Red Queen - A Rainha Vermelha

14

Lexie:

- Lexie, será que...
- Me deixa!
Eu gritei. Não deveria ter gritado, mas estava nervosa com tudo o que estava acontecendo: alguém estava do lado de fora dos muros, e não sabiamos se era bom ou mau; uma guerra parecia estar no horizonte, se aproximando rápido de mais; e Dário fora sozinho, sozinho, enfrentar ou achar o que quer que fosse! Eu estava uma pilha de nervos.
- Andando desse jeito, é capaz de você abrir um buraco no chão.
Olhei para o lado e vi Daryl, encostado na porta fechada.
Suspirei.
- Não aguento ficar aqui sem fazer nada enquanto o Dário se arrisca lá fora.
Daryl assentiu. - Ele vai voltar.
Franzi o cenho ligeiramente.
- Desde quando você defende ele?
Ele deu de ombros. - Não defendo.
Me aproximei, me sentindo tremer por dentro por estar tão próxima do caipira de novo. Seu olhar prendeu o meu, esperando, e eu quase morri ali.
Eu podia lutar, matar todo mundo, mas aquele homem era meu ponto fraco. Dário também era importante, mas Daryl Dixon... Eu morreria por ele.
- Porque você se importa? - Perguntei, escondendo meus sentimentos.
- Ótima pergunta. Eu deveria te odiar, você foi embora.
Assenti. - Era necessário.
Ele franziu o cenho. - Necessário para quem?
- Daryl, meu pai estava na fase inicial de uma doença que... - Balancei a cabeça. - Sozinho ele não dava conta.
- O quê? Porque você não disse nada?
Dei de ombros. - Você gritou comigo, como que eu iria explicar o que quer que fosse?
Ele assentiu, mordendo o lábio, nervoso e se mexeu, como eu vira ele fazer vezes sem conta.
Suspirei e passei a mão pelo cabelo.
- Tá, tudo bem, eu posso não ser propriamente a mesma Lexie de antes, mas... ainda sou eu. Isso aqui - Indiquei o espaço que nos rodeava. - É só a minha casa e eu não posso perder isso.
- Você prendeu um garoto.
Assenti. - Eu sei, mas eu não machuquei ele, você viu.
- Mesmo assim, Carl é um garoto.
- É o filho do Rick, o homem que quer me matar.
- Pfff. O Rick escuta as pessoas, se a gente falar com ele...
- Não, não vou falar nada. Eu estava quieta no meu canto, seus amigos que atacaram os meus.
Daryl ficou me olhando, muito quieto. Ele sabia que eu estava certa.
Então, de repente, escuto bater na porta e um dos meus homens entra, nervoso e assustado. Um dos homens que eu mandara para seguir Dário.
Aquilo não era bom.
Seus olhos passaram de mim para o Daryl e depois para mim novamente. Dei um passo em frente.
- Fala! - Pedi.
- Lexie, o Dário descobriu que seguiamos ele e ordenou que a gente regressasse a Arcadia, sob pena de ele falar com a Rainha para nos expulsar daqui.
Assenti, sentindo um arrepio percorrer meu corpo.
- Não irá acontecer. - Falei. - Continua, tem mais por aí, certo?
Ele assentiu. - Rainha, Dário está na floresta, lutando sozinho contra um homem.
Eu sabia a resposta e já sentia meu mundo na beira do abismo, mas mesmo assim, eu tinha de perguntar.
- Que homem?
Ele olhou Daryl e depois de novo para mim.
- O líder de Alexandria.

