Um mês depois...
Dário:
- Nem sei porque deixei você continuar comigo. - Falou ela, sem nem esperar para ver se eu estava seguindo ela. - Deveria ter matado você naquele dia, isso sim.
Sorri, enquanto balançava a cabeça.
- Porque eu te ajudo a ficar viva.
Lexie parou de andar e girou tão rápido, que parecia cascavel atacando. Vi aqueles olhos dela prenderem os meus.
- Eu sei me virar muito bem sem você, idiota! Eu estava viva quando chegou, não estava? E tudo sem você.
- Você estava prestes a deixar de estar viva. - Respondi.
- Ah! Que ódio!
Lexie me deu as costas e continuou andando.
Não esperava achar ninguém nessa merda de apocalipse, não depois de ter perdido todo mundo. E naquele dia, quando escutara o grito do pai dela, eu poderia ter ido embora sem nem me importar, mas não, arriscara e ajudara uma garota que agora eu via ser incrível... mas muito feroz.
Lexie parecia ter sido criada por selvagens, mas isso não impedia que ela fosse a garota mais linda que eu já vira na vida. Ela só tinha um problema: virara demônio depois que eu matara a versão zumbi do pai dela. Ou talvez ela sempre fosse assim... Mas eu duvidava disso, pois tinha momentos em que ela era "normal".
Lexie não era o tipo de garota que meus pais iriam querer para mim, mas era sem dúvida daquele exato tipo que eu iria paquerar, só para quebrar as regras. O problema ali, era que eu não planejava me apaixonar no apocalipse.Dias depois...
- Dário!
Escutei o grito dela antes de ver Lexie cortando zumbis ao meio para chegar até mim.
- Sai daqui, Lexie! - Gritei, girando a faca na mão e espetando a cabeça de um deles. - São muitos, eu me viro.
Ela riu. - Não deixo você sozinho.
Estremeci com aquelas palavras. Antes, eu daria tudo para escutá-las, e elas foram surgir no exato momento em que enfrentávamos a morte. Sorri, que ironia.
Quando o último zumbi caiu no chão, Lexie guardou a katana na bolsa e se aproximou de mim, segurando meu rosto entre as suas mãos.
- Você está bem? - Perguntou.
Assenti. - Estou sim, calma. Só... Só estou com medo que você esmague minha cabeça, segurando desse jeito.
Ela revirou os olhos mas depois me abraçou, rodeando meu pescoço com os braços e apertando forte.
- Eu não posso perder mais ninguém. - Falou.
Suspirei e rodeei a cintura dela com os braços, sentindo que teria de proteger aquela garota para sempre. Afinal, Lexie era melhor do que eu esperaria.
- Calma, eu não morri.
Ela se afastou e me olhou. - Mas poderia. Já perdi meu pai, o grupo onde estávamos foi atacado, deixei o cara de quem eu gostava...
Aquilo prendeu minha atenção.
- O quê? Espera! Qual cara?
Ela revirou os olhos. - Antes do mundo virar essa bagunça. Por isso, por favor, não morre. Mesmo sendo insuportável, você foi tudo o que restou.
Sorri. - Vou tentar.
Á medida que o tempo passava, fui ficando mais próximo da Lexie e fomos sobrevivendo nesse mundo juntos.
Ela tinha uma forma silenciosamente estranha de se mover, que ela falou ter aprendido com o pai, quando caçavam na floresta, e não fugia de nada. Lexie enfrentava qualquer um ou qualquer coisa. Até chegar o dia em que tudo mudou de forma drástica.
Acabávamos de entrar no que antes fora uma fábrica, agora entregue ao mundo dos mortos. Fugiamos de zumbis, pelo que estávamos um pouco cansados.
A ideia era reunir o maior número de comida e coisas úteis possível, e sair da cidade. Os mortos se multiplicavam a cada dia.
Lexie me olhou e sorriu torto. - Ganhei.
Revirei os olhos. - Ganhou coisa nenhuma, só chegou primeiro porque eu tropecei naquele monte de lixo.
Ela riu. - Tá, vou deixar você pensando que ganhou.
Andámos pelos corredores e, do nada, Lexie parou, erguendo um dedo e pedindo para eu ficar muito quieto.
Olhei para os lados, segurando a arma com força junto do peito, e foi quando senti algo atrás de mim, me agarrando e encostando algo frio no meu pescoço.
- Hum... Lexie? - Chamei.
Vi o choque, depois o medo e por fim a raiva, tudo isso passando pelo seu olhar. Ela continuava segurando a katana, olhando o cara que me segurava.
- Larga ele.
De repente, ficámos rodeados de homens armados com facas, que saíam de todas as portas. Eles rodearam Lexie, me deixando mais afastado.
Tentei me soltar para ajudar ela, mas o cara atrás de mim apertou um pouco mais.
- Quieto, tigre.
- Deixa ela! - Falei. - Me leva, me mata, mas deixa ela.
O cara riu. - Tá.
Lexie, suspirou e ergueu a katana de forma defensiva, olhando cada um deles.
- É para lutar? Vamos a isso. Quem é o primeiro?
O que raios aquela garota estava fazendo? Ela nunca iria dar conta de todos aqueles homens, não sozinha.
Um deles, o maior, riu e Lexie prendeu seu olhar no dele, erguendo a mão que tirara da katana, na sua direção.
- Você é o primeiro? - Perguntou.
O homem ficou sério, trocou a faca de mão, e avançou sobre ela.
Lexie deu apenas um passo para o lado, desviando seu ataque e vi sua lâmina passar na perna do homem, cortando e fazendo seus jeans mancharem de sangue.
O homem, surpreso, olhou a perna e depois para ela.
Eu sabia que Lexie era forte, mas confesso que até eu fiquei surpreso. Não sabia como essa garota era antes do fim do mundo, e, caso ela tivesse sido diferente, não sabia o que a tinha tornado assim, mas ela ia buscar força e determinação a um lugar desconhecido, mas que a tornava ameaçadora.
Ela sorriu. - Vai continuar?
O homem gritou e avançou de novo, e Lexie ergueu a katana e cortou a sua barriga, fazendo um monte de sangue e tripa cair no chão. O homem olhou ela, confuso, antes de cair morto.
Logo outros homens atacaram ela.
Fiquei ali, tentando sacudir o homem que me segurava e vendo minha amiga sendo atacada vezes sem conta.
Lexie bloqueava grande parte dos ataques e fazia careta de cada vez que uma das lâminas inimigas cortavam a sua pele, mas os homens caíam ao seu redor, sem vida.
No final, quando já restavam poucos e Lexie estava coberta de sangue por todo o lado, algo aconteceu. Algo que eu nunca vira.
Os homens pararam o ataque e, um por um, todos eles olharam ela e ajoelharam no chão.
Lexie, ainda de katana nas mãos, franziu o cenho e olhou para eles, confusa, assim como eu. Depois abaixou a katana muito devagar e seu olhar achou o meu, antes de voar sobre os homens de novo.
- Nos rendemos. - Falou um deles.
Depois desse dia, Lexie se tornou a líder daquele pequeno grupo de homens, os guerreiros iniciais da atual comunidade.
Assim nascia Arcadia a sua destemida líder, que aqueles homens chamaram de Rainha Vermelha, por causa de todo aquele sangue que ficara na sua pele.
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Red Queen - A Rainha Vermelha
FanfictionTodos pensavam que tinha terminado. Rick e seu grupo, pensavam que tudo tinha terminado com a queda de Negan... mas estavam enganados. O que eles não sabiam, era que algo tão tenebroso quanto Negan, se escondia no meio da floresta, algo mais forte...