Encontros

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Laura

Foi arte sua chamar a Alice para a festa, não foi?! - conversava com a Didi após todos os convidados já terem ido embora e estarmos esperando o tio Jorge voltar da sua inauguração do carro.

- Não chame meu convite de arte - sorriu com entusiasmo - Apenas a convidei porque a amo como se fosse minha filha, e o seu tio também.

- Aham! - sorri - Me engana que eu gosto.

- Que é menina? Me erra!!! - gargalhou - Mas eu bem vi você toda assanhada pro lado dela no banheiro. Se eu não tivesse chegado teria agarrado a coitada ali mesmo.

- Na verdade, atrapalhado quis dizer né?! - sorri - Mas depois fomos lá pra fora.

- E aí? Se acertaram? - perguntou com uma curiosidade de menina.

- Ah! - dei de ombros - Alice não é qualquer mulher né Didi. Sei que vou ter que batalhar pra tê-la de volta.

- Hum! Bom que sabe - cruzou os braços sobre si e mudou a expressão - Alice está certinha em te cozinhar, e olha - apontou o dedo com expressão brava - Digo mais, se fosse eu, faria você de boba ainda.

Sorri com sua braveza repentina e torcida contra minha pessoa.

- Ela pode me fazer de boba, cozinhar, dar uma gelada, o que ela quiser - suspirei - Eu amo aquela branquela.

- Ama né?! - continuava brava - Mas fez o que não se deve fazer com quem se ama. Magoou e não foi pouco. E mulher como a Alice é pra se tratar a pão de ló, mas você fez o quê? Estragou tudo. Olha aqui Laura - apontou o dedo novamente - Olha bem aqui e ouça com atenção, o destino faz a parte dele, nossos Santos fazem a parte deles, mas você tem que fazer a sua viu?! Fica aí só esperando do que não depende de você, eu não vou durar pra sempre pra te ouvir e te dar amor e carinho.

- Ei! - sorri - Que braveza é essa? Eu hein!! Sei de tudo isso e estou fazendo a minha parte, dona rabugenta.

- Está? O que você tomou hoje aqui na festa? - perguntou incisiva.

- Estou sim!!! - respondi confiante - Tomei água e suco. Faz meses que não tomo nada alcóolico.

- Acho bom! - retrucou - Minha paciência pra isso já acabou. A Alice já sabe?

- Não! - respondi sem vontade - Não consegui conversar como gostaria. Não deu tempo de contar que estou mudada.

- Contar até papagaio conta - me interrompeu - Tem que demonstrar.

A conversa se estendeu até a madrugada quando o tio Jorge chegou todo feliz com seu presente, após ter desfilado pelas ruas da capital.

- Por essa eu não esperava mesmo viu Laurinha - falou ao me abraçar pela vigésima vez, todo emocionado - Nem sei como te agradecer!

- Para com isso tio - respondi emocionada - Te proporcionar essa alegria é o mínimo que posso fazer em gratidão a todo amor que sempre me deu. É apenas um carro lindo que sei que o senhor gosta, em contrapartida, vocês me deram amor, carinho, educação, casa, comida, colo, abrigo - o abracei e beijei.

- Sempre foi um prazer fazer tudo isso aí que você falou - respondeu dentro do abraço - Você é especial, menina.

- Vocês dois - falou chamando atenção para si, Didi - São dois açucarados, aff!

- Está querendo abraço também né'? - respondeu tio Jorge - Vem Laura, vamos abraçar essa ranzinza aqui..

Gargalhamos os três abraçados e emocionados. A conversa ainda se estendeu um pouco mais até que resolvemos ir embora antes que amanhecesse. Estar com Didi e tio Jorge é sempre um prazer indescritível. São minha família e o que nos une é um amor incondicional. Por mais que eu faça tudo por eles, proporcione o melhor que posso, supra todos os desejos e necessidades ainda não estará próximo de tudo o que já fizeram por mim. Se sou o que sou hoje, é pelo apoio que sempre me deram e isso não tem preço nem dinheiro que pague.

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