XLIII

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Carta aos Anjos

Se minhas palavras se calarem
Aprenda a ler os silêncios.

Não seja como tantos
Que vem ao pote, como vampiro sedento.

Não tente tocar a pele
Alérgica
A dedos calorosos
E lábios desejosos.

Toque a alma
Toque com pausa
Toque com blusa
Toque sem cara.

Meu corpo é uma matéria traiçoeira.
É como os doces venenos
De cores vibrantes
Que atrai comportamentos errantes.

Eu não posso falhar com o poder alto, subitamente divino.
Que faz de mim escravo submisso, que faz de mim um ser que só pode sentir com a alma.
Uma criatura limitada
A achar alguém que ame de alma, e não toque minha carne imunda.

Mas eu não posso falhar com você
Com esse encontro sublime.
Esse sufoco enforcante.
Que é ter uma parte de mim tão distante.

Então corpo monumental
Não me tenha mal
Não me queira mal
Mas não me queira.

Queira amar minha alma
Sem tocar meus lábios mentirosos.

Se for além de seus ideiais
Se quer o mel dos introspectos celestiais.

Voe
Voe a procurar
Sua carne infernal e quente
Que te esquente e alimente
Seu fogo sedento por sangue e sentir.
Voe para longe daqui.

L.e

Poemas sobre amor e outros sentimentos caóticosOnde histórias criam vida. Descubra agora