Antes...
Lexie:
- Lex! Acorda!
Soltei um gemido de horror, escondendo a cabeça em baixo da almofada.
- Meu Deus do céu. - Gemi.
- Lex! - Meu pai continuava batendo na minha porta, mas aí escutei ela abrindo e soube que ele entrara. - Levanta garota!
- Pai, é sábado.
- Exatamente! Vem, vamos fazer coisas produtivas.
Tirei a cabeça de baixo da almofada e deitei em cima dela.
- Eu quero dormir! Estou cansada.
- Vamos aproveitar o tempo para...
- Dormir. - Terminei.
Ele puxou minhas cobertas e eu sentei de imediato.
- Que dormir? Vamos pescar, caçar, passar um fim de semana animado!
- E acabar sendo devorados por um urso.
Meu pai me olhou, de mão na cintura e fazendo careta.
Revirei os olhos. - Tá.
Ele sorriu e saiu do quarto.
Passei a mão pelo cabelo e pelo rosto, não acreditando na minha sorte.
Quando desci até á cozinha, meu pai já tinha tudo pronto. Sentei na cadeira e ele colocou o café da manhã na minha frente.
- Credo, quanta pressa. - Falei.
- Temos de aproveitar o dia, além disso, quero sair antes que um certo Dixon apareça.
Engasguei com o café e olhei ele. - Quê?
Meu pai se apoiou na cadeira.
- O que você anda fazendo com o Dixon mais novo, hein? Olha, eu não tenho nada contra, mas... são os Dixon... Bem, o mais velho seria pior mas... - Ele balançou as mãos. - De qualquer forma, Lex, ele é mais velho. Nove anos mais velho.
- O que... - Fechei os olhos. - Não é nada disso. Daryl percebe de moto, eu precisei de ajuda com a minha... Até que ele é legal.
- Lexie...
- Ah, cala a boca. - Falei.
- Vou fingir que não sei de nada. Anda! Levanta daí e vamos embora!
- Queria dormir. - Falei, levantando e pegando minha mochila.
- Dorme durante a viagem.
Eu ri bem alto. - Ah tá, numa pick up, com você passando por cima de tudo quanto é buraco? Uhum, sei.
Meu pai desgrenhou meu cabelo e riu.
- Tive uma filha, tenho de me virar com o que saiu. Vamos!
Assim que saímos, coloquei minha mochila na parte de trás da pick up e logo escuto meu pai - Oh merda.
Olho para trás e vejo os Dixon saindo de casa.
Meu olhar encontra o de Daryl, o irmão mais novo, e ele faz um único aceno de cabeça. Imito ele, mas Daryl não desvia o olhar. Tinha de admitir que o mais novo tinha um certo... encanto.
- Alô? Lex.
Olhei para o lado e vi meu pai, fazendo uma espécie de dança com as mãos.
- O que você está fazendo? Ritual de dança exótica? - Perguntei.
- Chamando sua atenção. Vamos?
Assenti e entrei na pick up, vendo Daryl pelo espelho, que falava com Merle e lançava um último olhar na pick up do meu pai.
Ele entrou e puxou o cinto de segurança, parando a meio do movimento.
- Vai continuar negando? - Ele sorria.
- Pára com isso! - Eu ri.
Ele deu a partida e me olhou de canto.
- Só não inventa de me dar netos com sangue dos Dixon, viu?
- Pai!
- E repito: o Daryl é mais velho!
- Pai!- Você vai?
- Não vou sempre?
Daryl assentiu, enquanto apertava um parafuso da minha moto.
- Você sempre vai. Tipo - Deu de ombros. - Não sei como aguenta.
Eu ri. - Passo minha vida num caminhão, Dixon. Aprendi a ler, a escrever, a contar, tudo isso num caminhão. Até aprendi a lutar.
Daryl soltou um som nasalado.
