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Antes

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Antes...

- Vamos ficar bem. Sempre ficamos.
Meu pai andava na minha frente, falando sem parar, desde que havíamos deixado o prédio onde nos esconderamos depois que um grupo de mortos vivos nos achar.
Era só eu e ele, após perdermos nosso grupo, á algumas semanas atrás, nos mantivemos sozinhos.
Estava ficando cada vez mais difícil sobreviver ali, pelo que, assim que parámos, falei sobre esse facto com meu pai.
Ele assentiu, sabendo que eu tinha razão. - Você está certa.
- Além disso, poderemos caçar na floresta. - Continuei.
Ele riu. - Você preferia dormir, lembra? Viu como hoje você agradece por eu ter tirado sua linda cabecinha do travesseiro? - Riu de novo.
- Ah, vai ficar se achando? - Sorri.
- Claro, sou seu pai. Ah! Mas também temos de agradecer a uma pessoa, que também te ensinou algumas coisas sobre esse assunto.
Olhei o chão, sabendo de cara de quem ele estava falando. Meu coração doeu e eu respirei fundo. De repente, senti sua mão no meu ombro e olhei ele.
- Desculpa, Lex, esqueci que você não quer falar sobre ele.
Assenti, sorrindo fraco. - Tá tudo bem pai, não se preocupa.
Ele colocou a mão para baixo e sorriu.
- Mudando de assunto. Sabia que no nosso grupo anterior, eles queriam colocar você de líder?
Franzi o cenho. - O quê? E eu lá sei liderar o que seja?
Meu pai deu de ombros, divertido.
- Saber, sabe, você está lideranddo a gente desde que tivemos de fugir do ataque.
- É diferente.
- Não, Lex, não é. Você que aprendeu com aqueles doidos dos nossos vizinhos, a ser uma cabeça dura e agora pensa que não pode liderar. Mas você pode. - Ergueu as mãos. - Mas deixa quieto, o grupo já era mesmo.
Mordi o lábio. Lembrar daqueles vizinhos em especial era doloroso, e meu pai sabia, mas não iria deixar que isso me afetasse, não podia, tinha de manter nós dois vivos.
Assim que amanheceu, saímos do prédio onde estávamos e andámos pela rua, depois de eu convencer meu pai a pegarmos o máximo de coisas que conseguissemos e saissemos da cidade. Era um lugar demasiado perigoso, os zumbis eram em maior número ali.
Vimos uma pequena loja de comida e parámos de andar. As chances não eram as melhores, já que tudo naquela cidade estava destruído e roubado, mas tínhamos de tentar.
Fiz sinal ao meu pai para seguir atrás de mim e ele assentiu, pegando a arma que trazia e deixando ela pronta.
Entrei na loja, segurando a katana firmemente na minha frente e olhando em redor. Não tinha ninguém ali.
Depois de vermos que estávamos realmente sozinhos, enchemos nossas mochilas com o que sobrara de latas de comida e água.
Me afastei, olhando coisas banais, que ninguém pegara, coisas que não faziam mais sentido. Não para sobreviver. E só depois de um tempo é que eu  percebi que o silêncio reinava naquele lugar, de forma sinistra.
Olhei em redor, meu pai não era de  ficar calado por muito tempo.
Segurei a katana com força e avancei pelos corredores, caminhando sem fazer um som, e foi quando vi meu pai, na minha frente, muito quieto.
- Pai? - Chamei num sussurro.
Ele ergueu o braço e depois indicou algo na nossa frente.
Para meu horror, mortos estavam entrando na loja... e nós não tínhamos saída.
- Droga! - Resmunguei.
- Vem! - Meu pai passou por mim, segurando meu braço e me levando junto com ele.
Nos afastámos daquele grupo, mas trombamos num outro, que se dividira e chegava pelo corredor número três.
Ergui a katana e cortei algumas cabeças, enquanto meu pai usava a faca para se defender. Chegámos num ponto em que já não importava o barulho, estávamos lutando pela sobrevivência, e então ele trocou a faca pela arma e saiu atirando em todos os zumbis.
Assim que escutei o grito, meu corpo parou por completo. Eu não queria olhar para o que estava acontecendo atrás de mim, não podia, mas tive de fazer. Meu pai tinha um dos zumbis mordendo o braço dele e atirou na sua cabeça.
Meu mundo desmoronou e eu fiquei sem reação. Meu pai fora mordido. Iria morrer. Meus olhos encheram de lágrimas e quase deixei a katana cair.
- Lex, vamos!
Ele me empurrou, me tirando do devaneio, e a gente entrou numa das salas que serviam para arrumar os produtos antes de eles serem levados para a loja.
Larguei a katana no chão e agarrei o braço dele, analisando o seu ferimento.
- Lex...
- Cala a boca! - Minhas mãos tremiam.
- Filha...
Olhei ele. - Não! Você não vai morrer, eu não vou deixar!

Horas depois, ainda estávamos dentro da sala, sentados no chão e esperando. As lágrimas caíam pelo meu rosto pois eu não podia fazer nada para salvar o meu pai.
Olhei ele e percebi que estava demasiado quieto. Senti um arrepio.
- Não. - Sussurrei. - Não... - Engatinhei até ele, chorando, e toquei no seu braço. - Pai?
Ele nem se mexeu.
- Não! Não!
Agarrei ele e puxei para mim, apertando com força seu corpo inerte. Meu pai estava morto.
Chorei e gritei, sem nem me importar com os zumbis. Queria que aquele mundo fosse para o inferno! Queria minha vida de volta! Queria voltar para o tempo em que meu pai não me deixava dormir e me arrastava para caçar e pescar, todo o final de semana, cantando músicas de bandas mais velhas do que eu.
Senti, antes de ver, seus dedos rodearem meu braço e parei de me mexer instintivamente. Aquilo não podia estar acontecendo.
Baixei o olhar e vi o rosto do que antes fora o meu pai, se abrir numa careta horrorosa, grunhindo de forma nojenta e tentando alcançar meu corpo com os dentes.
Larguei ele e me afastei, pegando a katana e engatinhando para trás, chorando enquanto ele vinha em minha direção.
- Sai! - Gritei. - Não quero matar você!
Ele continuava.
- Não consigo! - Gritei de novo.
Enquanto meu pai avançava sobre mim, a porta abriu e algo entrou. Escutei o barulho do tiro e depois vi meu pai sacudindo pela força do impacto e cair no chão, enquanto um mar de sangue se formava em redor da sua cabeça.
- Não! - Gritei.
Levantei, erguendo a katana e avançando sobre o que quer que tivesse entrado ali.
Percebi que era um homem e que ele abaixara quando minha katana voou em direção da sua cabeça. Ele ergueu a mão e me socou no rosto, me fazendo perder o equilíbrio, mas logo ataquei ele de novo.
Ele tentou me socar, mas eu dei um chute na perna dele e ele caiu junto comigo. Ergui a katana, pronta a matá-lo.
O homem ergueu a arma e mirou minha cabeça, me fazendo parar.
- Pára! - Ordenou.
Fiquei parada, olhando ele, chorando e respirando com dificuldade, tudo ao mesmo tempo.
- Salvei você, sua louca!
- Você matou o meu pai!
Ele olhou o corpo morto. - Aquilo não era o seu pai. Não era mais!
- Deveria matar você! - Falei.
Ele sorriu e abaixou a arma. - Então vem, mata, cansei desse mundo, mesmo.
Franzi o cenho com a súbita mudança dele. - O quê?
Ele me deu um novo sorriso enorme.
- Sou o Dário, e você?

Red Queen - A Rainha VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora