Ligação além de telefônica

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Alice

- Como é que é? Não consigo acreditar que aquela Laura, a mulher mais apaixonante que existe foi capaz de fazer isso!!! - gritava no telefone Carol inconformada com o que acabara de lhe contar.

- Eu também não consigo acreditar, miga - respondi - Já se passaram pouco mais de dois meses e ainda custo acreditar.

- Vontade de ir lá e riscar todos os carros dela, furar os pneus, pichar a frente do prédio - continuava Carol, completamente alterada - Ah! Mas você que me aguarde!!! Vou ir lá no Complexo Veigas nhenhenhe - falou em tom de deboche - e vou pichar assim bem grandão: LAURA SAPATÃO.

Seu entusiasmo em querer me vingar me fez gargalhar da situação que propôs.

- Só você mesmo pra me fazer rir disso, Carol. Sua tonta!!

- Tonta é ela por fazer isso para você!! Ah!!! Que ódio que estou dela!!! - falava alto e pela voz, era possível perceber que falava entre os dentes. Conhecendo Carol, mesmo ao telefone poderia prever que estava andando de um lado para o outro, inquieta, falando e gesticulando sem o menor pudor - Mas assim, ela não foi atrás de você nenhum diazinho?

- Todos os dias, miga!! Todos os dias - respondi revirando os olhos.

- E você? Nada? Vai me conta!! Quero detalhes - suplicava -Não é porque estou longe que vou estar longe de você, entende isso??

Sorri novamente. Carol tem esse poder de me fazer sorrir até quando não acredito ser possível. Mesmo à distância devido seu novo emprego em Barbados, sempre que nos falamos e'como se ela estivesse aqui perto, me abraçando com as palavras, me fazendo sorrir com seu carinho e amor incondicional.

- Então... - sorri e mantive o silêncio.

- Então o quê, Alice?! Fala logo cacete!! - respondeu em alta voz

- Ela liga todos os dias, eu não atendo. Deixa recado na caixa postal, milhões e milhões de pedidos de desculpas..

- Hum.. O que mais?

- Foi em casa, foi na casa da minha mãe, mandou presentes..

- Quais? Quero saber se vale a pena - gargalhou.

- Já mandou de tudo - sorri - Flores, perfumes, jóias, convites de jantar..

- Muito previsível até agora - debochou gargalhando.

- A última tentativa foi um voucher de viagem.

- Pra onde? - empolgou-se

- Não sei - sorri - Não aceitei - dei de ombros - Na verdade não aceitei nenhum dos presentes. Todos eu mandei devolver.

- O quê? - gritou - Tu é besta??? - e gargalhou - Poderia ao menos receber e dar pra amiga né?!

Gargalhamos.

- Não quero nada dela, Carol!! Estou muito bem retomando minha versão original de ser independente, autônoma e quem sempre conquistou o que quis com o próprio esforço - respondi com convicção.

- Eu sei, miga! Por isso sempre te admirei ao extremo - falou com seriedade- Logo que voltamos de Paris, sabia que aquele cuidado extremo não te faria bem. Você é raíz demais! Não aceita tudo de mão beijada e entendo que ela fez tudo o que pode pra ajudar, mas poderia te perguntar o que você precisava e queria antes de fazer tudo simplesmente do jeito que ela achava bom e certo.

- Exatamente!!! - suspirei aliviada - Ao menos uma pessoa no mundo me entende.

Te entendo sim!! Você sempre foi guerreira, miga. Nunca te vi pedir nada pra ninguém. Sempre foi em busca dos seus objetivos e alcançou, a qualquer custo.

AmorasOnde histórias criam vida. Descubra agora