Alice
Enquanto eu percorria entre os carros que estavam parados ou em baixíssima velocidade no trânsito caótico de São Paulo, as palavras de Joseph latejavam em minha mente.
Não conseguia assimilar a ideia de um jovem bonito e com inúmeras possibilidades e vantagens pedir a minha ajuda pra conquistar uma mulher. Seria trágico se não fosse tão cômico. Me perguntava incrédula o por que isso mexeu tanto comigo?!
Será que era pelo fato da Laura ser de longe a mulher mais intrigante e misteriosa que já tinha ouvido falar e por eu já ter tentado tantas vezes negociar com os assessores dela uma oportunidade para a partir do meu trabalho, me mostrar a ela?! – sorri sentindo o vento acariciar meu rosto e constatar que Joseph estava tentando fazer o mesmo que eu já tentara tantas vezes.
Mas o que mais me incomodava era o fato de ele ser homem e certamente teria sucesso em seu plano com mais facilidade. Afinal, até onde eu sei, a tão poderosa Laura Veiga é hétero, e o que adiantaria meus mirabolantes planos na tentativa de me fazer ser conhecida a ela, se eu, mulher, lésbica, jamais teria chances.
Cheguei ao imponente edifício Dallas para a reunião que tinha marcado. O assunto de Joseph tinha me deixado tão encabulada que nem parei para almoçar. Segui direto rumo ao meu compromisso.
A reunião foi tudo dentro do esperado. Consegui fechar um contrato de grande importância e dessa forma, estava com mais uma empresa em ascensão na minha carta de clientes. Finalizei meu compromisso muito feliz e queria comemorar com minhas amigas. Ao entrar no elevador, liguei para a Carol, minha amiga confidente e a convidei para sairmos a noite pois tinha novidades a contar. Ela aceitou o convite e disse que levaria um casal de amigos, aceitei tranquilamente.
Antes de ir ao nosso encontro, descansei um pouco do dia corrido e organizei meus horários do dia seguinte.
--x--Fui a primeira a chegar ao Bar 507, onde marcamos nosso encontro. Escolhi uma mesa na varanda para poder ver o movimento da avenida. Pedi um chopp claro e enquanto estava à espera do pessoal resolvi marcar as aventuras para o final de semana. Agendei meu salto de paraquedas numa cidade a 150km da capital para o sábado de manhã.
Carol chegou como de costume, toda alegre, falando alto e rindo com dois novos amigos. Um moço alto, negro, cabelo black power lindíssimo, vestia uma calça jeans bem apertada e jaqueta igualmente jeans porém larga que completava o visual com uma camiseta ostentado as cores do arco íris, e uma moça linda, com cabelos curtos , pele morena clara, brincos grandes e roupa casual. Usava um delineador perfeito, fazendo realçar os olhos negros como jabuticabas que faziam contraste com batom carmin e um sorriso encantador.
- Oi "miga"! Saudade de você – Carol me cumprimentou com um beijo no rosto – esses são meus novos amigos. Gil e Bia.
- Prazer! Alice! – cumprimentei ambos com dois beijinhos no rosto para não perder o costume.
Gil já foi logo puxando uma cadeira e sentou-se ao meu lado chamando o garçom. Clara ficou a minha frente e Bia a frente de Gil. Bia se mostrou tímida.
Conversamos e nos divertimos ao longo da noite, enquanto por inúmeras vezes troquei olhares com a Bia que sempre que eu a olhava e nossos olhares se encontravam, ela desviava baixando o olhar e esboçando um leve sorriso no canto da boca, o que fazia aparecer uma linda covinha. Acredito que eu não estava conseguindo esconder minha admiração por aquela garota que surgiu inesperadamente naquele encontro.Gil nos contou que trabalhava como personal e que se soubesse de algum colega que estava a procura de um amor, era para disponibilizar o telefone dele, pois tinha certeza que logo encontraria algum homem bom igual a ele para viverem uma linda história.
Bia estava estudando para ser comissária de bordo, e nos contou que o curso intenso consumia muito seus dias devido os treinamentos que são obrigados a concluir antes de poderem ingressar no mercado de trabalho.
Carol, minha amiga de adolescência, alma gêmea fraterna é bióloga e muito tagarela. Estava animadíssima com a possibilidade de seu livro ser publicado, já que tinha passado os últimos seis meses praticamente enclausurada escrevendo sobre as minuciosidades biológicas das frutas – e nos contava os detalhes das floradas frutíferas e seus benefícios para nossa espécie.
Eu me mantive mais participante das conversas e acabei não contando as novidades do meu dia. Me concentrei então na troca de olhares com a Bia que foi ficando mais intensa a medida que a pilha de copos de bebidas ia se aumentando em nossa mesa.
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Amoras
RomanceLaura Veigas é a primeira CEO negra da capital paulista, com uma carreira brilhante e ainda em ascensão. Possuí hobbys clássicos e uma vida estabilizada, focada no trabalho. Extremamente controladora, gosta de tudo do seu jeito. É orfã e usou da sua...