Capítulo 46 - A sala dos tesouros

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Vi o Pangolim pulando os 10 degraus do altar do esqueleto demônio e pensei em como ele terminaria esmagado pela enorme pressão da aura vermelha.

Não quero que acabe assim. Tenho que fazer alguma coisa!

Liberei minha Aura de Soberano. A aura vermelha fugiu abrindo caminho para mim. Minhas correntes espirituais saíram por baixo da capa me dando um impulso contra o chão até o Pangolim. Estendi uma mão tentando alcançá-lo.

Não conseguirei a tempo.

A aura vermelha o envolveu como se fosse uma boca cheia de dentes afiados. Para o meu assombro, o Pangolim pulou na aura, virou uma bola e quebrou o teto.

Tropecei e bati de cabeça no primeiro degrau. Não acreditava no movimento do meu mascote.

Entulho caiu lá de cima sobre a cabeça do esqueleto demônio. O observei esperando por uma reação.

– Aposto que você se vingaria se estivesse vivo, não é?

Juntei minha coragem e pulei atrás do Pangolim. O túnel que ele fez não era tão grande, mas o segui facilmente empurrando a terra para os lados com os meus poderes.

Me deparei com um brilho vermelho ofuscante. O túnel inteiro era feito de cristais de mana corrompidos!

Então tudo ao redor daquele esqueleto são cristais de mana corrompidos. Que achado! Se purificar tudo isto, quanto conseguirei? 10 mil? 50 mil cristais?!

O túnel de cristal carmesim continuou por mais 30m. Depois, pedras e terra começaram a aparecer misturadas com eles.

Finalmente, ao completar 100m sai em um enorme quarto de 1km² com paredes de pedra. Abri minha palma e iluminei o lugar com uma chama. Havia ouro, joias, armaduras, espadas, plantas estranhas, amuletos, livros, poções, pedras preciosas... Tudo organizado em prateleiras.

As prateleiras tinham 27m de altura e os tesouros chegavam até o teto. Não havia sequer um espaço vazio, ou era o que pensei. O Pangolim estava segurando um dos tesouros bem no meio da sala.

Conhecendo meu camarada, sabia que aquele devia ser a melhor coisa daqui. Saltitei alegre em sua direção, porém minha felicidade acabou no momento seguinte.

Minha chama iluminava pouco, mas vi quando uma mão branca enrugada saiu das sombras segurando um velho cajado, que parecia ter sido arrancado de uma árvore velha.

O bastão de 1m descendeu sobre a cabeça do Pangolim com tamanha velocidade que só tive tempo de piscar.

Ele também sentiu o perigo. Se transformou numa bola, ativou o seu escudo e o bastão o acertou.

Thunnnnnn!!!

Um som metálico veio do meu golem. O bastão o atingiu um pouco de lado lançando-o como uma bola de gude para longe. Ele passou bem do meu lado fazendo um som de "zhum". Em seguida, bateu em uma armadura do outro lado e afundou o material. Depois, continuou batendo no chão, no teto, em um abajur, uma espada, uma poção vermelha, uma estante de livros e, finalmente, em uma bola de pelos de 5m de altura que parecia um pufe do outro lado da sala.

Ele se abriu e andou de um lado a outro como se estivesse zonzo. Então, caiu e parou de se mover.

A bola de pelos atrás dele se levantou grunhindo. Era um javali de olhos amarelos. Suas presas eram de ouro.

[Crofa, javali bravo nível C1, vida 1400, força 59, magia 50, espírito 58. Habilidades: investida 6, manipulação de terra 4, presas esmagadoras 3.]

O chão ao redor do javali vibrou. As pedras ameaçavam se desprender. De repente, ele sumiu do lugar em que estava e bateu de frente comigo.

A Armadura Golem tentou colocar seu escudo feito com as 4 lâminas na minha frente para me proteger, mas foi lenta demais. O javali bateu de frente tirando o ar dos meus pulmões.

Fui lançado como uma bala de canhão contra a parede contrária. Meu corpo criou uma cratera na parede com o impacto e dezenas de pedras preciosas caíram das estantes.

O que foi isso? Ele se moveu tão rápido que quase não consegui acompanhar! Foi algum tipo de súper velocidade?

A maioria das minhas invocações ficou com a caravana ou com Samanta. Não queria chamá-las de volta, pois colocaria a vida dos meus amigos em risco. Por sorte, ainda tinha muitas invocações poderosas no meu controle.

Levantei a mão com dificuldade querendo invocar meus 3 espíritos Salix, mas fui surpreendido pelo cajado de madeira que quase acertou meu rosto.

Desta vez, meus golens estavam atentos. A Capa Golem criou uma barreira com um emaranhado de correntes e ativou sua barreira anti-magia. A Armadura cobriu o meu rosto com às 4 lâminas combinadas.

O golpe chegou com força e me mandou para longe. Deslizei pelo chão, mas o ataque não conseguiu me derrubar.

– Puxa, esses dois sim que são fortes.

O ser estranho que segurava o bastão parecia um velho duende branco com olhos feitos de cristal verde e cabelos loiros. Seu nariz e orelhas eram logos e pontudos. Ele flutuava se movendo em direções aleatórias como se deixando levar pelo vento.

[Jaci, duende branco nível C1, vida 1240, força 50, magia 59, espírito 56. Habilidades: manipulação de ar 5, ilusionismo 5.]

O sorriso cheio de dentes afiados do duende me perturbou.

– Hehehe, você é corajoso humano. Há séculos ninguém pisa aqui.

Invocação Golem 2 - O despertar dos DungeonsOnde histórias criam vida. Descubra agora