CXCVIII

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Renunciarei
Me abastecer
De cada migalha de amor que você me dá.
Essa estrada possui dor demais,
Não fará sentido
Se juntar estes passos, com a dor que já circula pelo meu sangue.

Me jogarei desse precipício sem fim
Decretarei meu fim,
Mas não faz sentido
Amar a ti
E viver como se meu eu
Nunca ouvesse existido.

Mesmo que o sol se ponha,
E a lua fuja do céu, por décadas
Como foi das outras vezes.
Mesa farta de poemas
Gavetas de pó
Quarto de mofo
Pulsos alagados
Pescoço marcado
Choro no colo da morte
Olhos em decomposição.

Mesmo que as flores sequem
E a neve caia, onde o clima ou o tempo
Nunca permitisse que ela ali, repousasse.
Isso é um adeus a vida.
Isso é a despedida de meus versos
Isso é o alívio, amor, dessa minha dor infindável.
É o fim desse sufoco interminável.

Por favor,
Não chore as minhas palavras.
Não chore sobre nosso nós, que só existiu em minha mente.
Não chore pela sua incapacidade de me ler nas entrelinhas.

Por favor,
Não espere me encontrar pelas ruas.
Não espere me encontrar em cada boca fria que você beijar.
Não, não procure meus olhos, em outro rosto simples.
A natureza fará um céu belo e tom de rosa para mim.
As flores terão meu nome.
O frio trará minhas palavras quentes,
E habitarei todos os lugares que seus olhos tocarem.
Serei enfim, apenas estrelas em um céu de agosto, sem fim.
A imensidão.
Por fim então, amada.

L.e

Poemas sobre amor e outros sentimentos caóticosOnde histórias criam vida. Descubra agora