Andei pelo corredor, decidida a ir buscar Dário e acabar de vez com Rick Grimes, mas senti uma mão no meu braço, me fazendo parar e encarar ele.
Daryl me olhava.
- Deixa eu ir junto, posso ajudar. Conheço bem o Rick.
Estreitei os olhos. - Para quê? Para ajudar a matar o Dário? Não sou besta, Daryl.
- Não! Podemos fazer o Rick escutar. Ninguém tem de morrer!
Fiquei olhando aquele olho azul. Eu não podia mostrar que minha mente estava aos gritos, desesperada, eu tinha de parecer forte.
Sacudi a mão dele e entrei numa das salas, mais precisamente no armamento.
- Lexie! - Resmungou Daryl.
Peguei uma das armas e voltei no corredor, encostando ela no peito de Daryl, para que ele pegasse, o deixando confuso.
O caipira pegou na besta dele e me olhou.
- Suas facas estão ali. - Indiquei a sala atrás de mim. - Se tentar alguma coisa contra o Dário, eu mesma mato você. Nesse momento, ou está comigo ou contra mim. Escolha.
Elr assentiu e passou por mim.
Assim que Daryl pegou suas coisas, saímos do edifício, percorrendo o espaço até o portão. Olhei em volta.
- Dog! - Chamei.
O cachorro apareceu correndo, de língua de fora, e parou do meu lado enquanto homens abriam o portão.
Fiz festas nele e depois segurei sua cabeça.
- Encontra o Dário, Dog. Vai, onde está o Dário?
Assim que larguei ele, Dog correu para fora dos muros, indo até junto da floresta e olhando para trás, esperando.
Ergui o queixo e saí da comunidade, com Daryl junto de mim como uma sombra.

Dog achou Dário e eu conseguia escutá-los antes mesmo de vê-los. Ordenei ao cachorro para não sair de perto de mim e nos aproximamos.
Dário, ensanguentado, lutava com Rick, as armas de fogo jogadas no chão e os dois socando o rosto um do outro.
Rick não estava melhor. Eu não sabia a sua força, mas Dário era bem forte e isso era visível nos estragos que ele já fizera no rosto do líder de Alexandria.
Estava me preparando para atacar Rick, já tinha até erguido o braço para pegar a katana, quando tudo mudou.
Dário perdeu o equilíbrio por breves segundos, por causa de um soco de Rick e este, aproveitando a distração do meu amigo, pegou uma das facas que caíram no chão e avançou sobre Dário.
- Rick, não faz isso! - Gritou Daryl do meu lado.
Eles olharam a gente, percebendo que estávamos ali, mas Rick não parou e atacou meu amigo.
Dário se defendeu mas Rick foi mais rápido, igual cascavel.
Daryl segurou meu braço quando eu dei um passo em frente. Olhei ele.
- Você fica aqui. Pode acabar ferida.
- Me solta, Daryl!
Olhei os homens lá na frente e foi quando vi Rick Grimes puxar o braço para trás, segurando Dário com o outro, e depois espetar a barriga dele, empurrando a faca até o cabo.
- Não! - Gritei.
Dário, com um fio de sangue escorrendo pela sua boca, olhava Rick enquanto suas forças abandonavam ele.
Empurrei Daryl para que ele me soltasse, com a raiva queimando dentro de mim e o desespero tomando conta do meu corpo, mas ele se manteve firme e não me soltou uma única vez.
Senti meus olhos marejados de lágrimas enquanto via o corpo imóvel de Dário no chão.
E então Rick fez algo que eu nunca imaginaria que faria: pegou o corpo morto de Dário e colocou ele em cima do cavalo, antes de sorrir para mim e se afastar da floresta.
Sacudi as mãos de Daryl, gritando para que ele me soltasse, mas ele apenas me virou de frente para ele, me olhando de forma bruta.
- Pára! Se você seguir ele é bem capaz de ter um grupo pronto para matar você! Deixa! Damos um jeito!
- É o Dário!
- Mas ele me fez prometer que não deixava você morrer e eu pretendo cumprir! - Daryl gritou também.
Fiquei olhando ele, sem saber o que fazer ou o que pensar.
Dário estava morto! Rick matara meu melhor amigo! Me melhor guerreiro!
Eu perdera todo mundo nessa merda de apocalipse.
Senti as minhas pernas perderem as forças e as mãos fortes de Daryl não me deixaram cair.
Foi então que de dentro de mim, saiu o mais tenebroso dos gritos. Um grito capaz de acordar os mortos, se eles já não estivessem andando sobre a Terra.
Daryl me deixou abaixar no chão, enquanto eu chorava e desesperava. Ficou sempre do meu lado, não me deixando fazer nenhuma estupidez.
Depois de um tempo, ergui o olhar, sem nada ver, e levantei, sentindo Daryl do meu lado.
- Lexie?
Comecei andando na direção de Arcadia. Tinha um plano se formando na minha mente.
Rick Grimes não sabia com quem tinha mexido.