Alice
Terminei meu jantar e fui em direção onde estava minha moto. Estranhei ao contemplar dois homens encostados nela, com os braços cruzados e conversando.
- Boa noite – falei a eles – Poderiam me dar licença, por favor?
- Essa moto é sua? – um deles apontou-a ainda encostado
- É sim – sorri ironicamente – Gostaria de poder pegá-la para ir embora.
- Sim. Estamos aqui protegendo – respondeu o outro e assim se desencostaram.
- Como assim, protegendo? – perguntei sorrindo ironicamente
- Estávamos caminhando por aqui, quando vimos um homem tentando estragar os pneus – falou um deles – Gritamos com ele, que correu naquela direção – e apontou à noroeste
- Exatamente! E entrou em um carrão que estava parado, esperando – concluiu o outro homem.
- Nossa, que estranho – franzi o cenho – Nesse caso, obrigada pela ajuda.
- Nós moramos aqui perto e não é muito comum presenciarmos atos assim. Então optamos por ficar aqui, esperando o dono, ou a dona – me apontou – aparecer.
- Entendi! – respondi expressando gratidão – Muito obrigada mesmo.
- Vá com cuidado! Boa sorte – despediram-se de mim e saíram, continuando a caminhada.
Olhei em volta certificando-me que não estava sendo vigiada. Liguei a moto e saí.
No caminho para minha casa, refleti sobre o ocorrido e pelo retrovisor, tive a impressão de estar sendo seguida por um carro. Desviei o caminho, procurando por avenidas movimentadas. O fato de eu estar com moto, facilita me desvencilhar de perseguições.
Aumentei a velocidade, usando do corredor para motos. Tive a ideia de não ir para casa. Não é muito inteligente levar a perseguição para o lar.
Certifiquei-me de que não tinha mais nenhum carro na minha cola e então fiz o caminho inverso. Usei a alça de acesso para retorno e comecei a transitar pela marginal em sentido oposto ao que estava. Olhava atentamente pelo retrovisor na tentativa de me assegurar que estava segura.
Avistei um posto de combustível e optei por parar. Dessa forma seria mais uma garantia de que estava sozinha. Fiquei um tempo estacionada e nenhum carro suspeito apareceu.
Ao invés de ir para meu apartamento, tive a ideia de pernoitar em um hotel. A primeira opção que apareceu, parei. Estacionei a moto no lugar mais escondido possível. Fiz meu cadastro e peguei o cartão de acesso ao quarto.
Ao abrir a porta, vasculhei todo o local para me assegurar de que estava sem riscos. Sorri incomodada com o meu incômodo. Liguei para meus pais para saber se estavam bem e igualmente, seguros. Nunca se sabe quem é o maluco que está por trás dessas perseguições, ainda mais sem motivos.
- Mãe, terei que fazer uma viagem a trabalho e me ausentarei por uns dias. Vou trocar também o meu número de telefone. Te ligo ou mando mensagem assim que estiver tudo resolvido. Não se preocupe! Estou bem! – falei para minha mãe antes de desligar a ligação
Liguei para a Carol e contei o que acabara de acontecer. Passei o endereço do hotel que estou hospedada e pedi para que ela comprasse um novo chip e mandasse entregar junto com algumas roupas. Fiz uma transferência bancária a ela para pagar pelos custos e a tranquilizei de que estou bem e em segurança.
Algum sexto sentido me diz que isso tem ligação com a briga de sexta-feira no escritório do Joseph. Ele não é o tipo de homem que aceita uma derrota. Certamente, agora vai começar a querer me assustar. No entanto, para isso, precisará se esforçar um pouco mais.
Observei o quarto do hotel de classe média-alta e é bem confortável. Nada mal para uma mini férias, mesmo que forçadas. Irei ficar aqui por uns dias, até que me sinta segura e preparada para enfrentá-lo.
O quarto, todo decorado em tons de marrom e nude está equipado com uma cama king-size, coberta com tecidos de puro algodão. Possuí televisor de 60¨ com canais por assinatura e uma mesa com cadeira. Um frigobar com água, sucos, cervejas e espumante. Em cima do frigobar, uma cesta com quitutes e guloseimas.
Ao lado da cama, um móvel com gavetas e controles da tv, ar condicionado, cortinas e iluminação do ambiente. A cortina cobre toda a extensão da parede, deixando os trilhos escondidos por uma moderna sanca.
O banheiro tem um tamanho razoável e se completa com uma banheira pequena, porém convidativa com linda vista da marginal e Ponte Estaiada.
- É, acho que podemos passar uns dias por aqui! – falei pra minha imagem refletida no espelho e pisquei sorrindo aliviada.
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Amoras
RomanceLaura Veigas é a primeira CEO negra da capital paulista, com uma carreira brilhante e ainda em ascensão. Possuí hobbys clássicos e uma vida estabilizada, focada no trabalho. Extremamente controladora, gosta de tudo do seu jeito. É orfã e usou da sua...