A cura

334 38 24
                                    


Alice

Com licença senhorita - me falou o gentil garçom - Suas amigas que irão chegar, procurarão por..

- Alice Stromps - respondi amigavelmente.

- Obrigada! Estou à disposição. Com Licença - e se retirou.

Esse rooftop realmente faz jus ao que falam em ser o mais lindo da cidade. A vista aqui de cima é encantadora. Para quem gosta de bons drinks, tem um menu para encher os olhos e pratos interessantíssimos. Como destilados não é meu forte, independente da grande variação, minha escolha é sempre a boa e velha gelada.

A mesa que escolhi é ao lado da piscina de fundo vermelho que deixa a água com aparência de ser colorida, o que dá um toque especial em contraste com a arquitetura em tons monocromáticos do concreto. Analisando a decoração do ambiente, mesmo sem querer, me peguei pensando na Laura. Ela ama essas arquiteturas arrojadas e modernas. Já me falou várias vezes que queria me trazer aqui que tinha certeza que eu iria amar. Hoje, eu só queria conseguir não pensar nela!! Só queria conseguir passar um mísero dia sem pensar naquela mulher que me rouba os sentidos.

Quando estou longe, consigo refletir, ser firme na minha decisão, criar inúmeros e longos diálogos mas se ela aparece na minha frente, me derreto feito manteiga. Só sei sentir e desejar tê-la e ser totalmente dela. Desejo construir nossa vida juntas, viajar o mundo, ter filhos, viver grudadas até ficar velhinhas. Não me vejo com mais ninguém além dela. Não consigo vislumbrar um futuro sem que ela esteja ao meu lado.

Entre um pensamento e outro e a demora das meninas chegarem, já foram três chopps. O crepúsculo paulista visto do alto enche os olhos de beleza mas a impaciência já começa a me atrapalhar em conseguir curtir o lugar. Um atraso de quinze a vinte minutos é aceitável, mas mais de uma hora à espera das bonitas me causa incômodo. Independente do quanto vale essa comemoração, se convidou, esteja disposto a cumprir o combinado. Liguei várias e várias vezes e nenhuma das três me atende, não respondem mensagem, nenhum sinal de vida. Já estava quase desistindo e indo embora quando em meu campo de visão periférica, percebo alguma cena que me chama atenção. Como um imã a magnetizar um estilhaço de ferro, minha visão é atraída para uma mulher negra, de aproximadamente 1,85 de altura, longos cabelos encaracolados, um corpo esculpido por mãos de Deusas vestindo uma saia longa de cintura super baixa em georgete de seda preta, estampada com várias bocas vermelhas, com fenda aberta na lateral à partir das coxas, um cropped em manga longa na mesma estampa da saia, decotado com um nó entre os seios e as pontas longas até o umbigo, deixando a cintura torneada à mostra, sandália de salto fino dourada e um sorriso arrebatador esbanjando simpatia para o garçom que a acompanhava, que, igualmente a mim, estava deslumbrado com tanta beleza.

Meu pobre coração não sabia o que sentir. A boca secou e as mãos imediatamente gelaram. Um nó na garganta se formou e em sintonia com a medula espinhal, uma corrente gelada percorreu todo meu corpo. Borboletas pareciam habitar meu estômago e a respiração parou por alguns instantes.

Exatamente! Laura Maravilhosa Absurdamente Linda Veigas à minha frente.

Seu perfume com notas quentes e adocicadas dominou o ambiente inebriando a todos quanto ali estavam, despertando os olhares completamente atraídos para a beleza e feminilidade arrebatadora daquele monumento em forma de mulher que não parecia andar e sim desfilar pelo deck. Me levantei para recebê-la na mesa, perdidamente enfeitiçada por sua beleza e encantamento.

- Obrigada, querido - sem desviar o olhar do meu, agradeceu o garçom que a acompanhava e então, deitou seu olhar em mim, percorrendo todo meu corpo e rapidamente voltou para meus lábios e sedutoramente, mordiscou seus lábios levantando os olhos para os meus e com voz rouca me falou - Oi, Alice Stromps! - sorriu e me tocou a cintura com uma mão pesada e a outra tocou meu rosto e me beijou vagarosamente o canto da boca.

AmorasOnde histórias criam vida. Descubra agora