi o Pangolim dançando encima de uma montanha de tesouros. Ele e as formigas coletaram muita coisa.

– Muito bem Pangolim, você pode escolher alguns. Não os teria conseguido sem você.

Os olhos do meu golembrilharam de alegria e logo ele mergulhou no meio da montanha absorvendo algunsdeles.

Invocação Golem 2 - O despertar dos DungeonsOnde histórias criam vida. Descubra agora