CXXIV

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É bobo discordar
É ingênuo, se negar
Ao que está tão exposto.
Já escrevi seu gosto
Já escrevi seus olhos
Seu sorriso, tão solto
Quando olha para mim.

Eu sei.
É loucura imaginar
É loucura sonhar tanto
Mas os poemas precisam saber
Do tanto que eu te amo.

É loucura, insensatez.
Procurar o doce, em meio a acidez.
Querer ser feliz no inferno,
Ao menos uma única vez.

Em meio a tudo
Que me foi negado
Tudo do amor,
Que nunca me foi dado
Aprendi a amar o pouco,
Como o vento que ama as pétalas tão frágeis que se separam da flor.
Pétalas que voam onde a corrente for.
E nunca ficam paradas em um lugar só.

Amo o pouco,
Da sua silhueta que imagino.
Amo o pouco.

Amo o pouco,
Do cheiro que deve ter a sua pele,
Amo pouco.

Amo teus pedaços
Quando se espalham pelo chão
Te amaria até, ou caso se
Em você não houvesse um coração.

Insensato sou.
Mas preciso ser.
Viciado sou.
Em ter.
Todos os detalhes
Que sua alma possui.
Todos os aromas
Que do teu corpo flui.
Meu vício é afundar-me na essência
E perder a pouca decência,
Que a vida me exige ter.

Sutilmente no meio da tarde
Quando no correr do vento, não tem alarme.
Vago nos pensamentos
Perambulo o seu nome,
E o fogo me consome
Desejando ao menos
Saber onde andas.

Será que as ondas te levaram?
Será que as flores te roubaram?
Será que meu nome ainda arde
Na parte lisa do seu ombro cheiroso.
E no seu pescoço, ainda vibra o calor da minha boca,
Que dança sob sua pele suave.

Vês tu.
Quanto delírio me trazes
Quando o pensamento me toma
Quando anseio que me levem rapidamente para ti, essas demoradas horas.
Meu corpo insiste em querer-te tanto, e mais. Mais de ti.
Feito droga, feito o cheiro
De uma flor cheirosa.

L.e

Poemas sobre amor e outros sentimentos caóticosOnde histórias criam vida. Descubra agora