Laura
O horário de sair ao encontro indesejado chegou. Liguei ao inspetor Carlos para me assegurar de que tudo estava dentro do combinado. Ele me tranquilizou de que estarei segura e muito bem acompanhada.
Deixei minha sala e ouvi dona Chica ao telefone:
- Fátima, fica tranquila – falava com serenidade – Nossa menina sabe se cuidar! Se ela te falou que está bem, fica em paz.
Ela me olhou e sorriu gentilmente enquanto ouvia a pessoa do outro lado.
- Qualquer coisa, estou por aqui. Assim que ela te mandar notícias, me fala! Mas fica em paz! Deus guarda nossa branquela. Um beijo – desligou a ligação e voltou os olhos para mim
- Meninas, estou indo almoçar – falei a elas me dirigindo até suas mesas – Não recebam ninguém!
Mirela franziu o cenho, estranhando a ordem, mas não contendeu.
- Sim, senhorita – respondeu-me amigavelmente – Bom almoço.
- Bom almoço, dona Laura. Deus te guarde – falou-me dona Chica com expressão preocupada.
- Amém!! A todos nós – e fui para o elevador.
O sr Pedro estava à minha espera, juntamente com mais dois homens que entraram cada um em carros separados. Um à frente, e outro atrás do nosso carro. Diferente do habitual, Pedro manteve-se calado e concentrado.
À medida que as ruas me aproximavam do destino, sentia meu coração acelerar-se ainda mais. Uma vontade de chorar e me esconder, misturada com ansiedade por solucionar logo isso e ter notícias da Alice.
Cheguei ao local combinado. Um edifício com fachada de concreto, bastante imponente. Abriga o restaurante no térreo. Reconheci o casal de policiais que estivera em minha casa pela manhã. Conversavam como se fossem amigos e tive a impressão de que nem me viram entrar.
- Seja bem vinda, senhorita – uma bonita hostess me atendeu – Seu nome por favor?
- Laura Veigas – corri o olho pelo restaurante a procura de alguém conhecido, enquanto ela conferia as reservas.
- Me acompanhe, por favor – sorriu-me gentilmente e adentrou ao salão. A acompanhei.
Passei por uma mesa ocupada por um dos casais de policiais que estavam ali para fazer a minha segurança e avistei o outro casal, em uma mesa mais ao fundo.
A gentil hostess parou em uma mesa central, ainda vazia e me apontou.
- Fique à vontade. O garçom já virá atendê-la – falou-me e se retirou.
Tomei um lugar à mesa. Ambientei-me do local. Um sofisticado restaurante. Algumas mesas com tampo de madeira maciça e outras compridas, igualmente de madeiras. Cadeiras de couro. Meia iluminação. Orquídeas brancas decorando o ambiente que se completa com som de música clássica em baixo volume.
- Boa tarde, senhorita – me falou um atencioso garçom – Seja vinda. Deseja alguma bebida?
Sorri elegantemente àquele senhor – Água, por favor!
- Sim. Com licença – e se ausentou
Eu precisava de água para conseguir engolir o nó na garganta e a tensão que tomava conta do meu ser. O garçom trouxe uma taça, com uma garrafinha com água, em um vidro verde. Abriu e me serviu. Servia-me de um gole quando sinto uma mão tocar meu ombro esquerdo e sussurrar em meu ouvido:
- Sabia que não me decepcionaria!
Virei-me e contemplei o causador de todo esse stress. Vestido em um elegante terno azul marinho, camisa branca com o colarinho aberto e abotoadura dourada nos punhos. Cabelos ruivos bem cortados e barba feita. Nariz levemente inchado e olhos com olheiras roxas. Um sorriso malicioso e cheirando à charuto.
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Amoras
RomanceLaura Veigas é a primeira CEO negra da capital paulista, com uma carreira brilhante e ainda em ascensão. Possuí hobbys clássicos e uma vida estabilizada, focada no trabalho. Extremamente controladora, gosta de tudo do seu jeito. É orfã e usou da sua...