CXLIV

14 0 0
                                    

Não incomoda o silêncio da cachoeira,
Pois é sua voz.
Derrama água.
Não pertuba o silêncio do sol
Pois ele aquece outro lugar
Enquanto os olhos de cá, não o vêem.

Mas queima feito brasa por dentro
O silêncio dos tagarelas apaixonados,
Que por desinteresse ou partição
Foram distanciados.

Não há nada tão corrosivo
Quanto palavras vazias,
Que esbofeteam, de tão frias
E de baterem, fazem chorar.

Quem dera os poetas mentissem
E tudo sentimental, não passasse
De uma das usuras que tem a literatura
E fosse apenas algo vago
A ser eternamente decifrado.

Quem dera,
A morte fosse menos seletora
Ou pelo menos avisasse
Hora ou outra
Que tava perto de levar alguém.

Quem dera,
Não precisasse sangrar tanto
O peito do homem besta
Para que ele se reconheça
E veja que coisa pouca,
Vai lhe endoidar da cabeça.

Quem dera, o "quem dera"
Não precisasse habitar este poema
Tantas coisas, não seriam um problema.

L.e

Poemas sobre amor e outros sentimentos caóticosOnde histórias criam vida. Descubra agora