Red Queen - A Rainha Vermelha

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Narrador/Dário:

Arcadia - 2 semanas depois

Dário levantou da cama, foi no banheiro e depois vestiu roupas limpas. Se olhou no espelho, sentindo, mais uma vez, que não iria aguentar muito mais tempo. Mas ele sempre sentia isso desde que Lexie sumira, e ele sempre aguentava mais um dia.
Suspirou. Tinha de aguentar. Arcadia precisava dele, Lydia, que era a favorita de Lexie, precisava dele... Não havia tempo para aquele tipo de besteira. Mas... Ele sentia falta da sua amiga, e ainda lembrava a forma como ela o olhara da última vez, da forma como suas palavras o feriram... Da forma como o expulsou de Arcadia.
Ele acabou ficando com a liderança da comunidade até Lexie voltar, se ela voltasse, e Arcadia passou a ser uma das aliadas de Alexandria.
Dário saiu no quarto e foi até á enorme janela, abrindo e sentindo o ar fresco  da manhã.
Então, seu olhar viu algo do lado de fora dos muros.
Junto da árvore grande, estava Daryl, parado junto com Dog, e ele o olhava, como se esperasse á horas.
Dário negou com a cabeça e Daryl assentiu, chamando o achorro e saindo dali.
Dário fechou os olhos. Todos os dias Daryl aparecia e todos os dias Dário dizia que Lexie não regressara.

Narrador/Daryl:

Nessa noite, Daryl estava sentado no chão, de frente a uma fogueira, fazendo carinho em Dog e pensando.
- Está me escutando?
Ele olhou Carol, que passara por ali e ficara um pouco. Na verdade, ele não escutara nada, sua mente só conseguia pensar em Lexie.
- Desculpa.
- Daryl... Ela vai aparecer.
Daryl assentiu. - Procurei em todos os lugares, todos os dias, não achei nada. Até fico esperando trombar num zumbi carregando uma bolsa com uma katana. - Ele olhou ela. - Não parei de procurar e não vou parar. É impossível ela ter, simplesmente, sumido.
Carol sorriu e retirou os cabelos da frente dos olhos dele.
- Você vai achar, Daryl. Posso te ajudar.
Daryl soltou um som nasalado. - Ela mirou uma arma na sua cabeça, ela ia atirar.
Carol sorriu.
- Lexie se sentiu traída. Dário ficou do nosso lado, se fosse eu, faria a mesma coisa.
Daryl sorriu e depois assentiu, olhando as chamas.
- Rick não entende...
- Rick perdoou Arcadia, se Lexie regressar, vai ficar tudo bem. Você escutou o Negan, também. Acabou, Daryl, a guerra acabou.
Ele olhou ela. - Até pode ter razão, mas você não conhece a Lexie e... Ela está mil vezes pior do que era.
- Era tão dura assim?
Daryl sorriu. - Não, Lexie era... a melhor garota que eu já vi na minha vida, mas... foi criada por caipiras, de lá pra cá num caminhão. O pai dela ajudava eu e o babaca do Merle quando estava na cidade, e... Era esse o ambiente da Lexie. Ela sempre foi durona, mas... Algo aconteceu e ela... ficou desse jeito.
Carol assentiu, comprimindo os lábios, como se entendesse e depois deu de ombros.
- Eu era diferente, lembra? Depois percebi que não iria acontecer de novo, meu marido estava morto e eu estava livre e eu mudei. Esse fim de mundo muda as pessoas.
Daryl coçou as orelhas de Dog e assentiu.
Carol sorriu.
- Ainda não sei como esse cachorro se apegou tanto a você.
- Nem eu. - Disse Daryl. - Mas não vou deixar ele morrer.
Daryl lembrava do dia em que Lexie caira daquela falésia. Ele chorara que nem bebê quando ficou sozinho, chorou como nunca tinha chorado na sua vida. Lexie não podia ter morrido, não agora. Mesmo estando diferente, ainda era aquela Lexie que Daryl conhecia desde que nascera. Ainda era aquela garotinha de três anos que sumira dentro da floresta atrás das suas casas, e que Daryl fora o único que conseguiu achar e trazer de volta, mesmo só tendo doze anos.
Ele sempre se preocupara. Ele perdera sua mãe, Lexie nunca conhecera a sua.
Sentiu a mão de Carol na sua e olhou nos olhos dela.
- Você é o melhor caçador e o melhor rastreador que eu conheço, você vai achar ela. E... Eu sei que você gosta dela.
Daryl sorriu fraco.

