CLXXI

21 1 0
                                    

Fui tolo, me doei demais.
Não adianta, admiradores de mim
Dizer que belo fui, que belo é
Dar tudo de si, para um qualquer
Isso não é belo.
Me desmontar feito lego
E moldar minhas feições
Em outras canções
Que nunca foram eu.

Arrancar essa couraça escrava
Que me atravessa o meio dos peitos
E possui raízes grossas cravadas
No íntimo do meu coração, que está fraco, fraco e sem vida.

Saquearam-me o sentir.
Levaram meus sentidos.
Saquearam-me o olhar.
Levaram meu brilho.
Fui distorcido e desgraçado
Como uma árvore frágil que adoece
E na terra infertil desfalece
E torna-se casa, de hospedeiro hostil.

Acaso isso, perguntam-me: que tens?
–Nada deixei de mim, a não ser, poucas palavras, que formam poemas tristes.

Se Deus me ouvisse.
Eu teria mais coragem.

L.e

Poemas sobre amor e outros sentimentos caóticosOnde histórias criam vida. Descubra agora