Laura
Abri a porta e muito me agradou o novo ambiente. É todo revestido com madeira de cedro combinado a detalhes brancos. No centro do quarto fica a cama hospitalar, moderna e bem equipada. No canto, aos pés da cama tem uma mini sala, com sofás e mesa de centro. Ao lado, uma poltrona confortável e ainda é possível ao acompanhante, servir-se de cafés e quitutes, numa mini cozinha munida de pia, frigobar e máquina de café. Agora sim, Alice está em um ambiente à sua altura!
Na cama hospitalar, está ela. Com semblante abatido e sonolenta. Ainda com a mesma roupa que estava a tarde. Pálida e bem diferente da linda moça de olhos verdes que conheci.
Abriu vagarosamente os olhos e percebi que fazia um imenso esforço em mantê-los abertos. Em contramão das sensações que sinto ao vê-la, dessa vez o sentimento que me visitou foi de querer cuidar e proteger. Mesmo com todo esse quadro, ainda é linda. Sua beleza é angelical.
- Oi – me falou com um breve sorriso e piscando lentamente.
- Oi! – a respondi gentilmente – Como está?
- Não sei – ela está fazendo um esforço tremendo para conseguir falar- Acho que já estive melhor.
- Mas vai ficar ótima!! – segurei em suas mãos, em um gesto impensado - Só vim me certificar de que está sendo bem cuidada.
- Obrigada – falou, fechando os olhos – Depois eu acerto tudo isso com você.
- Nem pense sobre isso! Agora só precisa descansar e ficar bem.
Ela não falou mais nada. Caiu em um sono profundo. Eu puxei a poltrona para perto da cama e me sentei. Quero acompanhar seu sono. Uma pessoa de coração tão bom, não merece estar nessa situação. Meu desejo é poder cuidar, acariciar seu rosto machucado. Ela que sempre é tão ativa e espontânea, nesse momento, está tão frágil.
É impossível não sentir raiva de quem fez isso. No entanto, ainda não é hora de perguntar a ela quem foi e, como foi. Me lembro dela no shopping, valente, enfrentando o segurança. Dava para ver que seu sangue fervia alimentando uma fúria. Será que esse mesmo sentimento, não a tomou na tentativa de se defender? Como ela veio ficar nessa condição? Se foi o Joseph que fez isso, é melhor, ele começar a se arrepender de ter nascido, pois vou fazer questão de acabar com cada pedacinho dele.
Levanto-me e vou conversar com o enfermeiro. Preciso saber detalhes sobre o diagnóstico e tratamento. Quero estar a par de cada decisão que está sendo tomada.
- Algum problema, senhorita Veigas? – perguntou-me assustado, assim que me viu.
- Não! Está tudo bem! – sorri tranquilizando-o – Só quero saber como ela está, se fez exames, qual é seu quadro?
Ele arqueou a sobrancelha e franziu a testa. Abaixou os olhos e respirou fundo.
- Pra ser sincero, não é dos melhores! – apontou pra uma cadeira e pediu para me sentar. Foi até um armário cheio de exames e pegou uma pasta grande.
Abriu-a sobre a mesa e retirou várias folhas de exames de imagens. Subtendi que são do crânio da Alice.
- Veja, essa é a ressonância magnética que fizemos assim que ela chegou – apontava para as imagens – Aqui é o local da batida.
Eu não entendia nada do que via, mas pude ver uma mancha escura onde ele apontou. O olhei esperando que continuasse.
- O exame mostra um coágulo que se formou na região, além do cérebro estar bastante inchado. Ainda não sabemos onde foi essa batida, nem o que a ocasionou, mas certamente não foi coisa leve.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amoras
RomanceLaura Veigas é a primeira CEO negra da capital paulista, com uma carreira brilhante e ainda em ascensão. Possuí hobbys clássicos e uma vida estabilizada, focada no trabalho. Extremamente controladora, gosta de tudo do seu jeito. É orfã e usou da sua...