Percebi que, quando ele se mexia, os músculos de suas costas de moviam criando uma espécie de efeito hipnótico. Minha nossa Senhora, que raio estava acontecendo comigo?
Balancei a cabeça, tinha de parar com aquilo.
- É... eu esqueço que você é um bebê, ainda. - Ele falou.
- Olha quem fala! Além disso, não me pareceu que eu fosse um bebê quando você olhou no meu traseiro!
Daryl olhou para mim por cima do ombro, visivelmente atrapalhado.
- Não olhei.
- Olhou sim!
- Não.
Cheguei mais perto dele e encarei.
- Então fala isso na minha cara.
Daryl mudou de cor e voltou ao trabalho, enquanto eu ria e voltava ao meu lugar.
- Viu? Você olhou.
- E se tiver olhado? Qual o problema? Você vive com essa calça justa para cima e para baixo, impossível não olhar. Aliás, toda a rua já olhou.
Eu ri, quase engasgando com falta de ar.
- Credo.
- Infantil, você.
- Sei, e você? É idoso já?
- Vai morrer longe. - Ele resmungou.
Quando Daryl terminou, levantou e me olhou.
- Está pronta.
Assenti, mordendo o lábio e levantei.
- Valeu, Dixon.
Ele deu de ombros. - Tudo bem. Vê se não quebra de novo.
- Tá. - Coloquei um pedaço de cabelo atrás da orelha e peguei o dinheiro que tinha no bolso. - Fala aí, quanto é?
Ele franziu o cenho. - Quê?
Olhei ele. - A moto, o seu trabalho.
- Eu não quero dinheiro, muito menos seu. - Daryl negou com a cabeça. - Conheço você desde que nasceu, nunca iria cobrar nada da filha de um amigo.
Guardei o dinheiro e cruzei os braços.
- A filha de um amigo. Tá.
Ele deu de ombros. - De uma amiga, pronto. Credo.
Daryl passou por mim e eu segui ele, mas do nada, ele parou e ficou de frente para mim de novo.
Esperei, mas ele parecia preso em seus próprios pensamentos.
- Daryl?
Vi o cenho dele franzir. - Você nunca me chama de Daryl.
- É...Mas você parecia... Sei lá... estranho.
- Hum.
Estreitei os olhos. - Já falaram que o seu tom de azul é lindo?
Ele revirou os olhos. - Lexie... Se seu pai escuta essa merda, ele vai partir para cima de mim, e eu não tou afim de entrar na porrada com ele. Você é...
- Uma criança? - Perguntei. - Não posso mais zuar com meu amigo?
- Eu não disse que você era uma criança.
- Daryl, tenho dezanove anos, sei cuidar de mim muito bem!
- Lexie, eu não...
- Tá, valeu. Vou levar a moto para casa.
Dei as costas mas senti a mão dele segurando meu braço e olhei de novo. Daryl me soltou.
- Eu não.. Não foi isso que eu quiz dizer. E se você sabe cuidar de você, que raio de cicatriz é essa no seu braço?
- Mas disse. - Respondi, depois olhei meu braço. - Queimadura. Queimei no caminhão do meu pai enquanto concertava... Ah, não muda de assunto, Dixon!
- Tá, tudo bem.
- Tá.
Me aproximei para pegar as chaves, que continuavam em uma das suas mãos, mas acabei ficando perigosamente próxima do caipira.
Automaticamente, meus olhos foram da sua boca, para os seus olhos. Eu sentia a respiração dele na minha pele.
- Eu... Deveria ir embora. - Falei.
- Também acho. - Respondeu.
Não sei o que deu em mim, só sei que agarrei o rosto dele e colei meus lábios nos seus.
Incrivelmente, Daryl não me afastou, pelo contrário, senti suas mãos agarrando meu cabelo, e uma delas desceu na minha coxa e depois a outra, e Daryl me puxou para cima.
Enrolei as pernas na sua cintura e senti ele me levando até á sua pick up...Daryl:
Algumas semanas depois...
