CXVI

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Ontem li um poema.
O poema era alguém.
Amei esse poema.
Na primeira linha lida
Na primeira lágrima caída
Na primeira parte ríspida.
Quero ler esse poema até a última linha
Mas como,
Se o poema é infinito
Não há fim.
Se isto é bom ou ruim
Quem saberá?

No café, reli o poema
Enquanto fechava meus olhos
Pude ver sua caligrafia falha
Quase largando o papel
Quase desistindo de escrever sua idéia
Para vir me beijar.
Nunca vi um poema tão lindo,
Nunca li um poema me despindo
Das minhas armas mais perigosas.

No cair da tarde
Sentei a varanda de meus pensamentos
Reli mais linhas
Reli as curvas
Da caneta gasta
Que só fala de beleza
Que consegue ver amor
Pedindo socorro no meio da tristeza..
Que há nos olhos, do poema mais lindo que já li.

Este poema tem acabado comigo
Este poema, tem me feito respirar
E me sentir tão vivo.
Este poema tem me tentado
Este poema tem me consumido
Feito a chama em um papel de cigarro.
Estou sendo tragado
Um papel defumado
Um papel moldado, e lido
Com nunca antes.
O poema mais confuso que já li.

Nas madrugadas, auroras
Sinto o toque do poema
Que está sob a mesa
Sinto o toque
Marcando todo meu corpo
E minha boca, como delírio
De gente louca.
O poema mais delicioso, que já li.
O poema mais extenso do mundo.

L.e

Poemas sobre amor e outros sentimentos caóticosOnde histórias criam vida. Descubra agora