XCIX

24 1 0
                                    

Ainda não vi o sol nascer
Com os pés de meia
Ainda não vi o sol se pôr
Com os pés na areia.

Ainda não vi meu sorriso numa foto
Em que esteja completamente feliz
Ainda não escrevi aquele poema
Que vai ser tão bom a ponto de me levar pra Paris.

Ainda não senti um cheiro que me tranquilize
Ainda não encontrei, um poema que me eternize.

Tudo de sentimental que tenho
Quem me deu, fui eu.

Me dei tanta tristeza
Feri tanto meu coração
Tirei a vida dos meus olhos
Fugi de mim, com a solidão.

Me dei colo e tanto abrigo
Quando até meu mais fiel amigo, se foi.

Me dei palavras belas
Sobre mim.
Quando tudo que ouvi sobre meu ser, era o meu lado ruim.

Me dei meu abraço
Quando tudo me cortou em pedaços
E deixou numa lata de lixo.

Há uma certa solidão habitar em mim,
Nessa casa tão grande que sou.

Dias não falta nada, nem mesmo amor.
Dias quero fugir de casa,
Mas lembro do quanto ela me amou.

Que chova,
Que movimentem-se as placas tectônicas que possuem o meu cérebro.

Que tentem abrir o cadeado do meu coração.
Não conseguirão.
Meu amor sou eu.

Eu sou tudo o que eu tenho,
Que não pode ir embora de mim.

L.e

Poemas sobre amor e outros sentimentos caóticosOnde histórias criam vida. Descubra agora