Narrador/Rick:

- E se ela voltar? - Perguntou Michonne.
Rick respirou fundo e olhou Carl, que esperava ansiosamente pela resposta do pai.
- Falaremos com ela, se ela estiver disposta a escutar, diremos que Arcadia se uniu a Alexandria e que a guerra acabou. Mas... é a Lexie.
- Daryl não vai deixar você fazer mais nada com ela.
Rick assentiu. - Eu sei disso e naquele dia... Ele nunca mais foi o mesmo comigo. Eu não queria que ela morresse, só... Foi tudo muito rápido.
Carl balançou a cabeça. - Você queria matar ela sim. Mas sabe? Lexie não era tão ruim assim! Se fosse os homens dela a atacar um dos nossos, você teria feito a mesma coisa! Você teria ido direto em Arcadia e catado fogo neles, atirando nos sobreviventes.
- Carl, seu pai não é um monstro desses.
- Então porque quase matou o Dário? Porque matou a Lexie? Ele viu, ela nem encostou em mim, eu estava bem! Sempre estive!
Rick olhou o filho. - Ela levou você.
- E daí? Aquele homem enorme foi me buscar e me trouxe até você, não foi? Eu estava machucado, por acaso?
Rick franziu o cenho. - Porque você defende ela desse jeito?
- Lexie tinha razão. Poderia não ter feito as melhores escolhas, mas ela tinha razão. Foi Abraham e Sasha que começaram essa merda!
- Olha a língua, garoto. - Avisou Michonne.
Carl levantou e Rick ficou olhando ele.
- Isso está errado. - E saiu de casa.
Rick suspirou e Michonne colocou as mãos nos seus ombros.
- Ele me odeia.
- Em parte ele tem razão, Abe e Sasha mataram pessoal de Arcadia. - Michonne falou. - Além disso, eu acho que o Carl gostou de uma certa garota que vive lá.
Rick sorriu fraco e assentiu.
- Isso poderá ser um problema.

Narrador/Beta:

Duas semanas antes...

Beta saiu de Arcadia no meio da noite, não fazendo um único barulho.
Andou pela floresta durante toda a noite, pensando. Sua mente não aceitava que Lexie, simplesmente, morrera. Não era possível. Pessoas como ela não morriam.
Deixara Lydia para trás, fazendo o contrário do que Lexie pedira, mas ele sabia que Dário iria mantê-la a salvo. Ele sabia que a rainha adorava aquela garota.
Ao amanhacer, Beta chegou num ponto onde o rio fazia um pequeno lago, antes de seguir seu caminho, com a água batendo suavemente na beira, junto de uma fina camada de areia e pedras.
E foi exatamente aí, que ele viu um corpo caído, usando roupas negras e com cabelo também negro.
Correu até lá, tirando uma faca do cinto, já preparado para o facto de ser um zumbi. Só esperava que não, porque ele reconhecera a bolsa e a katana nas suas costas.
Havia sangue em redor do corpo e isso nunca era bom.
Devagar, Beta abaixou junto do corpo e virou lentamente.
O corpo gemeu de dor e, com dificuldade, uma faca encostou no seu pescoço, quando o braço dela se ergueu.
Ele sorriu. - Lexie.
A garota abriu os olhos, sorrindo fraco e abaixou o braço.
- Beta...
Lexie perdeu os sentidos, ficando desacordada.
Beta guardou a faca dela e examinou o ferimento. Rasgou um pedaço da sua camiseta e fez um curativo rápido.
Olhou em volta, tentando perceber se tinha alguém ali. Ele sabia que o caipira deveria estar procurando ela. Depois pegou no corpo dela, segurando nos seus braços por dois minutos, e andou na direção da floresta, sumindo no meio das árvores e indo na direção da cidade.