Daryl tocou na campainha e esperou, rezando para que não fosse o pai da Lexie a abrir a porta. Mas suas preces não foram atendidas, porque Stevens abriu a porta e ficou olhando ele.
- É... Hum... A Lexie tá por aí? - Perguntou Daryl, sem jeito.
- Boa noite para você também, Daryl.
- Oi, é, boa noite senhor.
- Lexie está sim, mas posso trocar uma palavra com você?
Na mente de Daryl, passou apenas uma palavra para descrever aquela situação.
- Daryl, minha filha tem dezanove anos, você tem vinte e oito...
- Ela é maior, e eu não fiz nada.
Stevens ergueu um dedo e Daryl ficou calado.
- Continuando, ela sempre será minha menina, sabe? Mesmo que já seja casada e mãe de filhos. Eu conheço você desde moleque, aliás, desde que nasceu. Eu gosto de você, mas você já é quase que um homem feito, entendeu?
- Hum.
Stevens riu. - E que merda de resposta é essa? Foi criado por lobos?
Daryl assentiu. - Algo assim, quer dizer, não senhor. Sim, senhor.
- Minha nossa Senhora. - Murmurou ele. - Tá, eu só queria deixar claro que, se magoar a minha menina, vai deixar de magoar quem quer que seja.
- Certo. - Falou Daryl.
- E outra coisa! Toma cuidado, porque eu sou muito novo para ser avô!
- Pai!
Daryl olhou para o lado e viu Lexie parada, olhando eles. Quase respirou de alívio, mas se manteve quieto.
Stevens ficou atrapalhado e deu de ombros. - Só estava vendo se ele sabe o que está fazendo.
Lexie revirou os olhos. - Ele sabe, sim, agora sai daqui. - Ela passou a mão pelo cabelo. - Desculpa.
- Tudo bem.
- Vamos?
Daryl assentiu.Lexie:
Dois dias depois...
- O quê? Washington?! Mas...
Respirei fundo e olhei Daryl.
- Você não vai, né? É o trabalho do seu pai, não o seu.
- Daryl, eu...
- Você vai?! - Ele se afastou, olhando para cima. - Isso não está acontecendo.
Vi ele parar de andar e me encarar novamente.
- Você é adulta, Lexie! Porque tem de ir junto?
- É meu pai.
- Sério? - Ele parecia desapontado. - Quer saber? Vai! Vai lá atrás do papai!
- Daryl!
Ele parecia completamente diferente do Daryl que eu conhecia.
- Não! Sabe que mais? Eu cansei, também. Cansei de você! É, achou o quê, que eu iria ficar com uma crianca para o resto da minha vida? Tenho vinte e oito anos, não tenho idade para servir de babá.
Levantei e ergui a mão, dando um tapa no seu rosto. A forma como ele me olhou depois, me fez arrepender do gesto, mas não podia voltar atrás.
- Daryl, desculpa...
Ele segurou meus pulsos quando eu ergui as mãos para tocar no seu rosto. Daryl não me machucou, mas mesmo assim, aquilo doeu no meu coração.
- Vai embora, Lexie. Vai lá viver sua vida. Merle tinha razão. Esse buraco não é vida para você. - Ele indicou a porta. - Vai lá, vai procurar outro babaca para tomar conta de você.
Segurando as lágrimas, dei as costas e saí dali, cruzando os braços sobre o peito, como se assim me impedisse de quebrar em mil pedaços. Mas foi em vão. Assim que cheguei na porta de casa, sentei nas escadas e chorei como nunca tinha chorado na minha vida.
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Red Queen - A Rainha Vermelha
FanfictionTodos pensavam que tinha terminado. Rick e seu grupo, pensavam que tudo tinha terminado com a queda de Negan... mas estavam enganados. O que eles não sabiam, era que algo tão tenebroso quanto Negan, se escondia no meio da floresta, algo mais forte...