Hospital Decadente

1K 141 44
                                    


Laura

O mais rápido que o senhor Pedro conseguiu dirigir, ainda era muito devagar pelo que esperava. Não consigo explicar o sentimento de ansiedade que estou à espera de notícias da Alice.

Tenho ciência de que ela é apenas uma pessoa que surgiu em minha vida em um momento tenso, mas, o que seria da minha reputação enquanto CEO se tivesse saído uma notícia nos jornais que eu era suspeita de furto? Ou seja, além da ansiedade por notícias, já que ela está envolvida nisso por culpa do Joseph que quer me atingir, tenho imensa gratidão por essa mulher.

O senhor Pedro parou o carro na entrada principal. Um hospital simples que, visivelmente, necessita de uma reforma.

- Que coincidência, senhorita Laura. Acabei de trazer a dona Chica nesse mesmo lugar – sorriu despretensiosamente meu motorista.

- Nossa, coincidência mesmo. Quem sabe a encontro ainda por aqui – sorri em resposta e me dirigi à recepção.

Não sei se é por meu carro ser um pouco luxuoso, ou por eu ser uma mulher negra, alta, andando em salto agulha, mas senti todos os pares de olhos presentes no local, olhando-me compulsivamente.

- Boa tarde! – falei à recepcionista que me olhava de baixo para cima – Quero ver, Alice Stromps.

- O horário de visitas é às dezessete horas – respondeu-me com pouca cordialidade.

-Senhorita, não tenho todo esse tempo disponível para esperar! – a falei, igualmente sem cordialidade.

- Não posso fazer nada! – deu de ombros e pegou seu celular.

- Entendi! -franzi o cenho ao analisar aquela jovem atendente – Como é seu nome?

- Mariana – falou com pouca vontade

- Mariana, eu acredito, de verdade, que você pode fazer alguma coisa sim – arqueei a sobrancelha e a olhei profundamente. Ela franziu o cenho e me encarou esperando minha sugestão – Para começar, você poderia nos atender com educação, e em seguida, poderia por favor me informar qual direção que posso ir, para visitar Alice Stromps.

- O horário de visita é só às dezessete horas – me olhava com desdém – Enquanto isso, pode sentar e aguardar.

- Já entendi que com você, não será possível conversar, não é?! – sorri sem vontade – Pode então, chamar seu superior?

- Ele não veio hoje – me sorriu sem mostrar os dentes

- Ah! Claro! – bati as pontas dos dedos no balcão e meneei a cabeça como se estivesse compreendendo o que ela falava – E não tem ninguém que possa vir me atender, antes das dezessete horas?

- Depende. Se for sobre visitas, não! – sorriu-me novamente – Só eu mesma.

- Certo!! Então terei que pular a parte da conversa – sorri igualmente irônica e me dirigi a entrada que é lateral à recepção.

Empurrei a porta balcão e adentrei os corredores. Ela veio correndo após mim, tentando me impedir. Mas eu não me deixei ser vencida. Estava afoita demais para aguentar ainda três horas por notícias. Ela tentou agarrar meu braço. Desvencilhei-me e a olhei furiosa:

- Não encoste em mim – falei apontando-lhe o dedo indicador – Eu só preciso saber notícias de uma funcionária minha, e você não me impedirá.

Ela desistiu e voltou para a recepção, com a promessa de que chamaria os seguranças. Segui andando rapidamente pelos corredores, a procura de Alice. Os quartos e salas estavam cheios de pessoas em convalescença. Ao final do corredor com pintura descascada, quase em frente ao posto de enfermagem vi uma porta branca com uma placa de "Observação" no batente superior. Abri com cuidado para não ser notada e olhei rapidamente seu interior.

AmorasOnde histórias criam vida. Descubra agora