Laura
- Aliceeeeee!! - gritei mais uma vez enquanto corria porta a fora, tropeçando nas pedras da estrada de terra.
Mal conseguia sentir meus pés tocarem o chão devido a onda de calor e disritmia que envolvia meu corpo. Olhei ao redor e tudo o que conseguia ver era uma cortina de fumaça que começava a cobrir o céu, clareada por chamas que vinham de dentro do muro.
Corri o máximo que minhas pernas aguentaram até o portão onde parte da equipe empurrava com ferramentas para o abrir.
Eu estava completamente atônita! Clamava pelo nome da Alice repetidamente como se fosse uma oração, uma prece elevada aos santos na tentativa de ouvirem seu nome.
O portão foi aberto e ao empurrar, saíram muitas moças vestidas com roupas brancas, correndo desesperadas sem olharem para onde iam. Algumas segurando na mão uma das outras, outras sozinhas, mas todas correndo em desespero. Enquanto elas saíam, eu queria entrar. A equipe de resgate foi dividida em duas:um grupo iria entrar no ambiente e outro prestaria atendimento a quem estava saindo do local.
Segurei pelo braço uma das moças que passou por mim correndo e olhando em seus olhos perguntei:
- Fala português?
Ela meneou a cabeça em positivo, com os olhos arregalados.
- Conhece a Alice?
Outra vez balançou a cabeça e apontou para as chamas possíveis de ver ao longe.
- Ela explodiu tudo! - me falou com os olhos marejados.
Não consegui ouvir uma palavra a mais. Minha Alice, o amor da minha vida, minha mulher, a mulher que eu quero me casar e ter filhos, constituir família e ter vida longa, em meio aos destroços da explosão?! Não podia acreditar.
Meu chão se abriu e na mais profunda imersão meu ser se colocou. Quis chorar, me descabelar, gritar, correr, me esconder. Tudo ao mesmo tempo, na mais profunda agonia.
Por um milésimo de segundo esse sentimento de desespero quis me dominar, no entanto, me lembrei que vim até aqui para resgatá-la e dessa vez, não ficarei apenas olhando e aguardando como foi com meus pais. Se é pra explodir, que eu me exploda junto dela. Nada mais nessa vida fará sentido se eu não a tiver comigo. Sua presença é a alegria da minha vida e sem ela, não vejo razão na existência.
Corri para o carro e enquanto a equipe entrava caminhando em trote curto, engatei a partida e acelerei sem pensar em mais nada.
Todo meu corpo reagia com ímpeto ao momento: coração disparado, boca seca, mãos e pernas trêmulas e os olhos deitados em lágrimas. Debrucei a mão na buzina para mostrar que estava passando e apenas acelerei portão adentro. Um caminho largo e comprido acabava na mansão em chamas. Vigorosamente puxei o freio de mão e numa derrapada estacionei o carro, já abrindo a porta e saindo em corrida a procura do meu amor.
Gritava pelo seu nome, procurando uma brecha para entrar na casa em chamas. Tudo queimava em um fogo translúcido, alguns escombros de reboco e pedaços de paredes caíam tornando o ambiente de altíssimo risco para desmoronamento e até então, nenhum sinal de vida.
As lágrimas rolavam em meu rosto como uma tentativa de meu próprio ser em apagar o incêndio gota a gota com meu amor. Em qual cômodo ela está? Rondava a casa gritando por seu nome, ainda com esperança de encontrá-la.
Novamente o sentimento de desespero me encontrou e fez morada em meu ser. Aos prantos, olhando a mansão queimar e se desmoronar, grudei as mãos nos cabelos e ajoelhei na grama, gritando:
- Alicee!! Nãããoooo!!!!
Num ato de desespero por sentir minha vida ser tirada mais uma vez de mim, esbravejei contra tudo, negando minha capacidade de viver, inconformada com minha eterna e frequente desgraça.
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Amoras
RomanceLaura Veigas é a primeira CEO negra da capital paulista, com uma carreira brilhante e ainda em ascensão. Possuí hobbys clássicos e uma vida estabilizada, focada no trabalho. Extremamente controladora, gosta de tudo do seu jeito. É orfã e usou da sua...