CLXXVI

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Não vês o piscar dos meus olhos.
Não sentiu ainda, a textura que tem minha pele.
A maciez e o calor das minhas mãos, segurando as tuas, segurando sua cintura.
Não me viu ser tudo que sou,
Não me viu sorrir boba, ou me achar uma tola, por ainda sonhar acordada na sala, às 1 da manhã.

Não sentiu, meu sorriso sem jeito
Tocar sua alma
A ponto de sumir todo defeito
Que você acredita ter.
Não leu cada poema, que intitulei mentalmente
E pus remetente
Você.

Ainda não sentiu tudo de mim
Nem senti tudo de ti.
Mas a ânsia de querer
Faz, que tudo seja desejado para ter.
Escreva-me feito os antigos,
Mil cartas, de amigo
Sinta por mim o que quiser
Sinta e não se sufoque
Aprecie e se delicie
Com meu imaginário toque
Percorrendo tua espinha,
Amando o teu pescoço, feito louco.

O poema é teu.
Queria muito,
Escrever palavras poucas
Como um falador, que está rouco,
Mas nada basta, o tudo que escrevo é pouco.
A poesia, inebria essa visão
Maligna e deliciosa
Que é te desejar tanto,
E ter urgência absurda de seus olhos sobre mim, viciados, bêbados de amor.

Beba este poema,
Repleto de dualidade
Que hora te mata em dúvidas
Hora sana tua saudade.

Ama-me,
Inerte,
Nos concerte
No concedimento do tempo
Que é invejoso e ciumento,
E não quer me ver com tua sombra por perto.
Beba-me, como se estivesse a morrer de sede no deserto.

L.e

Poemas sobre amor e outros sentimentos caóticosOnde histórias criam vida. Descubra agora