Alice
O final da tarde e à noite no hotel fazenda, foi incrível. Logo que chegamos, saímos com a Didi para um passeio, a fim de conhecer toda a estrutura da fazenda e ficamos encantadas com tanto cuidado em cada detalhe. É tudo muito requintado. A decoração é rústica, porém, luxuosa. Por ser final de semana, está com alguns hóspedes, e nós, apesar de não estarmos pagando para estar aqui, estamos sendo tratadas como tal. Dona Chica, não perdeu tempo e aproveitou o spa, a massagem, a piscina e, até se aventurou a tomar uns drinks no bar. Parecia criança curtindo férias. Enquanto isso, Didi e eu, conversamos muito. Logo após o jantar, servido no salão principal, começou uma roda de viola que, segundo a Didi, tem todas as noites. Acenderam a lareira que fica em um galpão lateral, com vários bancos de madeira bem baixinhos, e um grupo de violeiros animara os que se achegaram para participar. Um momento descontraído e muito gostoso. Nós três, cantamos e nos divertimos muito. Eu, fui a primeira a me recolher para o quarto. Como o hotel dispõe de uma área destinada a esportes radicais, optei por descansar para amanhã aproveitar.
Fui instalada em um chalé de madeira, um pouco afastado da sede. Tem tudo o que precisa pra poder passar uma semana aqui. Desde uma cama king size coberta com lençóis 300 fios, até uma mini cozinha e sala, com tv e lareira. Uma chiqueza sem tamanho. Didi e dona Chica, ficaram em quartos privativos na sede. Dei uma espiada no quarto da Chica, e apesar de ser menor e não dispor de cozinha e lareira, não deixa nada a desejar para o chalé.
Tomei um belíssimo banho e me perdi na cama imensa, confortabilíssima. Tive a impressão de ter piscado, e já amanhecera um belíssimo dia de sol. Abri as janelas que deram de frente a um bosque maravilhoso, florido e com passarinhos cantarolando felizes. Respirar o ar puro, com cheiro de mato, logo pela manhã, me enche de energia e disposição. Aproveitei o clima interiorano e me vesti como tal: calça jeans justa, camisa xadrez vermelha e regata branca por baixo, bota e chapéu. Saí do quarto, em direção ao salão para café da manhã, sentindo o coração bater forte, certa de que teria um grande e delicioso dia.
Didi e dona Chica me esperavam à mesa, com um belíssimo sorriso estampado em suas lindas faces. Tomamos café em companhia, regado a muita conversa e boa risada. A tranquilidade de estar na presença dessas duas, me preencheu a alma de modo a me fazerem esquecer, o quanto meu coração estava magoado. Avisei-as que estaria me divertindo e que, em algum momento, voltaria para vê-las. Beijei ambas no rosto e saí, feito uma menina saltitante a aproveitar meu final de semana que a vida me presenteara. Por um breve momento, ao ver os cavalos se alimentarem da seiva gramínea, me lembrei da Laura falando que um dos seus hobbies, é cavalgar. Imediatamente, a imagem do seu lindíssimo sorriso ao brincar que seria preciso vender uma das suas éguas preferidas para pagar o suco do nosso encontro pós alta hospitalar, me invadiu a mente e não mais saiu. Em tudo que olhava, a via. Cada mínimo detalhe desse lugar, lembra ela. Caminho por entre aquele verde sem fim e, me lembro de todos nossos momentos, do cheiro da sua respiração que me invadiu de forma sutil e do cheiro da sua pele, maravilhosamente pintada de melanina que me encanta e, por mais que eu tente com todas as minhas forças não lembrar, é impossível lutar contra. Envolta nesses pensamentos e lembranças, as sensações causadas em cada encontro, me envolvia, agora, debruçada na cerca do estábulo, contemplando o caminhar imponente daqueles equinos, que pareciam marchar, ao invés de galopar. Voltei à razão de que estava ali para me divertir, e não para ficar envolta nos pensamentos da proprietária de tudo aquilo, e se, não poderia mais tê-la, iria ao menos aproveitar da alegria em poder desfrutar de um pouco do que é seu, e assim fiz. Parti para o arvorismo, seguido da tirolesa e senti o coração disparar por adrenalina, ao invés de desejos. Voltei à sede tomar uma água e ver se as mocinhas amigas, se comportavam adequadamente. Enquanto esperava um suco que pedira ficar pronto, fui convidada por uma das hóspedes a jogar uma partida de dama nas mesas laterais dispostas na varanda da sede. Estava concentrada, analisando uma jogada, quando sinto duas mãos, cobrir meus olhos, vindo de trás de meu corpo. Imediatamente, levei minhas mãos a tatear às mãos que me tocavam. Grandes, firmes, dedos longos e uma pele conhecida que fez meu coração disparar-se. Seu cheiro me invadiu os sentidos e antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa, minha boca se abriu e, de súbito perguntei:
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Amoras
RomanceLaura Veigas é a primeira CEO negra da capital paulista, com uma carreira brilhante e ainda em ascensão. Possuí hobbys clássicos e uma vida estabilizada, focada no trabalho. Extremamente controladora, gosta de tudo do seu jeito. É orfã e usou da sua...