LXIII

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Visão lúcida.

Aquela voz baixa
Me pergunta coisa funda
Causa lentidão profunda
Me afunda.

Aquela voz baixa
Que quer saber do que eu sinto
Eu nunca minto
E se minto é porque vejo
O quanto teu desejo
Tem foco em mais de um par de olhos.

Já se foi
Escorreu junto com o café na pia
Aquela antiga parte minha
Que tinha coragem de enfrentar á vida
Sem medo de se fazer em cacos.

Já não sou nada
Nem faço questão de ser
Nunca fui nada
E hoje já não procuro ser.

Sou consumida
Por esse inferno de terra em vida
Por essa gente de alma fingida
Achando que o que sente é coisa bem vivida.

Mapeei
Os mapas do fundo do poço.
Mapeei
Os mapas da dor da solidão
De habitar num lugar solitário
No meio de uma multidão.

Nego acha que coração
É coisa fácil de entender
Nego acha que a vida
Tem que ser pra se arrepender
E depois reclamar e querer morrer
Quando a dor maldita desatina a doer.

Não vai ser
Um fogaréu
Não tiro o véu
De meu pobre coração.
Eu sei
Consigo ver nessa imensidão
Outro tatuado no seu portão.

Por mais que me tragam
Belas rosas
Por mais que me tragam
Coisas novas
São visitas mortas.
Minha vista nota.

Por mais que queiram me dizer belas palavras

Palavras mentem,
Podem não significar nada.

Entendo as letras
Apenas ordens
Tudo aconteça
Se estabeleça.

Minta aos mentirosos
Possua lábios enganosos
Navegue em meio teu mar de remorsos
Mas, não venha à mim com destroços.

L.e

Poemas sobre amor e outros sentimentos caóticosOnde histórias criam vida. Descubra agora